No longínquo ano de 2013 – parece ter sido no século passado, não? – eu dei essa resposta para o insubstituível Antonio Abujamra, no episódio 634 do 'Provocações' original. Hoje, eu ainda responderia a mesma coisa. E você?
Aqui está a entrevista na íntegra. Vou fazer um mini-cordel a seguir aqui contando como foi que ela aconteceu, pois eu era na época um cara totalmente desconhecido fora do meu ambiente de trabalho.
Era o tempo em que o Facebook ainda não tinha envenenado completamente o seu algoritmo, e ainda dava para interagir e descobrir pessoas interessantíssimas por lá. Foi assim que eu conheci a Katia Gavranich Camargo e ficamos face-amigos.
Acontece que o companheiro da Katia, o Gregório Bacic, era o diretor e um dos criadores, junto com o Abu, do #Provocações original. Katia deu a ideia ao Gegório de convidarem esse psiquiatra obscuro, recém-professor da UNICAMP, mas meio abusadinho, bem do jeito que gostavam.
A produção topou, e eu também, morrendo de medo. Eu me lembro que fiquei assistindo vários programas para sacar qual era o estilo do Abu, e com quais cutucadas ele poderia me provocar. Saquei que ele tinha umas perguntas-padrão em todos os programas. Era parte do personagem.
Uma delas era essa aí dos bancos x religião (na minha edição meteram a Big Pharma no meio). A outra era como o convidado gostaria de reencarnar. O grand finale era a pergunta 'O que é a vida?', que era repetida logo depois que a pessoa entrevistada respondia a primeira vez.
Para a pergunta da reencarnação era fácil. Todo mundo que me conhece sabe que eu gostaria de reencarnar em um urubu-jereba. Não vou explicar aqui a razão. Se quiser saber, assiste aí a entrevista inteira no link ali no começo do cordel.
Mas para as outras eu confesso que só encontrei resposta na estrada entre Campinas e os estúdios da Cultura na Barra Funda (é, pois é, a @TVCultura não dava grana para o Provocações pagar a minha passagem, fui por minha conta mesmo), levando a família toda pro estúdio.
Chegamos cedo eu, companheira, filho e filha, que na época tinham 12 e 8 anos de idade, respectivamente. Depois da maquiagem, entro no estúdio, e lá, no cenário sombrio como aparece na filmagem, lá estava o Bruxo Ravengar, à meia-luz.
Antes que eu me aproximasse para cumprimentá-lo, umas das produtoras me interpela e avisa:
– Olha só, ele é surdo, e está sem o aparelho auditivo. Quando falar com ele, FALE BEM ALTO. A gente depois ajusta o áudio quando for mixar.
Eu fiquei assim: 😳
Abu foi extremamente gentil. Diferente do que esperava, mostrou todas as perguntas que ia fazer (ele improvisou uma ou duas na hora). E curiosamente, o fato de ter que falar com um ancião surdo, de forma clara, articulada e pausada, me centrou. Fiquei mais calmo do que imaginava.
Então quando virem essa entrevista, lembrem-se de que é um camarada tentando ser EX TRE MA MEN TE claro em suas falas, hahaha. A minha sensação é que ele genuinamente se divertiu com a entrevista, que chamou, ao fim, de 'nossa brincadeira'. Eu também amei.
E ao fim, ele veio com o bordão de que a foto final só sairia no jornal se eu ou ele morréssemos. Eu estou ainda por aqui, mas o Abu se foi um ano e meio depois. Ficam as memórias. Esse dia foi loko. FIM.
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A @Folha precisa tomar cuidado com o jornalismo declaratório, ainda mais ao trazer um artigo de outra mídia. Estou marcando o @folha_ombudsman aqui para que esteja ciente.
A matéria citada saiu no TMZ, um site americano de entretenimento, e a tradução do título é: "Médico da ketamina diz :'Não culpem a ketamina... ainda é um tratamento efetivo'".
"KETAMINE M.D. SAYS DON'T BLAME THE KETAMINE... Still an Effective Treatment" tmz.com/2023/12/19/mat…
Quem me segue sabe que eu combato o sensacionalismo em relação às drogas, especialmente a sua satanização por si mesmas. Para entendermos o uso problemático delas, temos que olhar muito antes para as pessoas do que para as substâncias. Mas também precisamos entender seus riscos.
Oi pessoal, eu gostaria de falar um pouquinho para vocês sobre a morte do ator americano Matthew Perry, o Chandler da série "Friends". Vocês devem ter visto recentemente as informações sobre a causa da morte dele ter sido pelo uso de ketamina.
Antes de continuar, é importante alertar que esse #cordel tem gatilhos relacionados a ansiedade, depressão e uso problemático de drogas.
A ketamina é um anestésico com características psicodélicas dissociativas, cujo nome científico que a gente usa na Medicina é cetamina. Ela vem sendo utilizada de maneira off-label, ou seja, que não está prevista na bula do medicamento, para o tratamento da depressão.
Isso saiu na @Nature no mês passado, mas só vi hoje, e ainda assim eu acho que vale a pena reportar: há uma crise na ciência, e ela afeta a saúde mental dos cientistas. A principal causa, segundo o artigo? A cultura tóxica da carreira. Segue o #cordel aí.
O título do texto é "Há uma crise de saúde mental na ciência - a cultura de pesquisa tóxica é a culpada". O texto informa que pesquisadores relatam altas taxas de ansiedade e depressão, chamando a atenção para a necessidade de mudança antes que seja tarde demais.
Estudantes de pós-graduação e pesquisadores enfrentam diversos desafios, desde baixos salários até assédio e discriminação. Alguns estudos recentes mostram que essas pressões têm impacto direto na saúde mental dos cientistas.
Sobre a tragédia evitável do advogado criminalista que morreu pelo disparo de sua própria arma causado por um aparelho de ressonância magnética, me pergunto: por quê?
Consta que Leandro Mathias de Novaes recebeu e assinou o termo de que informava sobre os riscos do magnetismo.👇🏼
Consta também que ele retirou a munição extra que levava(um pente com trinta balas – e eu também me pergunto pra que ele portava tudo isso de munição) e entregou para a equipe responsável.
Mas, por alguma razão, Leandro decidiu não retirar e entregar sua pistola carregada. 👇🏼
Ao se aproximar do aparelho para falar com sua mãe, que era quem fazia o procedimento, a arma, que estava oculta, foi atraída pelo campo magnético da máquina e bateu no aparelho, onde ficou aderida, mas não sem antes disparar e ferir o advogado, que faleceu 19 dias depois. 👇🏼
Sou um cético fascinado com os fenômenos aéreos não identificados (FANI), o 'rebranding' dos OVNI. Não sei o que são, mas acho que já tá na hora de se estudar o fenômeno a sério. No #cordel, o resumo deste artigo da Scientific American sobre o tema. scientificamerican.com/article/scient…
O artigo discute o aumento recente de interesse governamental nos EUA em estudar fenômenos aéreos não identificados (FANIs, antes chamados de OVNIs). A Agência de Inteligência Nacional dos EUA lançou um relatório não classificado sobre FANIs para o Congresso em 12 de janeiro.
Futuros relatórios serão apresentados anualmente. Além disso, a NASA criou uma equipe de estudo de 16 membros para melhorar o entendimento científico sobre os FANIs. Há também uma ampla variedade de esforços privados de pesquisa.
Já foi aprovado prescrever MDMA e psilocibina na Austrália!
Essa novidade pegou desprevenida a comunidade psicodélica mundial. A Austrália será o primeiro lugar do mundo em que a prescrição terapêutica destes dois psicodélicos será legal.
Em uma decisão inovadora e fora do radar para os estudiosos, a Therapeutic Goods Administration (TGA), o equivalente australiano da ANVISA, autorizará a prescrição do psicodélicos psilocibina e do entactógeno MDMA para fins terapêuticos, por psiquiatras. tga.gov.au/news/media-rel…
A partir de 1º de julho de 2023, medicamentos que contêm as duas substâncias poderão ser prescritos por psiquiatras autorizados. As prescrições terão que sere direcionadas especificamente para o tratamento de dois transtornos mentais.