O artigo bizarro do chanceler brasileiro sobre como a pandemia pode levar ao comunismo ("transformando o mundo num grande campo de concentração") consolida a reputação de Ernesto Araújo como chacota mundial. Mas a decisão foi 100% racional e o ajudará politicamente[segue o fio👇]
Ao longo dos últimos meses, Bolsonaro perdeu bastante apoio entre eleitores mais moderados que votaram nele na esperança de que ele pudesse ser controlado por tecnocratas liberais.
A decisão do presidente de negar a gravidade da pandemia e de integrar a 'Aliança do Avestruz', composta por ditaduras como Nicarágua, Bielorrússia e Turcomenistão, não foi bem recebida por este grupo moderado, e Bolsonaro depende cada vez mais da sua base radical.
A demissão de Mandetta- popular e com perfil tecnocrata - mostra q Bolsonaro já não busca atrair o eleitorado mais moderado. Seu cálculo é que consegue sobreviver, por ora, apenas com o apoio da base radical, que compartilha as dúvidas do presidente sobre a gravidade da pandemia.
Muitos dos eleitores radicais desconfiam da China, de George Soros, do “globalismo”, da OMS e da mídia. Manter o apoio desse grupo é fundamental para Bolsonaro neste momento em que ele decidiu abraçar a velha política -a mesma prática política q ele fez campanha prometendo acabar
Ministros de Bolsonaro entenderam que eles podem ajudar o presidente e distrair o eleitor mais radical que tem ojeriza do velho toma lá dá cá. Recentemente, Weintraub seguiu a mesma lógica quando atacou a China no Twitter.
A estratégia de Araújo e Weintraub tb os ajuda a manterem seus cargos; ambos são vistos como incompetentes e correm risco permanente de serem demitidos. Araújo ñ está envolvido nas decisões-chave de pol ext. Seu artigo será visto com bons olhos pelo capitão e pela ala ideológica.
