Dentre as tendências recentes na metropolização em Belém está a disseminação de um tipo particular de produção imobiliária com a difusão de um modo de vida urbano a ela associado: o produto condominial. Segue o Fio: #Belém#metropoles
Esta é uma tendência relativamente recente, pois a expansão imobiliária das décadas 70/80 foi caracterizada pela produção vertical para as classes médias altas e as elites, os conjuntos habitacionais para as classes médias e os assentamentos precários para as classes populares.
Ainda que experiências de condomínios de classes médias e altas fossem estimuladas desde os anos 1980 (caso "Greenville"), não foram bem sucedidas. Seja pela preferência pelo Centro ou pela baixa oferta de serviços e infraestrutura na área de expansão da Av. Augusto Montenegro
Na década de 1990 isso muda, mesmo em período de relativa estagnação ou baixo crescimento da construção civil, há um deslocamento da preferência. Os condomínios passam a ser associados não apenas a um tipo específico de produto, mas a uma "nova forma de morar".
Nos anos 2000 essa tendência se radicaliza. Dentre os fatores explicativos estão o aumento das densidades construídas, especialmente no padrão condominial vertical e a incorporação de sofisticados equipamentos de lazer, destacados no marketing comercial.
Mas há um outro fator, ligado ao simbólico, posto que essa preferência não é resultante apenas de aprimoramentos tecnológicos. Estratégias imobiliárias com amplo uso do novo modo de morar como símbolo de status adquirido. Daí o espraiamento desse produto para classes médias.
Um indicativo são as denominações dadas pelas promotoras ao produto imobiliário, uma sutil estratégia de venda: "Chácaras", "Torres", "Fazenda Real". Ou o destaque dado as proximidades de amenidades naturais como o Rio ou a Floresta. Uma nova forma de morar na metrópole expansão.
Dentre as várias interpretações cartográficas sobre o resultado do primeiro turno das eleições, um que chamou minha atenção foi a repetição no Amazonas do descolamento entre a capital, Manaus, e o restante do Estado
Repetição porque foi praticamente a manutenção do padrão ocorrido em 2018
Há, claro, a associação entre a análise mais visível sobre as preferências eleitorais recentes na Amazônia. Com as áreas do agrobolsonarismo bem definidas no Oeste do Maranhão, Sul do Pará, Roraima, Mato Grosso, Rondônia e Acre, no rastro do "arco do fogo e do desmatamento"
Poucos lugares sintetizam a natureza do modelo de desenvolvimento regional para a Amazônia quanto Barcarena, município nas imediações da capital, Belém. A história dessa síntese foi iniciada nos anos 1970 com a viabilização de um polo industrial de produção mineral
O projeto contou com participação do capital japonês, no contexto da reestruturação industrial derivada dos choques de energia. Do empreendimento, surgiram duas empresas, uma produtora de alumina, outra de alumínio primário negociados como investimentos independentes:
(+) a Alumina do Brasil S.A. (Alunorte) e a Alumínio do Brasil S.A. (Albras), ambas resultantes de associações entre a estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Nippon Amazon Aluminiun Corporation (NAAC), consórcio que envolvia empresas privadas e o Estado japonês
Em 2013 (sempre este ano), o número 12 do Caderno de Estudos Estratégicos, periódico da Escola Superior de Guerra, homenageou com um conjunto de artigos os 100 anos de nascimento do general Carlos de Meira Mattos, em uma série de textos sobre a vida e o pensamento do militar
Meira Mattos foi um dos mais conhecidos ideólogos da "Geopolítica brasileira". Seu livro, "Uma geopolítica pan-amazônica" teorizou sobre os conceitos básicos das estratégias de integração nacional, tais como o binômio Segurança e Desenvolvimento
Além de advogar uma aliança preferencial com os EUA no plano externo e, no plano interno, conceber a Amazônia como condição ao projeto de Brasil-potência, a partir da realização das grandes obras de infraestrutura viária e energética
Aproveitar o fim do encalhe do supercargueiro no canal de Suez e contar uma história sobre política, comunicação e memes que todos estamos acompanhando em Belém do Pará relacionada a gestão municipal que assumiu em janeiro
Um dos problemas em Belém são os constantes alagamentos, decorrente, dentre outras questões, da quantidade de lixo despejado nos canais, ausência de gestão ambiental condizente com o sítio urbano e ocupação das bacias hidrográficas. Quem quiser saber mais:
Pois bem, há alguns meses o trabalho da Secretária de Saneamento, @gasparimivanise vem chamando atenção, primeiro eram fotos e comentários em redes sociais, depois o negócio ganhou corpo e reverberou na mídia tradicional e no cotidiano da cidade
A insistência na (falsa) equivalência simétrica entre petismo e bolsonarismo e, de tempos para cá, no risco Lula para 2022, talvez tenha uma base política e material que cabe ser observada
Em 2002 quando o PT foi vitorioso, havia duas décadas de distância, pelo menos, do fim da ditadura. Os quadros que chegaram ao governo passaram pelo parlamento, governos municipais e estaduais, conviveram com adversários e algozes e foram parte constituinte dos pactos de 88
Havia um ambiente de conciliação que foi forjado ao longo de duas décadas de convivência entre a esquerda e essas elites em ambiente democrático moderado. No início do governo Lula houve depuração dos quadros considerados "radicais" que, inclusive deram origem ao PSOL
É comum ouvir que os problemas urbanos em Belém e Região Metropolitana são derivados diretamente de uma suposta "falta de planejamento" na cidade. Mas o que a maior parte dos estudos recentes em geografia urbana e urbanismo contam é uma história diferente...
Belém até 1960 era uma cidade limitada as proximidades da área original de fundação, na chamada "Primeira Légua Patrimonial". A expansão em direção a "Segunda Légua" e aos municípios próximos se deu a partir desta época, quando o "Cinturão Institucional" foi rompido
Até então, Belém tinha seu crescimento confinado por uma política de distribuição de terras para instituições públicas e privadas. O cinturão institucional, no qual se localizam as universidades, aeroporto, forças armadas etc. O uso institucional bloqueia a ocupação habitacional