Fanon nos ajuda não só a pensar os tipos de violência. Nos últimos dias, vi muita gente falando que a crença nas instituições e não na justiça com as próprias mãos é o que nos separa da “barbárie”. Isso nos faz “civilizados”. Nada mais errado e hipócrita para o martinicano. 👇🏾
Como ele aponta no Capítulo I dos Condenados da Terra, as instituições ocidentais, a retórica liberal e a sua “democracia” se fundam no seu lado oculto: a morte e avassalmento dos sujeitos matáveis. São instituições que administram a morte por excelência. 👇🏾
Por diversas razões, acabamos ocupando taticamente postos dentro desses espaços. No entanto, isso não retira a sua funcionalidade dentro de uma estrutura de dominação de classe. Essa perspectiva é importante, inclusive, para não perder de vista o nosso papel em tais lugares. 👇🏾
Neste sentido, a barbaridade não está em quem deseja e trama a morte de um genocida (o colono) ou na “vingança”. Ela está no reino de mentiras das instituições - com suas sentenças, ternos, tapinhas nas costas, protocolos - e dos seus defensores, o “lado bonito” da necropolítica.
É algo que sempre falo para os meus alunos: diversos caminhos me fizeram estar no direito e justamente vendo de perto que não acredito nos seus ternos, gravatas, relógios e sapatos caros.
