Thread by @marcosvlqueiroz

Tem algumas coisas interessantes sobre antirracismo e antifascismo.

A Segunda Guerra mundial começa com a invasão da Etiópia por Mussolini, entre 1935-1936. Na linha de defesa africana, além da brava resistência do povo etíope, levando a Itália a usar armas químicas, (...)

destaca-se o discurso de Haile Selassie I na Assembléia da Liga das Nações, como uma das primeiras declarações internacionais condenando veementemente o fascismo italiano e a hipocrisia dos demais países europeus. Esse é um dos grandes discursos da história, ainda que silenciado.

Outra. No contexto da escalada dos conflitos na Europa, diversos africanos das colônias são alistados compulsoriamente para enfrentar o nazismo e o fascismo na Europa. Quem conhece a biografia de Fanon, sabe como esse é um momento decisivo na história da população negra.

O que é interessante: esse engajamento na guerra contra o nazi-fascismo formará - politicamente e militarmente - toda uma geração que nas décadas seguintes liderarão as lutas por independência na África. Ou seja, há uma conexão direta entre antifascismo e libertação africana.

Essa história foi muito bem contada no filme African Independence, do querido @TukufuZuberi, que percorreu a África entrevistando grandes lideranças dos movimentos de independência.

Meus pitacos: hoje em dia há uma insistência na criação de uma suposta ''história negra'' que tem como efeito desconectar a população negra da história mundial. Sob um suposto discurso antirracista, o que nos resta é o lugar da autorreferência, que mais apaga que liberta.

Da mesma maneira: contar a história do antifascismo centrada na narrativa européia é contar metade da história, o lado branco da parada. Rebaixa a compreensão da centralidade que essa luta significou para a história do século XX, especialmente os processos de descolonização.

A história da África e da diáspora é uma história intrinsicamente universal, que diz respeito a toda humanidade, você querendo ou não.