Sobre a “ declaração” da OMS de que pacientes assintomáticos tem pouca probabilidade de transmitir a doença. primeiro a Dra Maria van Kerkhone nao estava fazendo uma declaração, mas sim respondendo a uma pergunta da imprensa
por que isso é importante? para dar contexto. Uma coisa seria a OMS dar uma declaração oficial baseada em um estudo robusto que mostra dados novos. Outra é responder a uma questão. De qq modo, a resposta foi infeliz e inconsequente.
Não há estudos que embasem a declaração da Dra Kerkhone. Ela simplesmente trouxe dados de relatos pontuais, mas nao apresentou papers ou relatórios formais
Por outro lado, existem estudos que mostram o contrário. Para elucidar isso, primeiro é preciso diferenciar pressintomaticos de assintomáticos. Pressintomaticos sao aqueles que ainda nao tem sintomas mas acabam ppr desenvolve-los.
Assintomáticos são aqueles que testam positivo mas nunca chegam a desenvolver sintomas. e como sabemos disso? porque os testamos repetidas vezes, eles continuam positivos mas sem sintomas.
e tem também aquelas pessoas com sintomas leves mas que nao correlacionam isso com doença, e como sintoma é subjetivo, ja viu a confusão que isso pode causar.
entao primeiro ja fica obvio que não é tao simples assim determinar quem é pre, assintomático ou com sintomas muito leves. quem tem rinite, por ex, pode nem dar bola pra uma crise alérgica e uma Covid leve pode passar despercebida.
outra coisa importante: os pressintomaticos transmitem antes e durante os sintomas, e os sintomáticos leves transmitem o tempo todo sem perceber. E os assintomáticos? nao sabemos!
só o que sabemos é que muitos assintomáticos apresent carga viral semelhante aos sintomáticos
se quisermos realmente saber se esses assintomáticos “puros”, que nunca desenvolvem sintomas, estão transmitindo, temos que investigar alguns fatores:
1. temos que achar essas pessoas, entao precisamoa testar aleatoriamente, fazer screening de população mesmo.
2. uma vez com os nossos positivos, temos que rastrear os contatos deles, inclusive os retroativos.
2. uma vez com os nossos positivos, temos que rastrear os contatos deles, inclusive os retroativos.
3. temos que seguir monitorando pra ver se nao desenvolvem mesmo sintomas
4. temos que medir carga viral
5. temos que medir a viabilidade do virus
4. temos que medir carga viral
5. temos que medir a viabilidade do virus
e aí é que está o maior gargalo dessa história. Mesmo os trabalhos que já mediram assintomáticos e verificaram carga viral nessaa pessoas, nao checaram se o virus detectado estava viável!
Pode acontecer de a pessoa estar infectada, e o teste detectar o RNA do virus, mas de repente o vírus está todo neutralizado por IgA secretado, um anticorpo que temos nas mucosas, justo na porta de entrada do virus
entao é possivel por ex detectar virus no nariz, mas esse vírus estar inativo. e a pessoa nao transmitir. mas tb ppde estar ativo e simplesmente nao causar doença nessa pessoa.
essa é a parte que nao sabemos ainda. e só vamos saber se cumprirmos todas essaa etapas. portanto, não se pode afirmar que assintomáticos não transmitem. e nem que certamente transmitem.
mas o que se pode afirmar com certeza é que uma declaração dessas, mal colocada e mal interpretada, tem o potencial de confundir ainda mais a população, que pode assumir que quem nao tem sintomas nao precisa cumprir as medidas de distância ou uso de máscara.
referências pra quem quiser saber mais sobre assintomáticos e transmissao: acpjournals.org/doi/10.7326/M2…
