A imagem publicada pelos clubes adeptos da Lei do Mandante é essencialmente um exemplo de desinformação. Sobretudo porque os exemplos da Premier League e da NFL tem muito mais a ver com negociação coletiva do que propriamente com direitos ao clube mandante. Mas não é só isso.
No caso da Premier League a comparação é inviável também por uma questão cultural: lá, valoriza-se a presença no estádio a ponto de quase metade dos jogos (180 na temporada 2019/20) simplesmente NÃO TER transmissão de TV em território britânico. Não existe jogo na TV aberta.
A BBC, que aparece ali como se transmitisse sempre, transmitiu quatro jogos na temporada 2019/20, todos no pós pandemia. Foram os primeiros desde a fundação da Premier League. Trata-se de uma cultura completamente diferente da nossa, um mercado sem paralelo com o brasileiro.
Por isso, inclusive, tamanha fragmentação dos direitos - e por isso essa fragmentação vem da negociação coletiva. Você compra pacotes específicos de jogos. Específicos e pequenos. São muitas empresas transmitindo poucos jogos (exceção feita à Sky Sports). Temos isso aqui?
E por fim o raciocínio mais óbvio, como estamos comprovando empiricamente no caso da Libertadores. Concorrência = dinheiro sim. Só que o dinheiro sai do bolso do torcedor, que precisa de mais assinaturas, de mais plataformas, de mais internet, de mais tudo. É ele quem paga.
Portanto, cada um defenda o que quiser. Mas saiba o torcedor que essa imagem, essa campanha, está te enganando. Está te enganando com informações imprecisas, equivocadas ou descontextualizadas. E te enganando porque não avisa que é você quem vai pagar a conta do “mais dinheiro”.
Esse é um elemento tão importante que vale adicionar ao fio. Ligas como a PL e a NFL arrecadam muito dinheiro também porque transformaram os campeonatos em fenômenos globais. O Brasileirão ainda nem engatinha nesse universo. E não tem um bom produto.
O John Textor sacia a sede de um tipo muito comum de brasileiro: aquele que “não se deixa enganar” e sabe que “é tudo roubalheira” pra prejudicar “vocês seus trouxas”.
É um brasileiro que não tem prova de nada mas tem certeza de tudo. Uma gente que se acha muito inteligente.
Junte a isso a coitadolândia que habita cada torcedor. Aquela coisa de ter CERTEZA que alguém quer prejudicar seu time. Pronto. Apareceu alguém pra “provar”.
Do ponto de vista midiático não tem como dar errado pro Textor. E nem pro Kajuru. É sucesso garantido.
Com todo esse esforço de investigação (que não é um problema, que fique claro) vão lá descobrir um ou outro jogo fraudado na Série C do Tocantinense.
Vão agir pra que o futebol das divisões inferiores seja mais seguro? Não. Vão usar isso pra colocar em xeque o que eles querem.
Pra quem esperava o Flamengo da liberdade de movimentação e do protagonismo das ações individuais dos jogadores, a escolha de Sampaoli é uma quebra de expectativa.
É um técnico que, assim como Domenec, Sousa e VP, coloca suas ideias acima de características individuais.
Veja: não é que ele faça o mesmo jogo dos citados. É só que, assim como eles (e, a bem da verdade, a maioria dos técnicos de ponta), o time se adapta à ideia e não o contrário. Não tem problema. Mas é que no Flamengo isso tem sido problemático quando não existe uma sintonia.
Jorge Jesus fez um trabalho obviamente espetacular no Flamengo. O time jogou uma bola que há 20 anos não se via no Brasil. Porém, o mito sebastianista de que um dia ele vai voltar pra resgatar esse período glorioso é utópico mesmo que de fato ele aceite retornar.
A saudade não é do Jorge Jesus. A saudade é do espanto que ele causou. E por isso é impossível de se repetir: olhando em retrospectiva, a campanha do Flamengo na Libertadores de 2022 é muito mais impressionante que a de 2019.
Mas uma encerrou 38 anos de jejum. A outra foi banal.
Aquela comunhão não vai existir de novo daquela forma. É preciso pensar em construir uma história diferente. Eventualmente com o próprio Jorge Jesus. Ou com outro técnico. Mas ouso dizer que ninguém vai despertar a sensação que aquele time de 2019 despertou. Contexto importa.
Glória aos “perdedores”, “fracassados”, “derrotados”… que são convictos daquilo que fazem.
Viva Fernando Diniz. O futebol brasileiro precisava, precisa e ainda vai precisar muito dele.
O título demorou, mas veio da maneira mais arrebatadora possível. Viva! Merecedor demais.
Fernando Diniz acerta e erra. Mas Fernando Diniz é a resistência ao “não dá”. Ao “não pode”. Ao “não tem como”. Ao “meu elenco é ruim”. Ao “não tenho reforço”. Ao “tem muito jogo”. Foi lá, não poupou, enfiou 3 no Cristal e 4 no Flamengo.
De vez em quando a mediocridade perde.
O futebol dos influencers que precisam de berros sem sentido contra o trabalho dos outros pra ganhar likes nunca vai entender o Diniz.
O futebol da tolerância zero ao erro, visto e comentado por pessoas que devem acertar todo dia, jamais vai entender o que ele desperta.
Último título, 2003. Última vez entre as cinco primeiras, 2011. A Gaviões já tentou de tudo nos últimos 12 anos pra sair da fila. Esse ano vem pra delirar. O enredo é 100% utópico. Imagina um mundo de harmonia entre as crenças.
📸 UOL
🙏 COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: o mundo atual e a intolerância religiosa
1º setor: A paz de Deus no raiar de um novo dia
2º setor: cristãos e indígenas, xiitas e sunitas, Cristo e Oxalá: a paz entre as crenças
Duas vezes 4º lugar nos últimos 4 anos. O título da Tom Maior anda batendo na trave e a escola agora aposta ao mesmo tempo na África e na maternidade e feminilidade, temas caros à sua comunidade, pra chegar lá.
📸 G1
🤰🏿COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: Saudação à Odu, a primeira mãe, a criadora do mundo segundo os iorubás
1º setor: a criação do mundo
2º setor: as iyamis, as mães-pássaro
3º setor: yabás, orixás femininas do candomblé
4º setor: Nossa Senhora e as santas pretas do catolicismo