Thread by @BrunaFrascolla

Sobre PAIM (1979), "Liberdade acadêmica":

Vira e mexe, quando eu digo que a esquerda se encastelou na universidade durante a ditadura, aparece alguém pra dizer "essa é a tese de Olavo". Já expliquei aqui que só (ou já) conheci Olavo como líder de seita universitária lá por 2008.

(Isso é um "já" para quem o conheceu só com o bolsonarismo, e é um "só" para quem o conhecia da internet, pois suas atividades por lá remontam aos anos 90. O diferencial de Olavo não são as coisas ditas, mas o veículo: ele apostou na internet desde cedo.)

Dito isso, essa "tese de Olavo" é muito óbvia. Tudo o que se precisa para chegar a ela é observar a bibliografia com cheiro de naftalina ou a fortuna da obra de Paulo Freire. Se tem naftalina, tem marxismo. (Marxismo mesmo -- que fala de mais valia, luta de classes etc. Só de...

pronunciar "mais valia", mesmo, já dá vontade de espirrar.) A "tese de Olavo", porém, se segue de uma conclusão normativa: era para os militares terem massacrado todo mundo nas universidades.
Na coletânea de Paim, achei um artigo muito iluminador que vai na direção contrária...

dessa conclusão: a persistência do marxismo decorre justamente da repressão. Por um lado, os críticos dos marxismo tinham (até 78, com AI-5) receio de falar contra os marxistas, para não se sentirem responsáveis pelo sumiço do colega. Por outro, a clandestinidade cria uma

panelinha paranoica que tende a enxergar todo crítico como ameaça direitista, e que se esforça para manter uma identidade coletiva. Nesse esforço, a manutenção do marxismo é menos uma tentativa de compreender a realidade do que de manter uma identidade grupal.

Para resolver o problema, só forçando-os a expor seu pensamento -- totalitário -- à luz do dia, para livre escrutínio e crítica. E isso só é possível com democracia.

O autor do artigo é Luciano Zadsznajder, e é uma pena que eu não tenha encontrado muita coisa sobre ele.