Mário Centeno tem razão ao afirmar que a resolução do Novo Banco foi "um sucesso". Só se esqueceu de dizer que o sucesso é da Lone Star. Os contribuintes continuam a pagar a garantia que o Estado pôs nas mãos de um fundo abutre. O descaramento tem limites. tsf.pt/portugal/polit…
Para além desta afirmação quase provocatória, Centeno, diz que "Houve falha de comunicação, não houve falha financeira" no Novo Banco. Não sei o que quer dizer isto, mas parece-me outra falha de comunicação. Ficamos com a impressão de que este modelo é para repetir...
Ninguém pode falar do Novo Banco sem dizer o que fará para evitar situações análogas no futuro e o que fará se as mesmas se verificarem. Duas sugestões: 1. Impor a capitalização acima dos mínimos regulatórios, que são grosseiramente insuficientes.
2. Pôr na lei que qualquer injeção de capital será refletida na propriedade de qualquer instituição e será permanente. Ou seja, sempre que os contribuintes tiverem de pagar a limpeza de um banco privado (e é demagógico dizer que é só deixá-lo cair), será para ficarem com ele.
Centeno diz q n vê necessidade de nacionalizar a TAP. Ou seja, para o MF, o Novo Banco é o paradigma a seguir. Se a TAP tiver de ser recapitalizada (e terá) e o privados não meterem um cêntimo (e não meterão) vamos pagar para manter uma empresa nas mãos da atual administração.
"Neste momento, estamos a fazer o contrário da austeridade". Uma ideia duplamente preocupante porque: 1. Aparentemente, Mário Centeno pensa que uma reposição muito parcial de rendimento e níveis historicamente baixos de Investimento público são "o contrário da austeridade."
2. "o que aí vier vai depender muito do caráter mais ou menos temporário desta recessão". Aqui estamos no domínio da falha de comunicação. O caráter desta recessão depende em boa medida de se fazer "o contrário da austeridade". Um compromisso claro comunicava melhor...
Quando as falhas de comunicação são tantas, é impossível afastar a sensação de que a verdadeira falha é de política e não de comunicação. O que esta entrevista mostra é que Centeno, ou não tem um plano ou não quer dizer qual é. E ter um plano numa recessão costuma ser importante.
PS: Centeno dá um subtil puxão de orelhas público ao PM dizendo que "o PM entendeu que devia fazer um pedido de desculpas ao bloco de esquerda". Centeno acha que dar informações erradas à AR não é razão para pedidos de desculpa e que as auditorias são coisa para os historiadores.
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O Parlamento Europeu ontem (1 de Março) uma resolução de condenação da invasão russa e apoio à Ucrânia, que contou com o voto favorável do Bloco. Ontem e hoje surgiram notícias, artigos e publicações de acordo com as quais o Bloco ter-se-ia abstido.
Antes de mais, ata da votação abaixo, para que não haja dúvidas. Trata-se da primeira resolução do Parlamento Europeu na resposta à guerra, que condena a invasão da Rússia, defende várias medidas de apoio à Ucrânia de enfraquecimento da capacidade ofensiva da Rússia. BE a favor.
Nos dias anteriores e no próprio dia desta votação e no próprio dia da votação, @runroc (IL), @RBaptistaLeite (PSD), @AndreCVentura (Chega) e @NunoMeloCDS (CDS) fizeram publicações sobre a votação do Programa de assistência macrofinanceira à Ucrânia, ocorrida 14 dias antes.
Alguns spinners da direita estão a espalhar uma votação do Parlamento Europeu sobre o Programa de Assistência Financeira à Ucrânia realizada há cerca de duas semanas. Como de costume, a votação é divulgada sem mais nenhuma informação, para que ninguém perceba do que se trata.
O apoio da UE remonta a 2014 e, a partir de 1 de Setembro de 2017, decorreu no quadro de um acordo de associação. Durante este período houve 5 programas de assistência macrofinanceira.
Neste momento, e desde 9 de Junho de 2020, o FMI está a impor um dos seus programas de “assistência”, com as condições do costume até final de 2022. Este programa também surge na sequência de um outro, de 4 anos, assinado em 2015.
Marisa e o mito da superioridade da gestão privada na saúde.
Parece estar a causar alguma estranheza o argumento usado pela Marisa no debate mas os dados apontam mesmo nesse sentido, e é preciso estar bastante desatento para não o compreender. Uma sequência (1/16) 👇
As PPPs da saúde foram sempre elogiadas pela direita como sendo modelos de eficiência. Normalmente, esta tese é apoiada em notícias sobre estudos realizados ou pagos pelos próprios privados, embora também aconteça ser apoiada em coisa nenhuma. Atenção às fontes (2/16)
Se formos ver relatórios e estudos de entidades independentes, é cada cavadela, cada minhoca: na PPP de Loures havia manipulação de consultas para maximizar lucro e na PPP de Cascais houve denúncias de burla e corrupção. Mas há mais (3/16) 👇
Em jeito de rescaldo, diria que nos separam três questões: 1. As propostas de redução do IRS que o bloco propõe concentram o seu impacto nos rendimentos mais baixos. A proposta de iniciativa liberal faz rigorosamente o contrário.
2. Também por isso, as propostas que o Bloco aprovou na Geringonça beneficiaram rendimentos mais baixos, com perda de receita fiscal mt inferior à que propõe a IL. E, ao contrário da IL, o Bloco fez aprovar medidas de tributação de quem não paga, redistribuindo a carga fiscal.
3. Finalmente, as propostas do BE que foram aprovadas para reduzir a tributação nos escalões mais baixos inseriam-se num conjunto de medidas de devolução de rendimento nos segmentos que não pagam imposto por não terem rendimento suficiente, também ao contrário da IL.
@vonderleyen sobre o Estado da União: boas intenções sem medidas concretas ou financiamento e contradições entre discurso e prática. Aspetos positivos: defesa de medidas contra os crimes de ódio, da abolição dos vistos gold e da vacina global contra a Covid
Palavras simpáticas sobre os profissionais e exigência de investimento nos serviços nacionais de saúde, q contrastam com as pressões bem recentes para que Estados-membros como Portugal cortem na despesa com saúde. Se está a falar a sério, convinha avisar as suas equipas técnicas.
Os elogios à contratação coletiva e ao salário mínimo também parecem um pouco estranhos, sobretudo quando vindos da instituição europeia q, num passado recente, pressionou os Estados-membros para desmantelarem os sistemas de contratação coletiva e congelarem os salários mínimos.
APROVADO! Fui relator principal do relatório sobre as orientações para as políticas de emprego. Este relatório integra-se no Semestre Europeu e é a base para as famosas recomendações específicas aos Estados-membros. esquerda.net/artigo/aprovad…
Essas recomendações, infelizmente têm-se caracterizado por pressões permanentes para a precarização das relações de trabalho. É por isso que é tão positivo, e até surpreendente, que tenha sido possível um apoio tão alargado para orientações diametralmente opostas.
O documento tem posições muito claras a favor da contratação coletiva, pleno emprego, garantia de direitos a precários e trabalhadores de plataformas, igualdade e combate à pobreza, serviços públicos universais e gratuitos, combate às discriminações, etc.