O negócio entre Arthur Melo (Barcelona) e Miralem Pjanic (Juventus) está esquentando!
Tem uma questão tática para entender essa a troca: o jeito que o Barça joga e o posicionamento corporal dos companheiros do Arthur.
Segue o fio para olharmos de perto! 🧶
Tem uma questão tática para entender essa a troca: o jeito que o Barça joga e o posicionamento corporal dos companheiros do Arthur.
Segue o fio para olharmos de perto! 🧶
Arthur surgiu no Grêmio como um meio-campista de toque refinado e precisão no domínio da bola.
Parece fácil que ele jogue em qualquer time pela qualidade individual, mas a verdade é que o Barcelona joga de um jeito diferente do Grêmio e isso afetou muito seu desempenho.
Parece fácil que ele jogue em qualquer time pela qualidade individual, mas a verdade é que o Barcelona joga de um jeito diferente do Grêmio e isso afetou muito seu desempenho.
No Grêmio, Arthur fazia uma dupla de volantes num 4-2-3-1. Ele encostava no Luan, o mais perto dele. Ramiro e o Éverton se aproximavam. Eles ficavam de frente pro Arthur, esperando o passe dele!
O Grêmio jogava de pé em pé e com toques muito curtos. O Arthur deitava!
O Grêmio jogava de pé em pé e com toques muito curtos. O Arthur deitava!
Como o time trocava de posição e girava, e o Arthur tinha uma liberdade muito grande para encostar nos laterais ou em quem estivesse a fim de tocar a bola. Ia pra direita, pra esquerda...circulava o campo inteirinho. Sempre com gente próxima dele.
Por isso o Tite chama ele de “ritmista”: ele era o cara que ficava atrás só ditando quem ia e quando ia receber a bola. Como um maestro de uma orquestra.
Tem também o gesto tão característico do Arthur: o giro.
Domina de direita, vira o corpo no próprio eixo e toca pra outro lado com a mesma perna direita. Como os laterais do Grêmio estavam sempre abertos, ele tinha facilidade de ir girando o jogo.
Domina de direita, vira o corpo no próprio eixo e toca pra outro lado com a mesma perna direita. Como os laterais do Grêmio estavam sempre abertos, ele tinha facilidade de ir girando o jogo.
O giro do Arthur fazia o Grêmio armar o jogo! Como a maioria dos times na América do Sul marca por encaixe, ele recebia uma marcação muito próxima quando tinha a bola
Aí ele girava e jogava num lugar mais à frente dele e deixava o marcador na saudade.
Aí ele girava e jogava num lugar mais à frente dele e deixava o marcador na saudade.
Esse tipo de futebol que o Grêmio pratica tem um nome bem característico: jogo de mobilidade. É o nome oficial em estudos da CBF (estou participando desse estudo). É o “toque de bola” que a gente suspira na Seleção de 1982. Expliquei bem essa ideia aqui.
globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…
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O Arthur chega no Barcelona como um jogador de imenso potencial, com um controle de bola que fazia todo mundo lembrar do Iniesta e do Xavi.
Só que os detalhes em torno dele mudaram. E não foi pouco não: TUDO mudou. É outra cultura, outro idioma....e outro tipo de futebol.
Só que os detalhes em torno dele mudaram. E não foi pouco não: TUDO mudou. É outra cultura, outro idioma....e outro tipo de futebol.
Desde 1997 o Barcelona pratica o chamado “Jogo de Posição”.
A forma mais simples de entender é pela simetria: todo mundo ocupa um espaço em campo quando o time tem a bola e só é permitido se movimentar e sair dessa zona quando a bola está naquele setor.
globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…
A forma mais simples de entender é pela simetria: todo mundo ocupa um espaço em campo quando o time tem a bola e só é permitido se movimentar e sair dessa zona quando a bola está naquele setor.
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No jogo posicional, o mais importante é a ocupação racional do espaço. O intuito é criar linhas de passe. Todo mundo sabe onde o companheiro está e consegue tocar de primeira e circular rápido a bola pro Messi desequilibrar.
O Arthur tá cumprindo essa posição. E bem!
O Arthur tá cumprindo essa posição. E bem!
O problema é que isso limita o raio de ação dele. Ele tem só o lateral pra tocar curto.
É MUITO diferente do Grêmio, que todo mundo se aproximava dele. Não tem mais o Luan e o Éverton. Veja que só o Vidal tá mais solto no campo e mais de frente pra ele.
É MUITO diferente do Grêmio, que todo mundo se aproximava dele. Não tem mais o Luan e o Éverton. Veja que só o Vidal tá mais solto no campo e mais de frente pra ele.
Mas o detalhe mais importante é a posição corporal. No Grêmio, os meias ficavam de costas pro gol e de frente pro Arthur.
No Barcelona não. Os meias ficam na diagonal para fazer o facão.
O Arthur tem que tocar no espaço e não mais no pé.
No Barcelona não. Os meias ficam na diagonal para fazer o facão.
O Arthur tem que tocar no espaço e não mais no pé.
Aqui, o Arthur está com a bola e só o Suárez, marcado de perto, vira pra ele. O Messi e o Vidal estão com o corpo na diagonal pra receber a bola em profundidade.
O certo seria o Arthur receber a bola e já tocar no espaço. Só tem um jogador de frente pra ele.
O certo seria o Arthur receber a bola e já tocar no espaço. Só tem um jogador de frente pra ele.
(OFF)
Esse movimento que o Suárez faz é muito comum no Barcelona. O Jorge Jesus chama isso de "primeiro pivô". Explico nesse texto:
globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…
Esse movimento que o Suárez faz é muito comum no Barcelona. O Jorge Jesus chama isso de "primeiro pivô". Explico nesse texto:
globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…
Tem também o posicionamento corporal do Arthur. Ele domina e toca com a direita, por isso ele gira.
Na escola do Barça você domina com uma e toca com outra. Lembra do gol que o Messi desmoraliza o Boateng?
Observem o Busquets no início da jogada...
Na escola do Barça você domina com uma e toca com outra. Lembra do gol que o Messi desmoraliza o Boateng?
Observem o Busquets no início da jogada...
Tá vendo como não é simples? Como é errado falar que o Arthur “não presta” sem entender o contexto que ele está inserido?
Jogadores são frutos do contexto que eles jogam. O entorno influencia o desempenho individual. Muito mais do que você pensa!
Dito isso, a troca é boa.
Jogadores são frutos do contexto que eles jogam. O entorno influencia o desempenho individual. Muito mais do que você pensa!
Dito isso, a troca é boa.
O @marcelobechler cita questões financeiras por trás do negócio. O Barcelona vai ganhar um jogador que pode trazer mais experiência para os jogos de Liga dos Campeões, grande calcanhar-de-aquilies do Barcelona.
A @claalbuquerque também aponta que o Arthur vai respirar novos ares e jogar com um técnico mais paciente pra ensinar ele esse jogo de dois toques. Se o Sarri ficar, ele tem tudo pra crescer como o Jorginho no Napoli e Chelsea!
Qualquer julgamento precoce em torno do Arthur é cruel. Ele tem só 23 anos e é normal não entender de primeira uma cultura totalmente diferente.
Também acho muito difícil o Barcelona abandonar uma cultura de jogo de décadas por conta só de uma pessoa.
Sem extremos!
Também acho muito difícil o Barcelona abandonar uma cultura de jogo de décadas por conta só de uma pessoa.
Sem extremos!
Futebol é apaixonante porque os mínimos detalhes fazem toda uma diferença e mudam tudo. Ao mesmo tempo, não parece simples e até lógico entender que se muda o time, o jogador também muda?
Vamos entender mais esses detalhes do jogo!
Vamos entender mais esses detalhes do jogo!
A thread em texto lá no meu blog no @globoesportecom glo.bo/2BGCSmT
