A gente vê a história recente de alguns países e percebe como o Brasil é realmente o país do "deixa disso". Qualquer tentativa de mudança no status quo é imediatamente afogada em favor de uma estabilidade que não é bem uma estabilidade, mas uma mesmice.
O Brasil se agarrou desesperadamente a uma mesmice e tornou-se refém dela por medo do que poderia acontecer fora dela. E há um fundo de razão nisso, embora vivamos com uma âncora nos mantendo na mediocridade.
A mediocridade é melhor que uma mudança profunda porque ela é incerta e - aí entra o grande mal do Brasil - ninguém confia em ninguém. O Brasil vive numa permanente crise de confiança em que sempre se pressupõe que o outro é desonesto e mal intencionado.
E isso tem fundamento na realidade, obviamente. Na verdade, é uma situação que se retroalimenta porque quem desconfia sabe que poderia fazer igual. E faz. A falta de confiança é uma prisão cultural à qual o brasileiro é submetido desde sempre.
Isso talvez tenha a ver com a falta de senso de "povo". O "povo brasileiro" é uma coisa amorfa sob uma identidade fabricada de cima pra baixo. Não existe o senso de "colaboração comunitária", o Brasil é cada um por si e pelos seus porque eu não faço parte dos outros.
Os outros são... Os outros... Os outros brasileiros, esse povinho aí...
O brasileiro em geral não se sente parte de "algo maior", não comunga de uma identidade e, portanto, sempre desconfia das intenções do outro. O outro sempre está avulso pra mim e eu sempre avulso para ele.
O brasileiro em geral não se sente parte de "algo maior", não comunga de uma identidade e, portanto, sempre desconfia das intenções do outro. O outro sempre está avulso pra mim e eu sempre avulso para ele.
