Há evidência crescente de que a ala olavista (cada vez mais dominante) do governo Bolsonaro promove ativamente o isolamento internacional do país; possivelmente em um esforço de fortalecer a narrativa anti-globalista 'nós versus o mundo'. [thread 👇]
O gov Bolsonaro ofendeu chefes de Estado ou atacou governos de todos os tipos (China, França, Alemanha, Argentina, Venezuela, Cuba, Noruega, UE etc durante menos de 2 anos no poder) e só modera seu tom quando os generais intervêm, como quando o VP Mourão o fez em relação à China.
Uma vitória dos Democratas nos EUA em novembro aprofundaria dramaticamente o isolamento do Brasil e os olavistas perderiam um aliado essencial. Mas é questionável se isso levaria o Brasil a adotar uma estratégia diplomática mais moderada.
Afinal, a política externa bolsonarista é um instrumento essencial para animar a base mais radical.
Consideremos o debate sobre o acordo comercial UE-Mercosul: Bolsonaro não demonstrou interesse em adotar uma postura ambiental mais moderada para evitar a não ratificação. Apesar do risco de boicote aos produtos brasileiros na Europa, ele nunca se importou muito com o acordo.
Se Biden vencer - e assumindo que Bolsonaro ainda estará no cargo até então - o governo dos EUA pressionará o Brasil em temas como mudanças climáticas e direitos humanos, e Bolsonaro quase certamente não será tratado como um aliado dos EUA.
Após uma vitória de Biden, não seria surpresa o ministro Ernesto Araújo dizer algo como "os globalistas venceram uma batalha, mas venceremos a guerra; nossa missão é mais importante do que nunca". Resta saber se Mourão e a ala militar entrariam em cena novamente.
