Devo estar lendo demais os autores de um século atrás (Lippmann, Lasswell), mas eu acho que o PT e a esquerda deveriam entender que entre 2015 e 2018 houve uma guerra política e eles perderam. Não foram eliminados, mas perderam feio na grande batalha de 2018.
A este ponto, como derrotados e enquanto assistem aos vencedores destruir suas catedrais e tomar os espólios, deveriam estar se preparando para uma nova fase da guerra. Precisam de exército, de aliados, de dinheiro e de propaganda. Estão cuidando disso? Não.
O elemento central na guerra anterior foi o trabalho de propaganda do inimigo, que conseguiu juntar um monte de interesses fragmentários e articulá-los contra o PT e a esquerda, fez um trabalho maravilhoso de demonização, conseguiu recrutar gente nova e motivá-la para a luta -->
Convenceu os neutros (o PSDB, o MDB, os donos da grana) de que a morte do inimigo era vantajosa para todos, conseguiu fazer os seus acreditarem que a vitória que o PSDB não tinha conseguido era, enfim, possível. E, enfim, conseguiu fazer com que essa mensagem chegasse a todos
O que fazem hoje os derrotados da guerra de 2018? Estão ainda mais fragmentados, não têm uma propaganda eficiente para enfrentar o inimigo, estão cuidadosamente afastando os neutros e chutando os aliados, estão perdidos. Na verdade, ainda não entenderam o que lhes aconteceu.
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Enquanto nos anos 1920 e 1930 os sistemas jurídicos ou foram coniventes ou frágeis demais para resistir, hoje o Poder Judiciário — tanto em instâncias nacionais quanto supranacionais — tem desempenhado um papel ativo como linha de contenção institucional.
O q vemos em países como FR, ALE, BRA e mesmo no seio da U. Europeia é uma forma contemporânea de “democracia defensiva” em operação, em que os mecanismos constitucionais são acionados para conter líderes q, embora eleitos, atuam para corroer os fundamentos do regime democrático
O resultado é uma reação colérica contra o Judiciário, acusado de agir politicamente quando, na verdade, cumpre a missão de guardar a democracia contra seus sabotadores internos.
"Tanto a autodesvalorização, quanto a surpresa com um prêmio internacional fazem parte do nosso “Complexo de Vira-Lata”" (disse Tiburi sobre Fernanda). Como alguém pode usar algo tão singular e pessoal (humildade e autêntica surpresa) como sinal de um suposto defeito coletivo?
E continua a pensadora: "o que aconteceu com Rubens Paiva - homem branco e burguês - acontece com a população negra e indígena diariamente". Isso é que é esforço de banalizar a dor dos outros ou fazer revisionismo histórico à esquerda. O sommelier de indignação moral não tem paz
"Enqto vemos Fernanda Torres receber seu prêmio com todas as glórias, vemos os corpos indígenas sangrando no Mato Grosso do Sul". Entendo então que enquanto houver um oprimido sofrendo no mundo, nenhuma outra história de opressão será contada e nenhuma êxito deve ser celebrado"
Já coletamos os dados do cancelamento de Ludmilla. Por que tão cedo? Porque a única questão agora é saber quando Ludmilla vai capitular, apagar o post em que se justifica e refuta as acusações e pedir desculpas de joelhos. Lilia Schwarcz aguentou um dia, Porchat, uma semana.
O fato é que ninguém aguenta mais de uma semana de processo e torturas da Santa Inquisição Identitária. Não importa quão sabido, gente boa, inteligente e celebridade você seja. A pressão dos patrocinadores e do público, os cancelamentos de contratos, o declínio dos convites
Não tem esse que aguente, num mundo em que as certificações identitárias são um capital social importante, ser tratado como um pária racista, ___fóbico, misógino, etc. e banido do convívio com os santos. E não importa se as acusações são verdadeiras ou falsas.
Lendo os comentários do corredor polonês das vestais morais à explicação de Ludmilla, frequentado por guerreiros da virtude da dimensão de uma Flávia Oliveira ou Erika Hilton, noto que se compartilham algumas crenças fundamentais e indiscutíveis: +
1) Um plano q dura uma fração de segundo num doc politicamente corretíssimo tem o condão de "incentivar", "reforçar" e "difundir" racismo religioso e violência contra templos de religiões de matrizes africanas. A indiscutível estimativa de dano desse plano é uma coisa espantosa
2) Por essa razão, Ludmilla se torna imediata e inequivocamente responsabilizável pela violência que sofrem as religiões de matrizes africanas nas favelas do Brasil. Essa fração de segundos foi um ato político que anula todo o resto do doc e condena Ludmilla inexoravelmente.
Racismo é um tipo de preconceito social que, supondo que os humanos se dividem em raça, como outros bichos, considera que pelo menos uma delas é composta por humanos inferiores. Me parece banal, não? Acho que esta é mais ou menos a compreensão comum de racismo. E bem sensata.
Os identitários e os complacentes q os cercam tomaram há alguns anos a decisão de que, não, racismo não era mais isso. E criaram um conceito alternativo com 2 objetivos: dar uma excludente de ilicitude para membros de certos grupos e atribuir o monopólio do racismo a outro grupo
Há alguns dia pedi que me desse um fundamento racional para o dogma segundo o qual é impossível a qualquer outro grupo, exceto os brancos, ser racista e agir com racismo. Em suma, pedi que conceito de racismo é esse em que só um tipo de humano pode praticar e o outro, sofrer.
Uma colega foi acusada de transfobia e racismo pq "errou os pronomes" de uma aluna trans que estava vendo pela 1ª vez, pq não tinha aparecido até ontem. Acusada, julgada pelo coletivo, condenada e já punida (humilhada, xingada, manifestação, demissão solicitada) em menos de 24 h
A justiça-trans é o processo judicial mais célere e simplificado do mundo. Quem acusa ao mesmo tempo julga, condena, expede a sentença e se encarrega da punição. Na verdade, a acusação = condenação pois uma pessoa trans ñ se engana nunca e devido processo é coisa de cis colonial
O lugar mais insalubre para se trabalhar hoje, por razões de envenenamento ideológico, são as universidades. Ao menor interesse contrariado, à menor reivindicação de hierarquia pedagógica, à mera indicação de bibliografia pode corresponder uma acusação de crime identitário.