Bolsonaro difamou o Inpe ao dizer que o instituto frauda dados de desmatamento. Não causou escândalo suficiente, talvez porque tenha sido apenas mais uma das imundícies da torrente de abjeções boçais de ontem, sexta. O diretor do Inpe reagiu de forma digna, vide sequência.
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1/O diretor do Inpe: “Espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos” (vide mais, abaixo).
2/É muito grave. Bolsonaro volta e meia ataca os dados do IBGE e os do Inpe. Quando o governo começar a falsificar ou a censurar estatísticas, será muito tarde para reagir. Já terá ocorrido um desastre institucional, com efeitos políticos, econômicos e jurídicos destrutivos.
3/Bolsonaro:
“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos”... “No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG, que é muito comum.”
4/A resposta de Ricardo Galvão, diretor do Inpe, foi publicada hoje em entrevista a Giovana Girardi, do “Estado” (vide link mais abaixo). Convém lembrar que Galvão graduou-se em engenharia, doutorou-se em física pelo MIT, onde faz pesquisas, e é professor-titular da USP.
5/Galvão:
“A primeira coisa que eu posso dizer é que o sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim....
6/Ainda Galvão: "...Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País. Ele disse estar convicto de que os dados do Inpe são mentirosos"...
7/Galvão:
“Ele tomou atitude pusilânime, covarde, de fazer uma declaração em público talvez esperando que peça demissão, mas não vou fazer isso. Espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos.
8/Galvão: "... Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa desse tipo. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que ele está fazendo”.
10/Como se recorda, Bolsonaro ontem também mentiu sobre a vida e as torturas de Miriam Leitão, insultou os nordestinos, disse disparates sobre a fome, torpezas mais ignaras e desumanas do que de costume, ameaçou censurar o cinema etc etc.
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Bozo prometeu, “se Deus quiser”, que o preço do botijão vai cair pela metade. Culpou de novo o imposto dos estados. Mas o ICMS tem peso de uns 13% no preço final. A Petrobras fica com 50% do valor de venda (já ficou com bem menos) + no fio e na coluna www1.folha.uol.com.br/colunas/vinici…
1/Para cortar o preço do botijão pela metade, seria preciso acabar com o ICMS e obrigar empresas distribuidoras e de revenda a trabalharem de graça. É impossível, fácil perceber +
2/Mas discutir com Bolsonaro é maluco, pois ele é um mentiroso dos mais perversos e ignorantes. Joga essa conversa para o rebanho. Mas como isso, depois de tanto sofrimento social e três anos de mentiras e inação destrutiva, ainda cola? +
Hoje, China caiu matando sobre criptomoedas, mais uma, vez. Transações em cripto são "ilegais", disse o BC chinês. A grande reforma de Xi continua.
Mas não se sabe o que vão fazer da Evergrande. Nada. Mas mundo rico vive calmaria doida www1.folha.uol.com.br/colunas/vinici…
2/A crise da "Sempre Grande" não tem conexão imediata com o centro da finança do mundo rico (um calote afetaria uma ninharia de dinheiro "Ocidental", diretamente) +
Xi Jinping quer limitar o poder financeiro e político das grandes empresas, o capitalismo de compadre, o superendividamento, dirigir investimentos, reduzir pobreza e desigualdade: é o xiismo. Essas intervenções foram a gota d'água no caso Evergrande
+ www1.folha.uol.com.br/colunas/vinici…
1/O xiismo é um passo na direção do socialismo :-) .São coisas ditas explicitamente em documentos chineses (que não falam em "xiismo", claro, mas em "pensamento do presidente Xi"
2/Xi entrou chutando corruptos e compadres de grandes empresas na elite comunista. Neste ano em particular, está dobrando as Big Techs, que têm ramificações por finança, dados, AI, redes, mídia etc etc.
Lula quer voltar a ser aceito no clube, faz costuras para evitar coalizão pesada contra ele na eleição e vai tentar escamotear até quando puder o que pretende fazer na econonia, se é que sabe.
Mais no fio e na coluna + www1.folha.uol.com.br/colunas/vinici…
1/"O caminho que vai até a eleição é comprido, mais cheio de entulho do que de costume e sujeito a terremoto. Lula come esse angu de caroço pela borda. Procura aliados por quase toda parte ou, pelo menos, tenta conter o risco de que se forme uma coalizão que venha a triturá-lo"+
2/Lula, enfim, quer ser outra vez normalizado, fazer parte do clube.
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Hoje, seu adversário é um Bolsonaro fraco. Amanhã, sabe-se lá. Até a transviada terceira via pode vir a ser viável.+
Voltei a escrever “despiora” da economia na Folha. Então, bolsonaristas me prestam as homenagens de costume. Uso #despiora desde 2009. Serve para chamar a atenção para um crescimento a partir de uma base baixa. Ainda que cresça uns 5% em 2021, a economia volta ao nível de 2019.
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1/O que é “crescimento a partir de uma base baixa” a #despiora? Por exemplo: alguém está a uma certa altura da escada, cai quatro degraus e, a seguir, sobe um. Não voltou ao nível anterior ao tombo. É um progresso relativo, mas recuperação de terreno perdido.
2/“Despiora” foi um recurso criado para falar da economia sob Bolsonaro? Não. Para repetir: vez e outra emprego o termo desde 2009 (pega também, pois, os governos Lula, Dilma, Temer e economias do mundo em geral), nas mesmas situações: recuperação insuficiente do terreno pertido.