Oi gente! Causo novo e, já aviso aos amigos, será um dos últimos dessa história da fazenda. O ponto final está chegando e quero que esse ciclo se feche bonitinho. A história de hj aconteceu no fim da década de 1960, duas semanas antes do meu avô e avó desistirem e se mudarem.
Tia Denise conta que em um determinado momento, ela acha que em abril daquele ano, os "homens" da casa começaram a mandar ela e irmã dormirem assim que o sol se punha. Ela já era deficiente visual nessa época e lembra de ficar sentada na cama por horas até o sono bater. 
O que deixava ela mais enervada nessa época é que Maninho, o meio-irmão, começou a andar com um anel gigante na mão esquerda. Ele ia batendo com uma moeda no anel, tec, tec, tec, o dia inteiro. Ela lembra, mesmo sem enxergar, de ouvir aquilo anunciando sua chegada.
O menino, já meio-homem, estava impossível. Violento, desmandava em todos na fazenda. Se intrometia na casa e na vida de todos, sempre com sorriso desdenhoso. Era uma das grandes razões que meus avós já queriam sair de lá. Minha avó ficava morrendo de medo.
Tia Denise estava no quarto em uma dessas noites. "Maninho disse com tdas as letras: era dia importante e eu não podia sair de jeito nenhum. Era mês de rezadeira". Perguntei o que é que era mês de rezadeira mas ela ñ conseguiu explicar direito. Talvez Quaresma?
Ela estava sentada em sua cama e começou a ouvir os característicos sons de arrastar dos quartos. Era como se um pesado móvel fosse levado de lá para cá, sem mta finalidade. Ela conseguia ouvir ainda Maninho e o pai conversando - mas sem identificar o que falavam.
"Naquela época do ano a fazenda era fria que só vendo. Eu lá, embrenhada no meu cobertor, não vejo nada, nadinha. E um barulho de arrastar, como se o capeta estivesse andando carregando uma cruz de ferro", ela me disse ontem.
Um tempo depois, ouviu a porta da casa abrir e os passos dos dois saindo. Logo ficou com vontade de ir ao banheiro - mas lembrou dos avisos do menino "Não é para sair até de manhã". Resolveu mandar pras favas: conhecia a casa bem, seria uma saída rápida.
Voltando do banheiro, tateando pelas paredes para achar o próprio quarto, ouviu Maninho, no fim do corredor. Ou melhor, ouviu o característico som do anel batendo na moeda, tec, tec, tec. Correu para o quarto, morrendo de medo da bronca que por certo viria.
Fechou a porta com pressa e se colocou embaixo dos lençóis, esperando pela pior - mas não aconteceu nada. Sentada na cama, ficou uns minutos ouvindo o barulhos dos bichos lá fora e "sentiu" que tinha mais alguém no quarto. "Fia, eu sou cega mas não sou tonta, tinha alguém lá"
"Mas entrou como?", perguntei
"Eu eu sei? Eu disse que era coisa desse mundo? Era macomunado com Maninho, logo começou a querer me assustar: tec, tec, tec, ouvi logo aquele anel ridículo dele. "Não era Maninho mas era coisa que tinha lado com ele"
"Eu eu sei? Eu disse que era coisa desse mundo? Era macomunado com Maninho, logo começou a querer me assustar: tec, tec, tec, ouvi logo aquele anel ridículo dele. "Não era Maninho mas era coisa que tinha lado com ele"
Ela disse que ficou na cama ouvindo aquilo por uma eternidade, até que a "coisa" resolveu se aproximar da cama. Tec, tec, tec. Nisso, ela começa a rezar, rezar. A cama afunda um pouco, como se alguém tivesse sentado na ponta.
"Aquilo fungava, eu rezava, e ouvia o tec, tec, tec, achei que ia ficar lá para sempre".
Rezei tanto que uma hora ela fungou forte, deu como um suspiro e o barulho acabou".
Resolveu tentar dormir mas acordou, um tempo depois, com Maninho a balançando "Dessa vez era ele sim".
Rezei tanto que uma hora ela fungou forte, deu como um suspiro e o barulho acabou".
Resolveu tentar dormir mas acordou, um tempo depois, com Maninho a balançando "Dessa vez era ele sim".
"Você saiu do quarto, menina, eu sei que saiu. Estragou tudo com aquela reza que a preta te ensinou, não foi? Mas não tem nada, logo mais, quando o povo voltar a ficar doente, eu vou dar um jeito de voltar".
Na semana que vêm, o último causo!
Na semana que vêm, o último causo!
