Burma (Myanmar) nunca teve importância alguma para brasileiros. Mas se observarmos o posicionamento geopolítico desse país, veremos que ele é importantíssimo para a geopolítica regional e também global.
Entre 1962 e 2011, Burma esteve fechada ao mundo. Uma junta militar conduziu o país em uma ditadura onde estrangeiros raramente podiam entrar no país. Em 2011, houve uma abertura visando acordos comerciais e atração de turistas.
Após a abertura, China, EUA e Japão entenderam que precisavam trazer Burma para seus lados. EUA e Japão chegaram a mandar, pessoalmente, o Presidente Obama e o Primeiro-Ministro Shinzo Abe para tentar puxar a sardinha para seus lados.
No entanto, a China não deixou barato e se antecipou. A China iniciou um acordo para construir um porto de águas profundas e a construção de um gasoduto que ligasse a Baía de Bengala até o sudoeste chinês.
Esse movimento foi estrategicamente inteligente, pois com um gasoduto ligando a Baía de Bengala até a CHN, a dependência chinesa no estreito de Malacca diminuiria consideravelmente. 80% da energia chinesa (ou mais) passam por esse estreito, que pode ser facilmente bloqueado.
Com a construção do porto de Gwadar no Paquistão e no gasoduto em Burma, a China antecipa a chegada de energia ao país. Ao mesmo tempo, a marinha chinesa busca ocupar o mar do sul da China, para manter o controle estratégico dessa área.
Indonesia, Malásia e Cingapura circulam o estreito de Malacca. A batalha por influência americana e chinesa nesses países é intensa. O temor chinês, é de q se esses países se alinharem com os EUA, a chegada de + de 14 milhões de barris q passam pelo estreito pode ser comprometida
A CHN também possui um interesse estratégico no Paquistão. O porto de Gwadar é crítico para a estratégica de logística chinesa de acesso a energia. O Baluquistão (província onde Gwadar se encontra) faz fronteira com o Afeganistão.
Para a Índia, quanto mais instável for a situação no Afeganistão e, consequentemente, no Baluquistão, maior será o foco paquistanês naquela fronteira ao invés da Caxemira (área disputada entre Índia e Paquistão).
Importante ressaltar que o controle da Caxemira não se dá só por questões nacionalistas. Caso a Índia controle a Caxemira, a fronteira do Paquistão com a China seria cortada e o investimento chinês na linha de suprimentos de Gwadar até a China seria interrompido.
Além disso, o principal fornecimento de água do Paquistão vem do Rio Indus, que nasce no Himalaia Tibetano e passa pela Caxemira antes de entrar no Paquistão. Manter a Caxemira = manter acesso a água.
