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Essa confusão envolvendo o Ministério da Educação é perfeita para provar que Bolsoniro é pura cria da ditadura.

A forma como se trata a educação é a mesma, e posso provar.

Para isso, pergunto: vocês conhecem Anísio Teixeira?

Não?

Pois deveriam.
Anísio Teixeira nasceu na Bahia, em 12 de julho de 1900.

Desde cedo, demonstrou-se um humano ímpar.

Em 1922 se formou em direito na Universidade do Rio de Janeiro, atual UFRJ.

Depois disso, dedicou a vida inteira à educação do povo brasileiro.
Anísio Teixeira é, nada mais, nada menos, do que o pai do ensino público, gratuito, laico e obrigatório no Brasil.

Isso mesmo: ele é o

P A I D O E N S I N O P Ú B L I CO N O B R A S I L

Vocês têm noção da magnitude dessa obra?
Isso se concretizou a partir de 1931, quando Anísio se tornou Diretor da Instrução Pública do Distrito Federal e conseguiu instituir a integração da "Rede Municipal de Educação", do fundamental à universidade.

Daí, Anísio só teve atribulações na vida.
Foi perseguido por Getúlio e voltou para a Bahia. Foi Conselheiro Geral da UNESCO em 1946. Foi Secretário de Educação da Bahia. Foi Secretário Geral da CAPES. Foi Diretor Geral do INEP.

Ao lado de Darcy Ribeiro, debateu a Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação.
E, ainda com Darcy, fundou a Universidade de Brasília, UNB, da qual foi Reitor em 1963.

Currículo totalmente comprovado por documentos, ok?

Com a Ditadura, Anísio saiu do Brasil foi convidado a dar aulas nas Universidades de Colúmbia e da Califórnia, nos EUA.

Cara importante!
Mas Anísio cansou dos Staites e voltou ao Brasil.

Bobagem dele.

Anísio, pai do ensino público brasileiro, um dos maiores educadores do pais, voltou ao Brasil e, bem... sabem o que a ditadura fez com ele?

Eu conto.
1971.

Abre uma vaga na Academia Brasileira de Letras.

Impulsionado por amigos, Anísio resolve se candidatar. A campanha começa com visita aos demais imortais expondo sua pretensão.

Belo dia, Anísio foi visitar o Aurélio Buarque de Holanda, pai do Dicionário.
E, depois de sair da casa de velho Aurélio, Anísio Teixeira sumiu.

Desapareceu.

Escafede-se.

A família, desesperada, começou a buscar em hospitais e necrotérios, já esperando por uma desgraça, mas nada de encontrarem Anísio.

Até que surgiu o bizu.

“Foi preso pelos militares”
Imaginam a pressão e o bafafa que foi.

Os ditadorezinhos prenderam o Anísio, que fez mestrado na Universidade de Colúmbia, que criou o sistema público de ensino brasileiro, que foi da Unesco, do CAPES, do INEP.

Currículo na veia.

Caíram de pau nos militares.
Era povo, intelectual, político, artista, família, até militar, querendo saber:

ONDE ESTÁ O ANÍSIO TEIXEIRA?

E a ditadura se fez de desentendida:

- Não prendemos. Jamais!

E, bem... o corpo de Anísio Teixeira foi encontrado 2 dias depois do sumiço... sabem onde?
No fosso do elevador do prédio do Aurélio Buarque de Holanda.

Pode ser que o grande educador não tenha visto se o mesmo estava naquele andar e, num passo em falso, tenha caído.

Mas, pergunto:

Vocês sabem o barulho que um corpo de 80kg faz ao cair do 8 andar?
Se não sabem, eu digo:

É um puta barulho!

É um estrondo gigantesco!

Ninguém no prédio do Buarque ouviu nada.

Para piorar, os militares não queria fazer autópsia, mas a família foi lá e forçou a barra.

Resultado: Anísio não tinha sinais de ter morrido de queda.
Os ferimentos no corpo não condiziam com a queda. Simples.

A família de Anísio jamais aceitou a tese.

Anos depois, diversos testemunhos confirmaram a verdade:

Anísio foi preso, torturado, morto sob tortura e, quando a coisa pegou fogo, os militares encenaram o acidente.
CARA!

A ditadura militar MATOU o pai da educação brasileira pública, gratuita, universal, laica e integrada!

Matou e encenou um teatro patético.

E se você tem uma escola pública nos cafundós do brejo, mesmo que cheia de problemas, foi o Anísio, bixo!
O sistema público de educação brasileiro é repleto de falhas

Professores esforçados que ganham uma miséria. Alunos que fazem a única refeição do dia na merenda escolar. Alunos sem apoio. Equipamentos sucateados.

E, mesmo assim, é lindo!
Se a gente briga hoje pelas Universidades Públicas; se tem aluno ocupando escola pedindo melhorias; se tem professor fazendo greve pedindo salário digno!

Toda essa luta passou pela luta de vida de Anísio, morto como cão sarnento pela ditadura.
Aí, você vê o atual presidente e o que ele faz com a educação.

Três ministros já.

Um, que ninguém lembra; outro, patético; o último, foi sem ter sido.

Para a cria da ditadura, que matou um educador reconhecido mundialmente, acreditem, ainda não chegamos no fundo do poço.
A Ditadura matou Anísio uma vez.

Bolsonaro quer matar o legado de Anísio. Querem matar Anísio uma segunda vez.

Privatizações do ensino. Interferência nas Universidades Federais. Sistema de voucher. Aulas remotas. Desqualificação de professores. Desmotivação dos alunos.
Não podemos apoiar ou aceitar pessoas que lidam assim com a educação.

Num Brasil que teve Anísio e Darcy, é impossível baixar a cabeça.

Ou ficaremos eternamente fadados é encontrar, de forma sombria, nossa educação jogada num fosso de elevador.
“Educação é um direito.”

“Educação não é privilégio.”

“Educação para a democracia.”

São títulos de três dos livros do Anísio, que deixam bem claro a razão desse governo detestar educação.
Anísio Teixeira vive em cada brasileiro que estudou em escola pública.

Em cada um que cursou uma universidade federal ou estadual.

Em cada um que recebeu livros do MEC, que teve merenda escolar.

Anísio Teixeira jamais morreu. Não deixemos que o matem novamente.

❤️
É aqui, uma matéria linda sobre três homens que dedicaram suas vidas à educação brasileira.

maisconhecer.com/campus/1341/Pa…
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