Thread by @rrandres

Parece estar em curso uma mudança na base social do bolsonarismo.

Antes da Covid-19, o presidente tinha maior aprovação entre os de maior renda.

Agora, quanto menor a renda, maior a aprovação do modo como Bolsonaro lida com a pandemia.

Esta inversão já ocorreu com Lula 👇

Nas eleições de 1989, 1994, 1998 e 2002, Lula e o PT tinham mais votos conforme se subia na pirâmide econômica.

A partir de 2006, Lula ganhou a adesão dos mais pobres. Para André Singer, dois fenômenos contribuíram com esta mudança:

o Bolsa Família e o Mensalão. 👇

Com o BF e outras políticas sociais, o Lulismo ganhava a adesão dos mais pobres.

Com o escândalo do mensalão, perdia a adesão dos estratos mais ricos e da classe média, onde até 2002 o PT tinha mais apoiadores.

O Lulismo se fortalece com essa inversão.

Bolsonaro parece buscar algo do tipo. Sua reação obscurantista à pandemia o fez perder apoio dos mais ricos e mais escolarizados.

Pululam histórias de médicos que apoiaram Bolsonaro e agora desembarcam. O mesmo ocorre com outras categorias da elite. 👇

A guinada recente no discurso do presidente busca ganhar os estratos mais pobres.

É o que conta Thaís Oyama, mostrando que os discursos recentes foram produzidos pelos militares mirando a população de renda mais baixa e do Nordeste. 👇

noticias.uol.com.br/colunas/thais-…

Colocando-se contra o isolamento social, Bolsonaro modula seu discurso para o povo mais pobre, que precisa de ir trabalhar para sustentar a família.

Se apropriou da Renda Emergencial aprovada pelo Congresso e quer ser o "pai da Cloroquina", suposta panaceia para a doença. 👇

Assim, quando a depressão econômica vier e, ainda assim, dezenas de milhares morrerem, Bolsonaro quer se colocar como aquele que foi contrariado e que queria preservar a renda do povo mais pobre.

Se vai funcionar ou não, o tempo dirá. Mas este é o movimento em curso.