Essa semana, além da comemoração pelo dia internacional da mulher negra afrolatina e caribeña, é tb semana de luta pelo #AbortoLegal. E é incrível como no Brasil, país com um legado de movimentos de mulheres tão rico e diverso, essa luta é completamente apagada nas redes sociais.
Apagada porque a esquerda anticapital das redes sociais prefere ficar disputando discurso no terreno da direita.
Se tem uma coisa que me arrependo na vida é ter um dia adotado a postura de achar que tenho que comentar sobre absolutamente tudo e assim perder o foco do que REALMENTE importa.
É aquela, a gente inconscientemente cai numa lógica insana alentada por likes e rt, de que as pessoas não poderiam ficar sem saber o q temos a dizer sobre algo que, na verdade, não tem a menor relevância na vida material de ninguém, nem nesse espaço e muito menos fora da Internet
A defesa da "necessidade de uma Frente Ampla pra derrotar Bolsonaro" é curiosa, pois sabemos q o sistema partidário brasileiro é muito fragmentado, inclusive, Lula só pôde ganhar a eleição em 2002 pq construiu uma "Frente muito ampla" com siglas q ia da esquerda à centro direita.
A chegada de Lula ao poder em 2002 constituiu um feito de transcendência histórica, sem dúvida alguma. Contribuiu pro fortalecimento de um "ciclo político" da democracia latinoamericana e pra construção com a esquerda regional em particular. Entretanto, a defesa de Frente Ampla+
é na verdade uma maquiagem para justificar que o fragmentado sistema partidario brasileiro praticamente obriga a formação de grandes grandes coalizões de governo com partidos que, muitas vezes, se posicionam ideológicamente mais próximos da direita.
O caso do menino Lucas, filho da cantora Walkyria, só reforça em mim a convicção do quão absurdo é expor (muitas vezes sem medida) crianças e adolescentes à perigosa sensação de viver pra ser validados por feedback em tiktok e Instagram. Tem gente que inicia bebês nesse circuito.
Adolescentes tão perversamente expostos aos estímulos nefastos das redes sociais, quando nem mesmo adultos aguentam o rojão de ser vítima de um ataque hater.
Sinceramente, a gente tá bem doente como sociedade.
Um adendo: é bom a gente pensar nisso não apenas para casos de hater. O próprio fato de só se sentir validades por estímulos positivos na internet, ter milhões de seguidores (estamos falando de crianças) é um exercício que nubla muito o senso crítico.
Gabriel Boric, vencedor das eleições primarias, principal aposta da esquerda para a eleição presidencial no Chile, ganhou com a ajuda da direita? Daniel Jadue, representante da coalizão Chile Digno, militante do PC chileno, foi prejudicado pelo anticomunismo transversal? #fio 👇
No dia 18 de julho o Chile foi às urnas mais uma vez para eleger seus candidatos à disputa presidencial que irá acontecer em novembro. Dois candidatos sairam vencedores: Gabriel Boric, por Apruebo Dignidad (esquerda antineoliberal); e Sebastián Sichel, por Chile Vamos (direita).
Na semana anterior à primaria, começou a circular uma tese de q votantes da direita iriam se mobilizar a favor da candidatura do deputado Boric, com o objetivo de impedir que Jadue fosse o candidato presidencial da esquerda radical em novembro. Que tão verdadeiro é essa teoria?👇
A mídia brasileira, ao invés difundir o vídeo como denúncia REPUDIANDO a violência contra mulher e a violência contra uma criança que presencia a agressão (alô ECA!), acaba por dar mais visibilidade ao agressor pois apenas ~relata~. A imprensa brasileira é a principal responsável
O cara é filmado (filmado!) espancando a ex mulher diante da filha bebê, sacode o carrinho da criança em claro sinal de que seria capaz de agredi-la tb, e não só não está respondendo na justiça por isso, como ganhou MILHARES de seguidores na internet. Surpresa? Nem um pouco.
Foi esse mesmo "fenômeno" que nos trouxe Bolsonaro ao poder.
A mídia brasileira PRECISA ser democratizada, precisamos falar sobre acabar com o monopólio dos meios de comunicação no BR.
Senão, jamais vamos acabar com os discursos dominantes q justificam a barbárie no nosso país.
Creio que o mito sociológico na verdade mora na concepção de "elite benevolente", não só no Brasil, mas em qualquer lugar. Sinceramente... isso de "nossa elite" tem que acabar assim como a elite propriamente dita de qualquer coisa, também como a burguesia, obviamente.
Se a gente concorda que toda riqueza é oriunda de exploração, por que diabos a ideia de que possa existir uma classe cheia de privilégios (acumulação) que ao mesmo tempo seja boazinha, e *republicana*? Qual o sentido?
(a pergunta é retórica, porque o sentido é: domesticação para eliminar o antagonismo de classe.)
Essa tática de atirar nos olhos de manifestantes não é nova na América Latina. E vamos puxar na memória: a policia brasileira usou e abusou dessa tática nas jornadas de Junho de 2013/2014. Técnica que aprendeu com a policia de Israel, diga-se de passagem.
No Chile, Carabineros gostaram da ideia e mutilaram mais de 400 olhos na revolta de 2019. Centenas de chilenos hoje precisaram formar uma organização para exigir reparação do Estado.
Também há registros de muitos olhos mutilados pela policia na Colômbia. São sádicos assassinos.
É necessário fazer memória, porque o fotógrafo Sérgio Silva foi atingido por bala de borracha em 13 de junho de 2013 na cobertura de passeata pacífica do MPL em SP. Sergio ainda foi responsabilizado pelo Estado por ter sido vítima da polícia.