O bilionário Rubens Menin reunido com Bolsonaro em 2019. Menin é um dos homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna estimada em mais de 7 bilhões de reais. Ele é o dono da CNN Brasil e da MRV Engenharia — empresa que acumula autuações por trabalho análogo à escravidão.
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Menin comanda um dos maiores conglomerados do país, dominando parte substancial do setor da construção civil. Além da MRV, o bilionário possui incorporadoras e companhias de loteamento, locação e gestão imobiliária ativas no Brasil e EUA (Urba, Sensia, Luggo, Resia, etc.)
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Menin também é dono do banco digital Inter, da Log Commercial Properties, da Vinícola Menin Douro e da holding Conedi Participações. Nos últimos anos, o empresário tem diversificado seus negócios, mirando no ramo esportivo e no setor de mídia.
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Menin é o hoje o principal investidor do Clube Atlético Mineiro.
Em 2019, o bilionário obteve o licenciamento da filial brasileira da CNN. Dois anos depois, comprou a Rádio Itatiaia, emissora líder de audiência no Brasil.
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O tratamento laudatório acompanhou a evolução do patrimônio do empresário, motivando elegias do empreendedorismo de palco — ávido por reforçar a mitologia meritocrática do "self-made man". Menin, entretanto, teve bastante ajuda para construir seu império — pública e privada
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Menin descende de uma família tradicionalmente ligada à construção civil. O avô era proprietário de uma fábrica de turbinas hidráulicas e atuou na construção de hidrelétricas. O pai ajudou a impulsionar sua trajetória empresarial, investindo em moradias de baixo custo.
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Em 1979, apenas um ano após se graduar em engenharia, Menin já era dono da sua própria construtora — a MRV Engenharia. Tendo como nicho a construção de habitações populares, a MRV se consolidou como uma empreiteira de expressão regional.
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Mas o crescimento exponencial da empresa — e do patrimônio de Menin — ocorreu somente a partir do governo Lula. Idealizado em 2008, o programa "Minha Casa, Minha Vida" (MCMV) disponibilizou subsídio parcial ou integral para que famílias de baixa renda adquirissem imóveis.
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O MCMV possibilitou que 15 milhões de pessoas conquistassem a casa própria, tornando-se o maior programa habitacional da história do Brasil. Especializada no segmento de moradias populares, a MRV se beneficiou enormemente dessa conjuntura.
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Entre 2008 e 2017, quase 80% dos lançamentos da empreiteira eram relacionados ao programa "Minha Casa, Minha Vida". Graças ao programa, a MRV saltou do 12º para o 1º lugar no ranking das maiores empreiteiras do país em um período de apenas quatro anos.
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A empresa segue até hoje como a maior construtora da América Latina. Tão meteórico quanto seu crescimento, entretanto, foi o aumento das denúncias de violações trabalhistas no período. Somente entre 2009 e 2011, a MRV foi alvo de mais de 2.200 processos trabalhistas.
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Nos últimos 12 anos, a MRV recebeu 7 autuações por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em fevereiro de 2011, 63 trabalhadores escravizados foram resgatados em um condomínio residencial erguido pela MRV em Americana, no interior paulista.
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Ainda em 2013, outros trabalhadores foram resgatados de canteiros da MRV em Goiânia, Bauru e Curitiba. Os flagrantes fizeram com que a empresa fosse incluída na "lista suja" do trabalho escravo, acarretando a suspensão de novos financiamentos pela Caixa Econômica.
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Em 2013, a MRV foi condenada em primeira instância por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. Visando regularizar sua situação, a empresa firmou acordo com o Ministério Público, pagando multa de R$ 6,7 milhões e verba rescisória às vítimas.
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No mesmo ano, entretanto, a MRV voltou a ser flagrada usando trabalho escravo, dessa vez em uma obra em Contagem (MG). No ano seguinte, mais trabalhadores da MRV foram resgatados em situação análoga à escravidão em um canteiro em Macaé (RJ).
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A autuação mais recente é de 2021, quando 16 trabalhadores aliciados no Maranhão foram resgatados em empreendimentos da MRV em São Leopoldo e Porto Alegre, no RS.
Ao todo, 230 trabalhadores em condições análogas a de escravos já foram resgatados nos canteiros da MRV.
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Mas ao invés de adequar sua empresa à legislação, Menin decidiu que era melhor tentar impedir a divulgação da "lista suja" do trabalho escravo. À frente da ABRAINC (associação de incorporadoras), Menin entrou com uma ação no STF pedindo a suspensão da divulgação da lista.
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O pedido foi aceito pelo STF, que proibiu o governo Dilma de divulgar a lista. Por solicitação ulterior do Ministério Público, a lista voltaria a ser publicada em 2017, já no governo Temer, mas sem o nome da MRV e sem o poder de proibir financiamento, tornando-se inócua.
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Em 2020, já no governo Bolsonaro, o STF julgou uma 2ª ação movida pela ABRAINC, decidindo dessa vez em favor da constitucionalidade da lista. Graças a um acordo com o governo federal, entretanto, a MRV conseguiu se manter fora da relação, garantindo o acesso ao crédito.
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A condescendência do governo e o alinhamento à agenda liberal provavelmente motivaram a defesa enfática da gestão Bolsonaro feita por Menin. Em uma entrevista ao Correio Braziliense, o bilionário defendeu que os filhos de Bolsonaro tinham "um comportamento 100% ético".
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Menin também afirmou que a gestão de Paulo Guedes na economia era "o sonho de consumo de qualquer brasileiro". Por fim, elogiou a nomeação de militares para cargos no governo. Em 2021, em meio à pandemia de covid-19, o empresário encampou a defesa do "tratamento precoce".
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A despeito de seu alegado comprometimento com o combate à escravidão — pauta do chamado "Freedom Project" —, a rede de televisão estadunidense CNN concedeu ao dono da MRV o licenciamento de sua filial no Brasil.
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A simpatia por Bolsonaro transparece nas escolhas de Menin a direção do canal. A presidência da CNN Brasil foi entregue a Douglas Tavolaro, da Rede Record — autor de uma laudatória biografia de Edir Macedo e produtor do filme "Nada a Perder", ode ao bispo da Universal.
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Tavolaro foi responsável por articular a aproximação entre Record e Bolsonaro, que posteriormente evoluiria para o jornalismo "chapa-branca" mantido por anos pela emissora. Tavolaro deixou a CNN Brasil em março de 2021, a fim de se dedicar a "projetos editoriais nos EUA".
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O alinhamento da CNN Brasil com o bolsonarismo, entretanto, segue intacto. O canal vem garantindo crescente espaço a ideólogos bolsonaristas e se mantém dedicado a promover a naturalização do extremismo de direita sob o verniz farsesco de "debates de ideias".
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Em abril de 2023, por exemplo, Janaína Paschoal, comentarista do "CNN Arena", utilizou seu espaço na emissora para relativizar as denúncias de trabalho escravo, classificando-as como "exageradas" e frutos de oportunismo político da esquerda. A MRV certamente agradece.
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