Reportagem da Pública revela o drama dos trabalhadores de frigoríficos e abatedouros na pandemia: ambientes sem ventilação com muitas pessoas juntas. Até o fim de maio, já eram 172 denúncias ao Ministério Público do Trabalho (MPT). agen.pub/FrigoCovid
Por conta do intenso deslocamento de trabalhadores entre cidades, procuradores do MPT apontam que o setor está ajudando a propagar o coronavírus no interior do país. Dos 30 municípios com maiores números de Covid-19 no Rio Grande do Sul, 28 têm ligação com frigoríficos.
Em Lajeado (RS), dos 1.585 casos confirmados da doença, 959 estão na BRF, empresa gerada pela fusão das marcas Sadia e Perdigão. A proporção para cada 100 mil habitantes é dez vezes maior do que na capital gaúcha, Porto Alegre.
O MPT enquadrou mais de 70 frigoríficos no país para assumirem o compromisso de adequar a rotina dos funcionários durante a pandemia, como adoção e ampliação de escalas de trabalho para reduzir fluxos e o número de trabalhadores por turno. 
BRF, Marfrig, Aurora e outras sete empresas que empregam mais de 150 mil trabalhadores assinaram o termo proposto. Já a JBS não seguiu o mesmo caminho e recusou o acordo.
No entanto, segundo o advogado Paulo Roberto Lemgruber Ebert, que representa sindicatos de trabalhadores do setor frigorífico na serra gaúcha, alguns abatedouros ainda não cumprem as determinações acordadas com o MPT.
Apesar da pandemia e do alto número de trabalhadores infectados, a crise econômica gerada pelo coronavírus não chegou ao setor: o faturamento de exportações de carne bovina do Brasil é 41,5% maior que o de maio de 2019.
