Meses atrás falei do estudo que modelava duração da COVID sem vacinas. Agora saiu um estudo grande da dinâmica da COVID com vacinas e vários cenários de imunidade. Só ficamos livres se a imunidade e a vacina forem totalmente protetoras. Segue fio rápido.
O mais provável é que a imunidade dure uns 2 anos e mesmo a(s) vacina(s) não seja completamente protetora. Então teríamos um cenário como B ou C da figura do tuíte anterior, com surtos secundários aparecendo depois de 1 ou 2 anos. E máscaras e isolamento pelo menos no inverno.
A imunidade dos outros coronavírus do mesmo grupo dura por volta de 2 anos. E pra outros vírus respiratórios como influenza e RSV não temos vacina ou a vacina tem proteção parcial. Daí os cenários com outras ondas serem prováveis.
Também testam a possibilidade das pessoas não se vacinarem, já que pelo menos nos EUA 30% dizem que não querem se vacinar. O resultado é que mesmo se a vacina for bem protetora, o vírus continua circulando. Mais motivo pro cenário de volta do vírus.
As perguntas cruciais pra saber qual caminho teremos ficam por conta da nossa imunidade: Podemos pegar de novo?Transmitir? A 2ª infecção é mais grave ou mais leve? Quão protetora será a vacina? Só temos como descobrir com tempo e com testes pro vírus e pra imunidade em paralelo.
Aqui no BR, Manaus é uma boa sentinela. Se tiverem surto de novo, com 66% de “curados” segundo estimativa, a reinfecção começou a rolar e é comum. Mundialmente, Suécia tb é um bom canário de mina. Se em mais um ano ou dois tiverem outro surto grande, apostaram e perderam.
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Temos novas evidências da origem do novo coronavírus (e da COVID).
Vazamento de lab? Não, origem natural.
Novas sequências de material genético que foram coletadas no mercado de Wuhan mostram o SARS-CoV-2 junto de cães-guaxinim theatlantic.com/science/archiv…
O cão-guaxinim não é nem cão, nem guaxinim. Tá mais próximo de raposas e é um animal que não poderia ser vendido lá no mercado de carnes de Wuhan. E as amostras são de uma coleta feita em gaiolas e no ambiente depois do fechamento do mercado, em janeiro de 2020.
Elas não mostram definitivamente que eles tinham o coronavírus, mas que estavam pelo menos próximos. Cães-guaxinim são um intemediário bem plausível (sua parente, a civeta, foi a ponte do SARS-CoV-1) e já foram bem documentados em venda ilegal nesse tipo de mercado.
A XBB que circula agora é uma variante ainda mais transmissível da Omicron que há foi vista nos EUA desde o fim do ano passado. Ela surgiu no meio de uma onda de outra variante, a BQ.1, que foi a que causou nossa onda de novembro a janeiro aqui.
Pra quem pergunta o que acontece na China, segue um fio resumo do que expliquei no @XadrezVerbal
Uma população de 1,4bi vacinada ano passado, com vacinas inativadas, agora encontra a variante mais transmissível da COVID até aqui. Verão em 2-3 meses uma versão "branda" de 2020/21
Com o fim da COVID Zero, em poucos dias o vírus já tomou conta dos grandes centros urbanos. A vacina reduz a chance de hospitalização e casos graves. Mas mesmo 10x menos casos graves em uma cidade de 22 milhões de hab. são muitos casos.
Ainda tem o agravante que, sem COVID até agora, muita gente não via necessidade de tomar 3a dose – menos da metade dos mais idosos tomou. Ou seja, mesmo com vacina disponível, ainda tem muita gente vulnerável. E deu tempo de a imunidade cair entre quem se vacinou ano passado.
Saiu uma compilação de dados da COVID bem interessante para explicar quando e como transmitimos o vírus, além da melhor estratégia de testes e do efeito da vacinação. Segue um fio rápido comentando. nature.com/articles/s4157…
Primeiro comentário que achei legal: testes de RNA como o RT-PCR são tão mais sensíveis que detectam o vírus antes da transmissão e por vários dias depois de a pessoa deixar de ser infecciosa.
Já o teste de antígeno (teste rápido), se bem feito, pega justo o período infeccioso da doença. De novo, se bem feito (coleta no fundo do nariz e garganta) e com boa sensibilidade, é um bom indicativo de quando acabar isolamento.
Conhecem algum comparativo de testes de farmácia?
Não temos vacinas da COVID pra crianças e bebês e falta vacina para adultos em alguns pontos.
Mas como o governo sabe que vacinar é muito mais seguro e eficaz do que pegar a doença, em novembro tem campanha nacional e não vai faltar vacina… pro gado. gov.br/pt-br/noticias…
O Brasil segue sendo exemplo de teste, rastreio de contatos, passaporte vacinal, produção nacional de vacinas e campanhas nacional de vacinação. De bovinos.
Legal quando entregam que não tem vacina da COVID porque as pessoas não tem valor pra quem tem essa mentalidade.
"Ah, mas não dá pra falar que o governo* é responsável pelas 700 mil mortes da COVID"
Um número certo, é difícil de estimar mesmo. Mas tem uma parcela aí que dá para inferir. Segue o fio.
*governo, pq presidente não age sozinho
Primeiro tem a questão de incompetência vs. plano executado de promover contágio e mortes. O Brasil se enquadra no segundo caso, promoveu mortes intencionalmente, segundo análises como da @Deisy_Ventura, que analisou leis aprovadas e vetadas pelo governo.
Isso fica bem claro no timing das mortes pela COVID. Enquanto boa parte dos países viu mais gente morrer em 2020, quando se organizavam e fechavam (ou não) para combater o vírus
O Brasil está entre os países que perderam mais vidas em 2021. Depois disso.