A seleção da Alemanha nazista jogou em White Hart Lane, o estádio mais ligado à comunidade judaica de toda Inglaterra, do Tottenham. Aconteceu em 1935, apenas 4 anos antes da 2ª Guerra Mundial. Muitos protestaram, mas a federação disse que esporte e política não se misturavam. 
De certa forma, queriam que aquele foi um jogo “da paz”, numa época de altas tensões na Europa. Por isso, algo entre 10 mil e 20 mil alemães viajaram até a Inglaterra. À imprensa britânica, o capitão alemão Fritz Szepan lavou as mãos sobre o nazismo: “não entendo de política”.
A comunidade judaica foi uma das que mais protestou. Ao menos 50 cartas chegaram ao Tottenham expressando indignação com a realização do jogo. Mas também havia aqueles ingleses que preferiam os nazi aos judeus, celebrando que deixariam o estádio “livre” pra ingleses “de verdade”.
A imprensa relata que os torcedores alemães foram “educados”, não vestindo adereços nazistas pelas ruas de Londres. No estádio, porém, a seleção fez a saudação hitlerista e a bandeira com a suástica (veja na foto) tremulou ao lado da bandeira britânica - mas foi por pouco tempo.
Isso porque um fabricante de ferramentas chamado Ernie Wooley, ao perceber que o forte policiamento focava nos torcedores e não na segurança das bandeiras, cortou o cordão que sustentava a bandeira da suástica. Hoje, ele pode ser chamado de herói. Mas, na época, foi preso.
A Inglaterra venceu por 3 a 0, mas o futebol foi o menos importante. Diversos manifestantes foram presos, a maioria deles comunistas vindos das classes operárias. Pediam liberdade para Ernst Thälmann, líder do Partido Comunista Alemão, preso em 1933. Ele seria executado em 1944.
E de amistoso polêmico em amistoso polêmico, de um atleta lavando as mãos a outro, aqui estamos. Se você gostou do relato, vai gostar do nosso episódio sobre as ligações do nazifascismo com o futebol:
Os fatos relatados aqui foram publicados hoje pelo jornal The Guardian. Aqui, o link original em inglês: theguardian.com/football/2020/…
