My Authors
Read all threads
Gente, assim, por mais chatinhos que sejam os professores de História, a gente não tem poder de censurar ninguém. O máximo que a gente faz é criticar.

Tem que ter uma visão muito distorcida sobre educação para confundir crítica com censura.
Só um PS: deus me defenderay de censurar quem faz divulgação de conhecimento histórico, por mais distorcido ou problemático que seja. Não quero esse poder, não e nem acho que os professores de história deveriam ter.

A chave, pra mim, é ter liberdade de crítica.
E fica difícil ter essa liberdade com quem acha que não pode ser criticado, com quem acha que o uso abusivo do passado não pode ser sujeito à críticas duras só porque é bem produzido ou porque sabe operar bem uma ferramenta de marketing.
O historiador Enzo Traverso fala um pouco disso no livro "O passado modos de usar", quando comenta a obra "Shoah", de Claude Lanzmann, apontando como o cineasta considerava que seu documentário sobre o holocausto estava acima da crítica histórica.
Em certo sentido, é uma característica bizarra de certos campos que não querem ser cobrados pela representação do passado - em especial, a cobrança dos historiadores. Essa blindagem, por sua vez, se configura em brecha justamente para criticar os profissionais da História.
Quem não lembra de páginas e slogans que falavam que "os professores de história mentem"? Essa demonização de longa data, nesse momento, passou por uma ramificação: não apenas somos mentirosos como somos "chatos", por fazermos críticas ao conteúdo de divulgadores não-científicos.
A História desmente a memória, relativiza os juízos absolutos, complexifica os conceitos trazendo-os para uma dimensão temporal... E tudo isso visando uma reflexão crítica sobre a relação passado-presente-futuro.
Aliás: isso também casa com Escola Sem Partido, viu? O Fernando Penna tem um texto muito pertinente em que ele lembra que os professores de história também são associados com "vampiros", (sugando a inocência dos alunos), "carcereiros"...
...e, claro, a pior de todas, "estupradores" - algo presente na fala do pulha do fundador do movimento, que considera que somos basicamente abusadores de crianças - e por isso essa nefasta comparação.
Então, em tese, eu pessoalmente tô pouco me lixando de ser chamado de "chatinho". A gente é chamado de coisa pior na nossa profissão. Ainda assim, é curioso como todas essas adjetivações servem justamente para fortalecer assédio e nos acuar.
Ou seja, mesmo na defensiva, o movimento desses "divulgadores" é justamente continuar pavimentando caminho para assédio aos professores como prática política.

E eu não compactuo com isso. É simples assim.
(ok, desmentir a memória é pegar pesado, mas convenhamos, constantemente somos acusados disso...)
Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh.

Keep Current with Fernando L'Ouverture

Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

Twitter may remove this content at anytime, convert it as a PDF, save and print for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video

1) Follow Thread Reader App on Twitter so you can easily mention us!

2) Go to a Twitter thread (series of Tweets by the same owner) and mention us with a keyword "unroll" @threadreaderapp unroll

You can practice here first or read more on our help page!

Follow Us on Twitter!

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3.00/month or $30.00/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!