Deltan está saindo da coordenação da Lava Jato em Curitiba, de fato, por motivos familiares, como ele já explicou. O substituto dele (ao menos por ora) sempre demonstrou compromisso com a operação, embora ocupasse função relativamente secundária na estrutura da LJ.
A função de coordenador é pesada e repleta de armadilhas. Caso se confirme o nome de Alessandro de Oliveira, será um grande teste não apenas para ele - mas para a própria Lava Jato, num momento para lá de difícil.
A esta altura, tudo é incerto. Não se sabe Aras cumprirá a decisão de prorrogar a Força-Tarefa por 60 dias, renováveis por outros 60, e assim por diante. Ou se o Conselho Superior encontrará outra solução para as forças-tarefas - uma solução permanente.
Qualquer solução permanente requer, no mínimo, previsibilidade (nada de renovações como método de pressão), dedicação exclusiva (os casos cobram 25 horas por dia de trabalho) e algum grau razoável de autonomia operacional e estratégia.
Que a filha de Deltan tenha toda a saúde do mundo. E que seja possível manter as grandes investigações em curso no país, em diferentes jurisdições, embora hoje sob o mesmo ataque coordenado de quem detém poder político e jurídico.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
A pedido do Banco Master e por ordem do juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, o Bastidor e eu estamos sob censura. O veículo foi obrigado a excluir uma reportagem; eu, a apagar posts no Twitter que a citassem. obastidor.com.br/justica/o-bast…
Fomos notificados da ordem judicial na manhã de quarta da semana passada. Tínhamos dois dias para retirar do ar a reportagem investigativa, sob pena de multa e outras medidas mais graves. Cumprimos a decisão no prazo.
Os advogados do Master argumentaram que a reportagem causou danos de imagem ao banco e a seus executivos por meio de "conteúdo calunioso e difamatório". Não apontaram erros de fato, lapsos de lógica ou omissões significavas na matéria.
Desde as 9h53 de hoje (10 de agosto de 2023), o Bastidor, eu e outros integrantes da equipe somos alvo de um ataque digital amplo e sofisticado, do raro tipo que exige motivo forte e recursos largos. Ataques DDoS, em volume de milhões, com origem em múltiplos países.
Apesar das medidas de proteção que adotamos, o site tornou-se instável e caiu em seguida. Era um ataque DDoS numa escala que nunca enfrentamos. Mesmo contando (há bastante tempo) com os serviços da @Cloudflare, e com a ajuda deles, não foi possível mitigar o ataque.
Tentamos várias possibilidades. Mas o Bastidor permaneceu as últimas horas fora do ar. Seguimos tomando todas as providências possíveis para normalizar o acesso ao site e, ademais, minimizar chances de ocorrências semelhantes.
Cabral está preso preventivamente desde 2016. Tempo demais. Soltá-lo, como decidiu ontem o STF, faz sentido. O que se ignora é o contexto do caso de Cabral, indissociável da retomada - tão política quanto jurídica - de um sistema penal tragicômico para crimes de colarinho branco.
O ex-governador do Rio tem 23 condenações, quase todas antigas, com penas em regime fechado. Corrupção, lavagem, organização criminosa. Desvios de bilhões. Tudo documentado ainda no primeiro ano da preventiva dele.
Em 2019, quando o Supremo decidiu acabar com a possibilidade de prisão após a segunda instância (execução provisória da pena), o cumprimento dessas condenações voltou a ocorrer apenas após o trânsito em julgado - na prática, após recursos ao mesmo STF.
Vamos a uma breve memória do empresário José Seripieri Filho, também conhecido como “Júnior da Qualicorp”. Ele fundou a empresa e, após travar amizade com gente do PT, do MDB, do PSDB e até do PCdoB, virou um avião da política brasileira. Decolou. obastidor.com.br/investigacao/q…
Após ser preso pela PF num caso que envolveu suspeita de propina a José Serra, apareceu em seguida em operações de lavagem de dinheiro com o escritório da família Claro, especializada em intermediar negociatas políticas.
Lula cometeu seu primeiro erro político como presidente eleito. Sua fala crítica sobre “a tal responsabilidade fiscal” assustou investidores que já não estavam tão confiantes nos compromissos do petista com as contas públicas. A reação foi previsivelmente forte e danosa ao país.
“O mercado fica nervoso à toa”, disse Lula, expressando uma visão antiquada e inadequada sobre a relação entre mercado e a saúde financeira de um país. Se alguém disser que “pobre não come mercado”, basta esperar o que esse tipo de mentalidade fará aos miseráveis do Brasil.
Quem bem pode contar o que acontece nesses casos é o novo integrante do governo de transição: Guido Mantega. Conhecido na Odebrecht pelo codinome “pós-Itália” e responsável pela conta de propina do PT junto a Joesley, Mantega também parecia achar que “o mercado” é bobagem.
Desde domingo, o presidente Jair Bolsonaro, com seu longo silêncio e seus resmungos a aliados, comporta-se como se tivesse sido massacrado nas eleições. Além de ferir a democracia ao ignorar o rito fundamental da transição civilizada de poder, comete um erro político elementar.
O fato mais relevante é a perda da eleição. Mas Bolsonaro obteve 58 milhões de votos. Conquistou 7 milhões de votos no segundo turno; Lula, 3 milhões. Bolsonaro perdeu por uma diferença mínima (2 milhões) uma eleição que se anunciava difícil desde que Lula foi libertado pelo STF.
Para tentar vencer, Bolsonaro, como seus antecessores, abusou da máquina. Teve poucos avanços entre os mais pobres. Mas mobilizou dezenas de milhões de eleitores. Seja pela guerra cultural, seja pelo antipetismo, seja por uma mistura das duas coisas, Bolsonaro mostrou força.