My Authors
Read all threads
Usamos o vocabulário que temos e que nos rodeia. Vemos pessoas "normais" de todo o espectro ideológico e "apolítico" a recorrer a racismo, homofobia e sexismo com qualquer pessoa de que discordam. É a linguagem de violência que temos, que é sempre usada nos mais marginalizados.+
as vezes que chamam aquela palavra racista a António Costa (desde comentários de passistas do facebook ao falecido Arnaldo Matos) é porque o racismo existe como linguagem aceite mesmo entre aqueles cuja ideologia é a "igualdade". Metem o Putin e o Trump a beijar porque a +
homofobia é aceite contra as pessoas "más". Tudo é aceite contra as pessoas "más", porque são "más". Vemos hoje entretidas ideias punitivas de prisões perpétuas e castrações e justificadas com o alvo (assassinos e pedófilos, claro, menos que humanos). Porque tudo é permitido +
contra os "maus". Mas tal como racismo contra "maus" não deixa de ser racismo, violência contra "maus" não deixa de ser violência. A linguagem da violência contra os "maus" justifica actos contra imigrantes, contra ciganos, contra namoradas, contra nós mesmos. Precisamos de +
outro vocabulário. Quando se culpam imigrantes em vez de patrões pelo desemprego, é a vitória de um vocabulário que finge que são os impotentes os poderosos e torna maus actores num mau sistema em impotentes. "O mercado obriga-me a contratar quem aceita trabalhar por menos." +
E se calhar é verdade? Que moralidade sobrevive ao vocabulário da escassez, da competição, do lucro? Se são os patrões impotentes para não explorar (tal como os psicopatas são impotentes para não magoar), então que escolha temos senão abolir o sistema que os "obriga" e que lhes +
dá poder para explorar? Precisamos de novo vocabulário quando falamos de greves (que chatice para mim não ter comboio, que gananciosos os trabalhadores vs. que injustiça levou estas pessoas a arriscar os seus empregos e salários?), de sindicatos (apêndices partidários, atrasam +
a economia vs. uma liberdade essencial e contrapoder democratizador do trabalho), de política (são todos iguais, não serve de nada vs. como é que eu posso mudar este país?) de solidariedade vs individualismo, de cooperação vs competição, de democracia vs hierarquia. A primeira+
batalha é sempre ideológica e de vocabulário. Precisamos de ter e partilhar o vocabulário (e praticar) o vocabulário do mundo que queremos e não do mundo que nos criou.
Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh.

Enjoying this thread?

Keep Current with Guilherme Trindade

Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

Twitter may remove this content at anytime, convert it as a PDF, save and print for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video

1) Follow Thread Reader App on Twitter so you can easily mention us!

2) Go to a Twitter thread (series of Tweets by the same owner) and mention us with a keyword "unroll" @threadreaderapp unroll

You can practice here first or read more on our help page!

Follow Us on Twitter!

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3.00/month or $30.00/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!