Parece uma ideia excelente. Não é. É terrível.
Em essência, o que a lei faz é tornar as plataformas sociais em responsáveis por tudo o que é publicado nelas.
Nenhuma.
Por um motivo simples: se são responsáveis de cara, terão todos os incentivos para extirpar o que é publicado na menor possibilidade de processo.
Quanto mais num país em que juiz de 1a instância tem poder para tirar do ar sites inteiros.
Se regulamentar plataformas sociais fosse trivial, já teria sido feito.
A União Europeia, reguladora no talo, está debruçada no problema há dez anos e ainda não conseguiu chegar a um bom texto.
Há uma máquina de desinformação e difamação operando dentro do Palácio do Planalto.
Em tempos de pandemia, desinformação mata. E mata muita gente.
As comissões não estão operando. Não há debate no plenário. É tudo virtual e tudo urgente.
Não se mexe em liberdade assim.
Não são inocentes.
Mas reconhecer sua responsabilidade não é o mesmo que dizer que basta abrir a torrente do mar de processos brasileiros para pressionar e pronto.
Talvez exista quem queira testar este tipo de legislação num país qualquer para ver qual o resultado.
O Brasil não tem de ser cobaia de nada.
Por enquanto, a melhor solução para desinformação continua sendo: vamos atrás dos financiadores.
Investigação.
É simples? Não, não é.
Mas mexer em liberdades civis em tempo de exceção nunca é o caminho.
E, assim, excluirá um número grande de vozes do debate público.
Mas usar um período de exceção para passar às pressas uma lei que mexe com o funcionamento da Praça Pública é irresponsável.