Thread by @lucasmafaldo

Comparando o pânico dos brasileiros com o corona com a tranquilidade dos canadenses, ninguém adivinharia que aqui (no Canadá) há mais infecções per capita.

Mas ainda assim parece que o pessoal se cansou de se preocupar — cada dia mais gente nos parques, cada dia menos máscaras.

Oficialmente, ainda estamos seguindo regras de “distanciamento social”, mas acho que estamos relaxando porque nosso ponto de comparação é os EUA — como lá parece está pior, sentimos que “ganhamos” e podemos relaxar.

Porém, os EUA enfiaram o pé na jaca em termos de aglomeração...

... então não sei o que vai acontecer.

Como eu já falei antes, minha tese é que a letalidade do vírus tinha sido superestimada em 10x (o próprio Elon Musk chegou à mesma conclusão), o que ainda tornava o vírus sério, mas não o suficiente para justificar pânico generalizado.

Porém, acho que até essa hipótese é inapropriada. Parece que a distribuição de letalidade é fortemente concentrada entre os idosos (o que não diminui a tragicidade das mortes, é claro, mas é um fator importante a ser considerado na definição de políticas públicas).

Mas tem....

...ainda outra coisa estranha, que é como tantos países estão divergindo fortemente dos outros.

É claro que os formadores de opinião adoram fazer um auê, mostrando como alguns países foram bem mais sério e prudentes do que outros, mas isso é obviamente uma parte...

... muito pequena da história, porque tem um montão de países com pouquíssima capacidade estatal que passaram praticamente incólumes diante do vírus.

No começo, a gente podia presumir que era apenas porque estavam em fases de contágio diferente (por serem menos conectados...

.. e terem tidos menos casos iniciais), mas agora essa explicação não parece caber muito bem.

Aliás, é curioso como já estamos há vários meses nisso e ainda não há explicações realmente científicas para nada disso — os dado simplesmente não são suficientes para isso. Só há...

... cientificismo, argumento de autoridade para justificar políticas públicas que nunca foram testadas, a partir de modelos que não têm dados confiáveis (o que simplesmente não serve de nada, não há nada de científico nisso, cf. “garbage in, garbage out”).

O que fica...

... portanto, é uma série de fenômenos difíceis de explicar — porque a aglomeradíssima Índia está tão melhor do que os EUA? Por que quase não tem casos na Tunísia?

Talvez seja uma combinação de coisas (clima, genética, etc.), mas talvez o principal seja... sorte. Talvez haja...

... diversas mutações do vírus, alguns bem mais leves que as outras. Talvez alguns países estejam com a variação leve o vírus esteja se confundido com as gripes leves (o “common cold”) e esteja subnotificado (e, talvez, produzindo uma imunidade de rebanho a um custo mais baixo).

Eu acho que o resumo da história é que ninguém sabe de nada. O vírus é real, mas o debate público é guiado principalmente pela conveniência política.

O excesso de politização criou uma visão exagerada do que o governo poderia ter feito e vários espertalhões tentaram se...

... aproveitar, aumentando o clima de pânico e revolta generalizados.