1/10 Ao ver o fio abaixo, sobre alta probabilidade de vieses na coleta/interpretação de dados durante a pandemia de #COVID19, retweetado pelo @yudapearl, q recebeu o TuringAward (conhecido como Nobel da computação) pelo seu trabalho em causalidade, caiu a
2/10 ficha que comentei sobre um fenômeno estatístico interessante em uma aula que dei na @uofl, à convite do @DibsonG, e acabei esquecendo de comentar sobre isso em outros lugares. Até cogitei escrever um post sobre isso no meu blog, mas acabou passando batido.
3/10 Como quem me acompanha deve imaginar, parte da introdução da aula se deu em torno da dificuldade q costumamos ter em aceitar q correlação não implica em causalidade, e do perigo de condicionar por todas as variáveis do estudo p/ tentar obter essa implicação. No começo da
4/10 pandemia, eu fiz uma análise exploratória nos dados compartilhados pelo hospital Albert Einstein e dados liberados pela secretaria de saúde de Pernambuco, e fiquei surpreso em ñ encontrar pacientes com Influenza A e COVID-19 ao mesmo tempo. Em ambas as bases, ocorriam os
5/10 outros três casos: Ñ Inf A e COVID-19, Ñ COVID-19 e Inf A, e Ñ Inf A e Ñ COVID-19. Alguns sairiam correndo e gritando aos quatro tempos que Influenza A CAUSA imunidade cruzada ou alguma hipótese do tipo, sem tomar o devido cuidado. Outros diriam que o resultado é sólido pois
6/10 se trata de milhares de pacientes em dois estados diferentes. P/ mim, estava na cara que era um paradoxo verídico, como o explain away effect. Criei algumas hipóteses, como no Grafo Acíclico Direcionado abaixo, através do qual observamos que ao olharmos apenas para dados de
7/10 pacientes hospitalizados, nós estamos condicionando em um colisor, viés de seleção nesse caso, o que cria uma correlação espúria entre as duas doenças. Ainda assim, segui acompanhando mais dados da secretaria de saúde de Pernambuco, até que alguns poucos dias antes da aula,
8/10 surgiram casos onde pacientes foram testados positivo para ambas. Essa thread é sobre não pularmos para conclusões de forma precipitada. Tive uma certa dificuldade em entender os dados da secretaria de saúde de PE na época, e portanto posso ter cometido algum erro, mas a
9/10 mensagem principal se mantém. Comentei c/ pouquíssimas pessoas na época, justamente pelo impacto q uma informação como essa poderia ter tido se propagada em massa. Outras supostas hipóteses enviesadas ainda estão por aí, como o @lmonasterio retweetou
10/10 Comentei nesse retweet dele de um outro pseudo paradoxo parecido, onde diziam q bebês de mães fumantes nascidos com baixo peso tinham mais chances de sobreviver do q bebês de mães ñ fumantes. Viés de seleção, + uma vez, criando correlação espúria. #bookofwhy
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Existem dois padrões que eu tenho visto em praticamente todas as áreas e que, embora óbvios, parece-me que muita gente resiste em perceber.
Desconsiderando exceções, não existe profissão que tenha grandes chances de você ser rico. Quem quer ser rico, tem que aprender a escalar,
e isso geralmente implica em gerir pessoas, abrir um negócio. O médico que você conhece que é riquíssimo é empresário. O engenheiro que você conhece que é riquíssimo é empresário. E assim por diante. Exceções são exceções. Ou seja, quer ser rico? Planeje-se para ser empresário.
Não há garantias aqui, claro, mas a chance de você ser rico trabalhando na ponta, sem gerir ninguém, e em uma função que não envolva ganho de escala é virtualmente 0. A segunda obviedade é que você pode se capacitar absurdamente para continuar na ponta, ou para gerir pessoas. E
1/17 Prontos p/ mais um fio de #causalidade, #vieses e #guerra? Hoje vou contar p/ vocês a história de John Kragh, um cirurgião do exército americano, q ficou conhecido como “O cara do Torniquete”. P/ quem ñ conhece, o torniquete é um dispositivo qualquer utilizado para conter
2/17 hemorragias. Imagine q você teve um corte fundo no antebraço, e está sangrando muito! Um exemplo de torniquete seria amarrar algo acima do cotovelo para conter o fluxo sanguíneo e impedir q você morra por causa da hemorragia. Como esse tipo de episódio ñ é comum no nosso
3/17 dia a dia, ñ é comum vermos torniquetes sendo utilizados. Uma outra razão é q torniquetes ñ são recomendados, só é p/ utilizar em última instância! P q? Pela facilidade com q outros danos possam ocorrer, como necrose e perda do membro. Outras práticas são preferíveis. Certo
1/10 Já ouviu falar de viés de sobrevivência? Se já ouviu, muito provavelmente conheceu o conceito acompanhado da imagem abaixo. Durante a 2a Guerra Mundial, um estatístico chamado Abraham Wald recomendou reforço nas áreas com menos marcas de tiro nas aeronaves q retornavam do
2/10 combate. Talvez vc teria recomendado diferente. Isto é, reforçar as partes q estavam danificadas por muitos tiros. Qual o pulo do gato aqui? Se nenhuma aeronave retornava com tiros em uma região, é porque tiros naquela região tinham maior chance de abater a aeronave. Observe
3/10 q na imagem ñ há marcas de tiro onde o piloto fica ou nos motores. Adivinha, por ex, o q acontece se você destruir a cabine do piloto?😅 P/ quem gosta de DAGs, esse caso seria apresentado como na figura abaixo. Como apenas as aeronaves q retornavam eram analisadas, é como
1/8 Carl Sagan disse que "Não quero acreditar, quero saber", e estou junto a ele nesse desejo. No entanto, é fácil perceber como esse raciocínio pode passar uma ideia bem diferente para quem ñ tem treinamento científico. A ciência é um exercício de acreditar, seja nos resultados
2/8 dos estudos de outros autores, em pressupostos não verificáveis, ou mesmo na ausência de vieses de nossa parte. Não é uma crença cega, sem fundamento ou movida por emoções, isso sem chance de dúvidas não é (ou ao menos a ciência bem feita não é), mas depende de crença. Quem
3/8 é cientista sabe do que estou falando, mas com certeza para alguns pareceu nebuloso o que disse acima. Portanto, vamos a um exemplo. Imagine que você coletou alguns dados e fez algumas análises de estatística descritiva para checar algumas coisas. Você percebe que esses dados
1/11 Após escrever esse tweet, peguei-me pensando sobre muitas pessoas de fora da academia ñ saberem o q significa crença dentro da ciência. Isso me lembrou inclusive de um episódio do #SciCast (@PortalDeviante) que gravei há alguns meses onde brincávamos q iríamos falar sobre
2/11 crença, e o uso de um teorema matemático q usa crença para validar a hipótese de Jesus ter ressuscitado. Estou falando do Teorema de Bayes. Se quiser saber mais, recomendo ouvir o episódio! Ficou super legal. Se acha q estou brincando sobre a palavra deviante.com.br/podcasts/scica…
3/11 crença, trago aqui um print da página da Wikipédia. E digo mais, vai além disso! Em várias metodologias científicas nós utilizamos de pressupostos. Alguns pressupostos podem ser checados, de modo a identificar violações. Outros, NÃO. Ou seja, vai na base da fé. Por exemplo,
1/4 O cidadão liga para a assistência técnica de seu carro e conta a seguinte história pitoresca: Sempre que vou tomar sorvete de creme na sorveteria, meu carro tem dificuldade de ligar quando vou embora. O curioso é que se eu escolho qualquer outro sabor, o carro funciona normal
2/4 Já tentei vários sabores e o carro funciona normal, mas se eu escolho o bendito creme... Tenho dificuldade em fazer o carro ligar. O carro não gosta de sorvete de creme? 🤣 Quem me segue já está cansado da velha máxima, né? "Correlação não implica em causalidade". Após
3/4 investigação, os técnicos descobriram que havia uma peça superaquecendo. O sorvete de creme é o que mais saía, tinha um fluxo diferente. Imediatamente se recebia o sorvete após pagar, e a peça ainda estava quente. Os outros sabores demoravam mais para sair e era o tempo