Não tenho opinião sobre a mudança de nome da ex-torre David Hume, mas também não entendo o pânico moral. Ninguém está propondo queimar os seus livros ou deixar de estudá-lo.
Mas só escrevi esse minifio por causa da ignorância (muito comum) do último parágrafo: @JoelPinheiro85, o Haiti aboliu a escravidão e condenou o racismo primeiro, graças à ação dos escravizados (e não do Hume ou do Smith), antes do Reino Unido sequer ter abolido o tráfico.
Eu ainda tinha esperança que o @JoelPinheiro85 crescesse intelectualmente porque não achava que esse eurocentrismo e elitismo sejam componentes necessários da sua ideologia, mas não parece ser o caso. Fazer o quê! Abaixo vão minhas respostas.
Se conhece, por que atribuiu a primazia na abolição aos britânicos, comprando seu discurso? Porque eu não consigo entender como Saint-Domingue/Haiti e Reino Unido podem ser considerados parte da mesma sociedade. Se estiver pensando numa “sociedade ocidental”, bem, isso não existe
É de uma condescendência brutal achar que escravizados africanos precisam de ideais ocidentais para valorizar a liberdade. 2/3 dos c. 450 mil escravizados eram africanos. A quase totalidade era analfabeta. E você acha que foi a Declaração dos Direitos do Homem o mais importante?
A rebelião escrava começa em 1791. Muitos escravizados professavam um apreço pela monarquia devido à cultura política centro-africana. Outros - como Toussaint! - lutaram ao lado da monarquia espanhola, percebida como uma aliada útil contra os escravocratas jstor.org/stable/20078560
A posição antiescravista era minoritária entre os revolucionários (embora existisse): eles foram empurrados pela necessidade militar e pelo exemplo dos próprios escravizados em 1793-4. Como já se escreveu, “as massas de Saint Domingue começam... e as de Paris terminam”.
O segundo fio do debate está aqui. Desde já peço desculpas aos que não consegui responder, porque foram replies demais hoje.
Custa pedir pra um historiador resenhar os livros do Laurentino Gomes?
Tem basicamente um erro por parágrafo (noto que não li o livro) 1) Rigorosamente nenhum historiador considera seus livros “clássicos da historiografia”. São sínteses, o que é legítimo. www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022…
2) O tráfico negreiro transatlântico foi estruturante no Brasil, mas “só” das primeiras décadas do XVII a 1850. Antes a escravidão indígena foi mais importante; depois… Bem, o tráfico acabou em 1850.
3) Não há “farta documentação”, muito menos fontes “pouco conhecidas - mesmo de historiadores tarimbados”. Nos volumes anteriores, há um recurso competente à historiografia e uso de fontes publicadas clássicas. Não há nada de novo - o que, novamente, é legítimo!
As manifestações foram pífias, muito menores que as anteriores. É bem ridículo colocar a culpa no PT, como tou vendo o pessoal de centro-direita fazendo, né? Se dependiam tanto da esquerda, servem pra quê? Venham para as da esquerda então, ué.
Isso aí é tristeza ao perceber a própria falta de base popular. Seria bom se houvesse uma centro-direita capaz de confrontar Bolsonaro, seja demandando impeachment ou na urna, mas não é o caso. O pessoal que MBL e afins mobilizava esteve nas ruas dia 7 querendo golpe.
E faz todo sentido, porque o MBL tem muito mais a ver com essa gente - lembram do pânico moral que incitaram no caso Queermuseum? Fernando Feriado querendo restringir serviços de saúde às mulheres que têm direito a aborto em casos previstos por lei?
Não estou acompanhando de perto, mas pela cobertura a manifestação convocada pelos ex-bolsonaristas está bem esvaziada, não? O que quem foi está achando? aovivo.folha.uol.com.br/poder/2021/09/…
Tava esperando o @zeknust tuitar isso pra reproduzir: não seria de bom roubar o que ele disse no WhatsApp...
@fbizzarroneto@alencastro_f A cronologia não funciona. O tráfico interprovincial ocorre fundamentalmente entre 1850-81, enquanto as ameaças à unidade territorial são entre 1817-45. Eu formularia de outra forma, pensando na escravidão quanto na fiscalidade.
@fbizzarroneto@alencastro_f 1) A classe senhorial interessada no tráfico e da escravidão precisava da unidade para resistir às pressões britânicas pela abolição do tráfico transatlântico - embora, a partir de 1831, isso fosse cada vez mais um interesse fluminense e menos das outras regiões.
@fbizzarroneto@alencastro_f 1b) É muito difícil imaginar a possibilidade de separação pacífica: era questão de prestígio nacional e posição geopolítica (também na relação com o Sul). Um deputado de esquerda chega a propor a possibilidade de permitir a separação do Rio Grande do Sul, mas foi rejeitada.
A nova presidente da @CAPES_Oficial (a instituição que avalia e organiza a pós-graduação brasileira) fez doutorado em "Sistema Constitucional de Garantia de Direitos" na faculdade de que é dona, foi reitora e é batizada com seu próprio sobrenome! É muita avacalhação.
A verborragia dos Supremos é uma coisa absurda, talvez única no mundo. Agora temos presidente do STF posicionando-se contrariamente impeachment do presidente negacionista e com instintos autoritários que cometeu dezenas de crimes de responsabilidade. politica.estadao.com.br/noticias/geral…
Em seguida, baseia sua crença na solidez da democracia brasileira “em conversas espontâneas” com generais.
Não é possível, sério!
Quanto mais você lê, mais piora. Até passar pano pros cloroquiners o Fux passa, com argumento de autoridade!