Jean-Michel Basquiat colocou o grafite e a alma da cultura urbana no topo das galerias e elevou o imaginário negro do rap e do break ao mesmo status cultural de Pablo Picasso. Essa é a história de uma mente criativa que transformou o drama negro-americano em revolução artística 
Ele nasceu no Brooklyn em 1960, uma época marcada por perseguição policial, leis de segregação racial e, também, uma explosão da cultura negra que era uma resposta a toda opressão da sociedade. Seu pai, Gerard Jean-Baptiste Basquiat, foi um ex-ministro do interior no Haiti
Sua primeira inspiração foi sua mãe, uma artista amadora, a porto-riquenha Mathilde Andrada, que levava o garoto aos principais museus. Por viver nesse ambiente multicultural, Basquiat falava espanhol, francês e inglês.
Também já era um sobrevivente desde cedo, foi atropelado aos 6 anos, passou por um ano de tratamento. Nesse período recebeu o livro Gray's Anatomy de sua mãe e mergulhou nesse estudo. Foi viver nas ruas, em prédios abandonados com amigos aos 17 anos e vender sua arte
É aqui que a história deveria acabar com mais um andarilho preto morto pelas calçadas, mas Jean-Michel era tão ousado que resolveu subverter as regras manter-se vivo e criando. Junto com seu amigo Al Diaz, passou a grafitar as ruas com aforismos e a lendária assinatura SAMO ©
Basquiat sabia onde precisava estar com sua arte, sabia que os espaços importavam, ele cresceu nas ruas e foi parar nas mesmas festas que as figuras mais importantes dos movimentos artísticos, donos de galerias, curadores e críticos de Nova York
Participou do filme Downtown 81 e integrou uma mostra coletiva – The Times Square Show, se tornou mundialmente conhecido por uma crítica escrita por René Ricard em que ele escreve “Uma ou duas palavras em um Jean-Michel contêm toda a história do grafite” radiantchild.weebly.com/the-radiant-ch…
Na década de 80 ele teve um caso com a (ainda desconhecida) Madonna e encontrou um dos seus maiores parceiros e amigos, o artista pop Andy Warhol. Cuja parceria profissional colocou os dois em um destaque inimaginável. Basquiat foi, então, o único artista negro que tinha galerias
Antes do sucesso, não tinha dinheiro para pintar em telas, usava muros, paredes, camisetas, portas. Quando mudou para uma tela, carregou com ele o visual das sobreposições que encontrava nas ruas
A poética visual de Basquiat era extremamente política e direta em suas críticas ao colonialismo e apoio à luta de classes. Mesmo conhecido entre o meio artístico, quando saía das festas continuava ligado a dinâmica racial norte-americana
A contradição marcou a estética da sua obra e o ritmo da sua vida. Em 86 foi capa da The New York Times Magazine em um artigo intitulado "Nova arte, dinheiro novo: o marketing de um artista americano", se tornou um dos artistas mais caros, porém totalmente instável emocionalmente
Era assombrado pela pressão da indústria e por se sentir solitário como o único homem negro nesse mundo da branquitude hegemônica, passou a usar heroína e se perdeu para o vício.
Tentou ficar sóbrio, mas morreu aos 27 anos em 12 de agosto de 1988, por overdose. Foi encontrado em seu estúdio de arte na Great Jones Street. Sua curta vida foi marcada por uma produção exuberante, criou 1500 desenhos e mais de 600 pinturas.
Sua obra continua inspirando gerações e seu legado continua vivo. Em 2018 se tornou o artista mais caro em um leilão, com a obra Untitled de 1982, vendida por US$ 110,5 milhões. Basquiat é a realeza negra nas artes e mostra como esse tipo de expressão é importante para nós
