Entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX, o principal modal de conexão entre Belém e o interior próximo foi uma conexão ferroviária, a Estrada de Ferro Belém-Bragança (EFB), concebida em um esforço de garantir o abastecimento da cidade #Belém#metropoles
A EFB não era apenas uma linha de conexão, mas um vetor de desenvolvimento da vida urbana na Amazônia. Parte considerável das cidades que hoje formam a Região Metropolitana de Belém surgem ou crescem em virtude da existência da Ferrovia.
Além disso, era um importante elo entre a cidade e as colônias agrícolas e demais gêneros alimentícios. Em uma época de grande circulação de capital e importação de produtos (o boom da Borracha), foi fundamental contar com o aporte de mercadorias do interior.
Cidades como Ananindeua (primeira parada após Belém), Marituba (Vila Operária para reparos do trem), Benevides e Santa Izabel (colônias agrícolas) e Castanhal (terminal de cargas e passageiros) surgem ou crescem em virtude da EFB.
Hoje, todas fazem parte da extensa malha urbana da Região Metropolitana de Belém. Embora não seja produto direto daquela época, posto que é a rodovia que assume o papel de conexão, não se pode desconsiderar a importância da EFB na gênese da urbanização regional.
Dentre as várias interpretações cartográficas sobre o resultado do primeiro turno das eleições, um que chamou minha atenção foi a repetição no Amazonas do descolamento entre a capital, Manaus, e o restante do Estado
Repetição porque foi praticamente a manutenção do padrão ocorrido em 2018
Há, claro, a associação entre a análise mais visível sobre as preferências eleitorais recentes na Amazônia. Com as áreas do agrobolsonarismo bem definidas no Oeste do Maranhão, Sul do Pará, Roraima, Mato Grosso, Rondônia e Acre, no rastro do "arco do fogo e do desmatamento"
Poucos lugares sintetizam a natureza do modelo de desenvolvimento regional para a Amazônia quanto Barcarena, município nas imediações da capital, Belém. A história dessa síntese foi iniciada nos anos 1970 com a viabilização de um polo industrial de produção mineral
O projeto contou com participação do capital japonês, no contexto da reestruturação industrial derivada dos choques de energia. Do empreendimento, surgiram duas empresas, uma produtora de alumina, outra de alumínio primário negociados como investimentos independentes:
(+) a Alumina do Brasil S.A. (Alunorte) e a Alumínio do Brasil S.A. (Albras), ambas resultantes de associações entre a estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Nippon Amazon Aluminiun Corporation (NAAC), consórcio que envolvia empresas privadas e o Estado japonês
Em 2013 (sempre este ano), o número 12 do Caderno de Estudos Estratégicos, periódico da Escola Superior de Guerra, homenageou com um conjunto de artigos os 100 anos de nascimento do general Carlos de Meira Mattos, em uma série de textos sobre a vida e o pensamento do militar
Meira Mattos foi um dos mais conhecidos ideólogos da "Geopolítica brasileira". Seu livro, "Uma geopolítica pan-amazônica" teorizou sobre os conceitos básicos das estratégias de integração nacional, tais como o binômio Segurança e Desenvolvimento
Além de advogar uma aliança preferencial com os EUA no plano externo e, no plano interno, conceber a Amazônia como condição ao projeto de Brasil-potência, a partir da realização das grandes obras de infraestrutura viária e energética
Aproveitar o fim do encalhe do supercargueiro no canal de Suez e contar uma história sobre política, comunicação e memes que todos estamos acompanhando em Belém do Pará relacionada a gestão municipal que assumiu em janeiro
Um dos problemas em Belém são os constantes alagamentos, decorrente, dentre outras questões, da quantidade de lixo despejado nos canais, ausência de gestão ambiental condizente com o sítio urbano e ocupação das bacias hidrográficas. Quem quiser saber mais:
Pois bem, há alguns meses o trabalho da Secretária de Saneamento, @gasparimivanise vem chamando atenção, primeiro eram fotos e comentários em redes sociais, depois o negócio ganhou corpo e reverberou na mídia tradicional e no cotidiano da cidade
A insistência na (falsa) equivalência simétrica entre petismo e bolsonarismo e, de tempos para cá, no risco Lula para 2022, talvez tenha uma base política e material que cabe ser observada
Em 2002 quando o PT foi vitorioso, havia duas décadas de distância, pelo menos, do fim da ditadura. Os quadros que chegaram ao governo passaram pelo parlamento, governos municipais e estaduais, conviveram com adversários e algozes e foram parte constituinte dos pactos de 88
Havia um ambiente de conciliação que foi forjado ao longo de duas décadas de convivência entre a esquerda e essas elites em ambiente democrático moderado. No início do governo Lula houve depuração dos quadros considerados "radicais" que, inclusive deram origem ao PSOL
É comum ouvir que os problemas urbanos em Belém e Região Metropolitana são derivados diretamente de uma suposta "falta de planejamento" na cidade. Mas o que a maior parte dos estudos recentes em geografia urbana e urbanismo contam é uma história diferente...
Belém até 1960 era uma cidade limitada as proximidades da área original de fundação, na chamada "Primeira Légua Patrimonial". A expansão em direção a "Segunda Légua" e aos municípios próximos se deu a partir desta época, quando o "Cinturão Institucional" foi rompido
Até então, Belém tinha seu crescimento confinado por uma política de distribuição de terras para instituições públicas e privadas. O cinturão institucional, no qual se localizam as universidades, aeroporto, forças armadas etc. O uso institucional bloqueia a ocupação habitacional