Thread by @apyus

Talvez vocês lembrem de quando, em 2015, Dias Toffoli pediu para mudar da primeira para a segunda turma do STF. O objetivo era completar o time que analisaria a Lava Jato. A manobra foi referendada por dois presidentes: Dilma e Lewandowski.
g1.globo.com/politica/opera…

Com isso, a Lava Jato, que costumava formar maioria por 3 a 1 (Teori, Celso e Cármen contra Gilmar) passou a encarar placares de 3 a 2.

Mas todo mundo sabia que Cármen Lúcia seria a próxima presidente do STF, com Ricardo Lewandowski descendo para a segunda turma. Com esta configuração, por dois anos, o trio Gilmar, Toffoli e Lewandowski deu uma canseira na Lava Jato na segunda turma.

Edson Fachin, que substituiu Teori, para evitar derrotas importantes, precisou levar a Lava Jato a plenário várias vezes. Nessa época, a operação conseguia vencer apertado por 6 a 5 no plenário.

Mas Cármen Lúcia voltou para a segunda turma, com Toffoli assumindo a presidência do STF. Desde então, a situação se inverteu: a Lava Jato até forma maioria na segunda turma, mas se habituou a perder no plenário, pois Alexandre de Moraes não é garantia de voto na operação.

No segundo semestre, Luiz Fux, em quem Sergio Moro trust, presidirá o STF. Com isso, Toffoli voltará à primeira turma, e não à segunda. Só há uma forma de Gilmar e Lewandowski voltarem a formar maioria na segunda turma: emplacando o indicado que substituirá Celso de Mello.

Toffoli e Gilmar conseguem hoje fazer essa pressão manipulando a investigação que atinge Flávio Bolsonaro. Um suspende daqui, outro suspende de lá... Desde que fizeram um “pacto pela República”, Bolsonaro parou de prometer a vaga a Moro, e a promete a André Mendonça.

Mendonça trabalha com Toffoli desde 2008 e até livro em homenagem ao presidente do STF já assinou.

Outro interessado na vaga é Augusto Aras. Por isso nada move contra Bolsonaro. Pode ser um plano B, mas tanto empenho em defender o presidente já soa plano A.

Esse grupo não teria essa margem de manobra com Hamilton Mourão na Presidência. Mourão não empregou milicianos no próprio gabinete. Nem era vizinho do miliciano que matou Marielle Franco. E as Forças Armadas são mais bem avaliadas que o STF. E mais armadas.

Ano passado, houve uma breve movimentação pelo impeachment de Bolsonaro. Quem se gaba de ter impedido aquilo? Dias Toffoli. Em algumas matérias, ele surge desautorizando até o PT a tocar uma agenda assim.

Noutras, quem surge é Lula.

Agora, em 2020, Lula até esboçou um apoio ao impeachment de Bolsonaro, mas logo o PT tucanamente recuou da agenda. Toffoli nem embarcou. Em alguns dos absurdos de Bolsonaro, preferiu até mesmo se calar (diferente de Maia e Alcolumbre, que optaram por soltar notas pacificadoras).

Muitos alegam que o lavajatismo foi o que levou Bolsonaro à Presidência. E foi.

Mas, hoje, quem segura Bolsonaro na Presidência é o antilavajatismo. E, aparentemente, nem centenas de mortes diárias em uma pandemia conseguem mudar a mente da turma que só pensa na segunda turma.