Gaviões definiu os sambas finalistas para cantar o enredo que pede “basta” ao preconceito, à opressão e, vejam só vocês, à intolerância.
Samba 12 (Wander Pires):
Samba 15 (Nego):
Samba 19 (Igor Sorriso):
A Gaviões provavelmente vai acabar tendo um samba melhor do que qualquer um produzido nos últimos 10 anos, uma década na qual não se salva rigorosamente nada na discografia da escola. Mas chama atenção como a identidade musical da escola se perdeu completamente.
Nem dá pra falar mais que “não tem cara de Gaviões” porque a Gaviões não tem mais cara. O samba pé no chão, sincopado, com respiro, foi embora junto com o relógio do Anhembi e não voltou lá nunca mais. Sobraram essas harmonias rebuscadas, cheias de variações, sem apelo nenhum.
É como se o espetáculo da arquibancada - bandeirão, sinalizador - e o samba fossem, ao invés de complementares, antagônicos. Um não só não precisa do outro como parece melhor que não se conectem. A arquibancada não precisa do samba e vice-versa. Isso é uma tristeza.
De modo que são três bons sambas, alguns com uma ou outra sacada de maior inspiração, creio que o suficiente pra se destacar num CD como o de São Paulo, mas meio que tanto faz qual dos três vai ganhar. Os três são descartáveis além desfile, além trilha sonora do enredo.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Pra quem esperava o Flamengo da liberdade de movimentação e do protagonismo das ações individuais dos jogadores, a escolha de Sampaoli é uma quebra de expectativa.
É um técnico que, assim como Domenec, Sousa e VP, coloca suas ideias acima de características individuais.
Veja: não é que ele faça o mesmo jogo dos citados. É só que, assim como eles (e, a bem da verdade, a maioria dos técnicos de ponta), o time se adapta à ideia e não o contrário. Não tem problema. Mas é que no Flamengo isso tem sido problemático quando não existe uma sintonia.
Jorge Jesus fez um trabalho obviamente espetacular no Flamengo. O time jogou uma bola que há 20 anos não se via no Brasil. Porém, o mito sebastianista de que um dia ele vai voltar pra resgatar esse período glorioso é utópico mesmo que de fato ele aceite retornar.
A saudade não é do Jorge Jesus. A saudade é do espanto que ele causou. E por isso é impossível de se repetir: olhando em retrospectiva, a campanha do Flamengo na Libertadores de 2022 é muito mais impressionante que a de 2019.
Mas uma encerrou 38 anos de jejum. A outra foi banal.
Aquela comunhão não vai existir de novo daquela forma. É preciso pensar em construir uma história diferente. Eventualmente com o próprio Jorge Jesus. Ou com outro técnico. Mas ouso dizer que ninguém vai despertar a sensação que aquele time de 2019 despertou. Contexto importa.
Glória aos “perdedores”, “fracassados”, “derrotados”… que são convictos daquilo que fazem.
Viva Fernando Diniz. O futebol brasileiro precisava, precisa e ainda vai precisar muito dele.
O título demorou, mas veio da maneira mais arrebatadora possível. Viva! Merecedor demais.
Fernando Diniz acerta e erra. Mas Fernando Diniz é a resistência ao “não dá”. Ao “não pode”. Ao “não tem como”. Ao “meu elenco é ruim”. Ao “não tenho reforço”. Ao “tem muito jogo”. Foi lá, não poupou, enfiou 3 no Cristal e 4 no Flamengo.
De vez em quando a mediocridade perde.
O futebol dos influencers que precisam de berros sem sentido contra o trabalho dos outros pra ganhar likes nunca vai entender o Diniz.
O futebol da tolerância zero ao erro, visto e comentado por pessoas que devem acertar todo dia, jamais vai entender o que ele desperta.
Último título, 2003. Última vez entre as cinco primeiras, 2011. A Gaviões já tentou de tudo nos últimos 12 anos pra sair da fila. Esse ano vem pra delirar. O enredo é 100% utópico. Imagina um mundo de harmonia entre as crenças.
📸 UOL
🙏 COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: o mundo atual e a intolerância religiosa
1º setor: A paz de Deus no raiar de um novo dia
2º setor: cristãos e indígenas, xiitas e sunitas, Cristo e Oxalá: a paz entre as crenças
Duas vezes 4º lugar nos últimos 4 anos. O título da Tom Maior anda batendo na trave e a escola agora aposta ao mesmo tempo na África e na maternidade e feminilidade, temas caros à sua comunidade, pra chegar lá.
📸 G1
🤰🏿COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: Saudação à Odu, a primeira mãe, a criadora do mundo segundo os iorubás
1º setor: a criação do mundo
2º setor: as iyamis, as mães-pássaro
3º setor: yabás, orixás femininas do candomblé
4º setor: Nossa Senhora e as santas pretas do catolicismo
Depois de 17 anos a Rosas de Ouro voltará a cantar um enredo de matriz afrobrasileira. É um caminho para se reconectar com suas origens na Vila Brasilândia e para abordar um tema atual, como foi com os rituais de cura em 2022.
📸 SRzd
✊🏿 COMO SERÁ CONTADO O ENREDO?
1º setor: as várias Áfricas que aportaram no Brasil
2º setor: a chegada dos negros escravizados e o Quilombo de Palmares
3º setor: a contribuição do povo preto nas artes, na cultura, esporte e política