CDC notificou as autoridades de saúde pública americanas para se prepararem para distribuir uma vacina contra a COVID-19 para profissionais de saúde e outros grupos de alto risco já no final de Out/Nov.
A corrida acelerou nos EUA. Os documentos do CDC foram enviados no mesmo dia em que o presidente Trump disse à nação em seu discurso à Convenção Nacional Republicana que uma vacina poderia chegar antes do final do ano.
Mas vamos com calma. Chegar para quem? A notícia menciona grupos estratégicos, como profissionais de saúde e outros grupos de risco para a COVID-19.
O próprio FDA se manifestou na semana passada, dizendo de antemão que uma vacina pode estar disponível para certos grupos antes de os ensaios clínicos terem sido concluídos, se os dados forem extremamente positivos.
A notícia traz um ponto relevantíssimo: a preocupação com a disponibilização dessas vacinas antes da conclusão da fase III, algo que venho debatendo há um tempo aqui e nas redes sociais.
"Especialistas em saúde pública concordam que as agências em todos os níveis de governo devem se preparar urgentemente para o que será um esforço vasto e complexo para vacinar centenas de milhões de americanos. +
+ Mas a possibilidade de um lançamento no final de outubro ou início de novembro aumentou as preocupações de que o governo Trump esteja tentando apressar a distribuição de uma vacina - ou simplesmente anunciar que é possível - antes do dia da eleição em 3 de novembro."
Os EUA enfrentarão um baita desafio logístico. "a distribuição de milhões de vacinas que devem ser armazenadas em temperaturas abaixo de 0 e fornecidas primeiro a grupos de risco por meio do sistema de saúde fragmentado e falho dos Estados Unidos seria um desafio assustador."
Sobre que vacinas poderiam ser essas: no documento do CDC, eles se referem a vacina A e vacina B com especificações técnicas para ambos. Os detalhes parecem coincidir com as candidatas da Pfizer e Moderna, que estão mais avançados em testes clínicos em estágio final
A própria Pfizer declarou recentemente que estava "no caminho certo" para buscar uma revisão do governo "já em outubro de 2020".
Agora, vamos considerar mais uma coisa: eleições norte-americanas. É difícil não considerar que todas essas declarações também não possam ter um viés político, como uma vacina pré-eleitoral, não?
É o problema de partidarizar algo que é de relevancia profunda na saúde pública
Os grupos que receberiam seriam os profissionais de saúde, incluindo funcionários de longa permanência, estariam entre os primeiros a receber o produto, junto com outros trabalhadores essenciais e funcionários da segurança nacional.
Pessoas com 65 anos ou mais, bem como nativos americanos e aqueles que são de “populações de minorias raciais e étnicas” ou encarcerados - todas as comunidades conhecidas por apresentarem maior risco de contrair o vírus e sofrer de doença grave - foram priorizados nos documentos.
Eles comentam muito que esses cenários são hipotéticos, mas torno a dizer que as manchetes são atraentes e que mexem com as expectativas das pessoas.
CAUTELA. Não precisamos de mais e mais distorções em algo sensível.
Esses enários estão presumindo que tanto segurança, quanto eficácia se confirmariam na fase III. Mas quem pode afirmar isso?
A conclusão da fase III.
Até lá, meus queridos, é tudo especulação. Olho vivo e faro fino sempre.
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual