Thread by @ThiagoKrause2

Não deveria responder em respeito à regra dos dois desvios (@lmonasterio), mas...
1) Não dizemos que a monarquia foi a culpada pela escravidão, mas que foi um regime que viveu em simbiose com ela
2) Não passamos pano para os problemas atuais, explicitamente reconhecidos no texto

https://twitter.com/PauloRezzutti/status/1284556651278868482

3a) 1822-1850 foi o auge do tráfico transatlântico para o Brasil: quase 1.440.000 africanos escravizados foram embarcados para cá, mais que em qualquer outro período equivalente.
Fonte: slavevoyages.org.

3b) A 1a tentativa de acabar com o tráfico atlântico foi em larga medida resultado da pressão britânica, que culminou no tratado de 1827. Entretanto, não foram tomadas medidas efetivas, de modo que após um período de declínio o comércio se recuperou para abastecer a cafeicultura.

3c) O resultado é que os africanos trazidos para o Brasil após a lei de 1831 - cerca de 700 mil chegaram vivos - haviam sido, de acordo com as leis do Império, sequestrados, e a monarquia nada fez para remediar sua escravização ilegal. Cf. @alencastro_f
scielo.br/pdf/nec/n87/a0…

3d) Também houve uma tendência a traficar mais crianças, para estender ao máximo a duração da escravidão. Só gente boa, hein?
scielo.br/pdf/his/v35/19…

3e) O Regresso Conservador e a direção saquarema (conservadora) que garantiram a estabilidade do Império no Segundo Reinado foram uma aliança dos escravocratas e contrabandistas com a Coroa que reprimiu violentamente todas as mobilizações populares.
scielo.br/pdf/alm/n7/223…

4) Esses dois gráficos que o @fbizzarroneto fez a partir dos dados da base de dados históricos sobre os indicadores de democracia (Historical V-DEM) ilustram muito bem a "grande divergência democrática": como regredimos a partir do Regresso Conservador, em termos comparativos.

5) O fim do tráfico em 1850 é novamente indissociável da brutal pressão inglesa (que tem, é claro, seus motivos imperiais e econômicos) e o aceite conservador deriva da necessidade de garantir a soberania nacional, a estabilidade e a neutralidade britânica nas disputas no Prata.