1. "«Meu filho», diz, «deste rebanho a gente
que pára, ficará depois cem anos
sem sacudir-se, quando o fogo a esquente.
Por isso segue: eu vou junto a teus panos;
e depois irei ter co esta mesnada
que vai chorando seus eternos danos.»"
Dante Alighieri
2. Esta é a Terceira Volta do Sétimo Círculo do Inferno da "Divina Comédia" de Dante Alighieri (1265-1321), onde sofrem as infinitas penas aqueles que, em vida, foram violentos contra Deus (os blasfemos) e os violentos contra a natureza (os sodomitas).
3. Nesta passagem, Dante encontra com o seu amigo e professor, escritor, poeta e chanceler da República de Florença, Brunetto Latini (c.1220-c.1295) que era pederasta e tinha recentemente morrido e que agora está fadado a permanentemente sofrer no inferno.
4. Pela Lei do Contrapasso, o pecado que mais pesou sobre Brunetto foi o de sua vida sexual hedonista e do seu apetite homossexual, contrário à Aliança Divina, e por isso, sofrer o castigo de ter que correr nu, num areal incandescente e que incessantemente cai uma chuva de fogo.
5. Os sodomitas sofrem castigos mais profundos (na 3ª Volta do 7º Círculo do Inferno) que os luxuriosos (2º Círculo do Inferno). Estes foram condenados pela destemperança sexual; já aqueles se acrescenta a ofensa contra a proposta da Criação: encerraram o sexo só pelo seu meio.
6. Mostra isso para os esquerdistas lacradores que vibraram ao ver homossexuais se beijando na gigantesca obra-prima do "Juízo Final" (1535-1541) do mestre Michelangelo (1475-1564), pintada na Capela Sistina, no Vaticano.
7. Só esqueceram de ver que a parte que comemoraram o beijo gay, representa os condenados ao Inferno (à esquerda de Cristo). E vale lembrar que muitos biógrafos julgam Michelangelo como homossexual, mas, mesmo assim, este sabia diferenciar o pecado do prazer, sem enaltecê-lo.
8. Já que comemoraram esse pedacinho infame nesse portentoso painel do pintor florentino. Vamos lembrá-los, então, de comemorarem também a eternização que o poeta florentino fez da pederastia na sua obra-prima e colocando no Inferno, um grande amigo gay seu.
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1. "A primeira coisa que você perde é o senso da dimensão, e ao perder o senso da dimensão você esquece este imenso paradoxo, que é a diferença entre a pequenez física do homem e o fato de que ele seja capaz de se comunicar diretamente com a presença do Ser. A presença do Ser só existe para o ser humano. Para os animais ela não existe. Os animais estão dentro do ser, mas não estão diante do ser. Só o ser humano tem essa experiência consciente da presença do Ser. Os outros animais têm apenas a consciência do ambiente deles, daquilo que o biólogo Jakob von Uexküll chamava de "umwelt", o “mundo em torno”. Cada animal tem o seu “mundo em torno”, e ele só sabe daquele mundo, não do resto. Existem espécies animais que, mesmo sendo vizinhas, nunca tiveram notícia da existência uma da outra. Uma não sabe que a outra existe, e elas não vão se perceber nem se você juntá-las. Uma minhoca sabe que existem ursos? Um peixe sabe que existe gente? Eles não sabem. "welt", em Alemão, quer dizer "mundo", e "umwelt" o "mundo em torno". O bicho só sabe do mundo em torno, do "umwelt", mas ele não sabe que existe um mundo, um "welt". A presença do Ser só existe para o ser humano.
Você ser capaz de pegar a presença do Ser diferencia você de todas as espécies animais de maneira infinita, porque é a diferença que existe entre um ambiente animal, e o que nós chamamos de universo. A diferença entre ser humano e bicho é imensurável. Claro que se você olhar só do ponto de vista genético, por exemplo, você vai encontrar só os famosos 3% de diferença entre você e o macaco, o que significa que a genética não é capaz de captar este assunto aqui. Isto não existe para a genética. A genética está, para o mundo real, como o peixe está para o ser humano. O mundo da genética é finito, mas o mundo que transcende a genética é infinito, e então a genética não pode captar o infinito, mas nós podemos.
Na hora em que você perdeu a experiência da presença do Ser, você perdeu, primeiro, o senso da realidade física do mundo. E na hora em que você perde o senso da realidade física do mundo você começa a dizer coisas como as que esses geneticistas dizem, de que a diferença entre o homem e um macaco é de apenas 3% — que é uma coisa que se verifica, experimentalmente, na pessoa deles. Você esperar que a genética possa esclarecer as diferenças e semelhanças entre o homem e os animais é inteiramente absurdo. Toda ciência, como diziam os escolásticos, tem um "objeto material", que é a coletânea dos objetos que ela estuda; tem um "objeto formal", que é por onde ela enfoca esses objetos; e tem um "objeto formal terminativo", que é a pergunta que ela tem de responder no fim. Tudo isso é altamente seletivo: uma ciência pega apenas um grupo de objetos (não o universo inteiro); desse grupo de objetos, ela pega apenas um ângulo; e, deste ângulo, ela pretende responder apenas uma pergunta. Isso quer dizer que nenhuma ciência está habilitada a fazer comparação entre o homem e nenhum animal. Está habilitada apenas a fazer comparações sob certos aspectos. Mas quantos aspectos existem? Infinitos. Isso quer dizer que mesmo que você juntasse todas as ciências e tudo aquilo que elas sabem a respeito dos seres humanos e os animais, isso não bastaria ainda para fazer uma comparação. Porque o número de ciências é finito, e o número de aspectos é infinito. Esse é um ponto simples de metodologia, e qualquer estudante de biologia deveria aprender isso na primeira semana. Aprender que a biologia não estuda o mundo, não estuda o universo, não estuda o Ser, mas faz só três ou quatro perguntas e tenta respondê-las, e isso já dá um trabalho miserável e a gente freqüentemente erra. E a genética? Faz menos perguntas ainda. De todo o conjunto da biologia, ela pergunta um pedacinho.
A autoridade das “ciências” — e, aliás, nós temos sempre de usar a palavra “ciência” entre aspas, porque chamar esse tipo de conhecimento de ciência é um abuso; nós temos de inventar um outro nome.
2. "Você esperar que essas ciências respondam essas perguntas é uma coisa de uma burrice fora do comum, e o sujeito nem sabe o que está fazendo. Ele está exercendo ciência como um macaco que se você ensinar a dirigir um ônibus, o macaco até dirige, mas ele não vai ter consciência de lei de trânsito, ou de qualquer outra coisa.
Na hora em que você perde a experiência da presença do Ser, você perde, primeiramente, o senso da dimensão do universo material. Você pode até saber qual é o tamanho do universo, mas você perde o senso da tensão entre esses dois pólos que são, por um lado, o tamanho infinitesimal do homem dentro do conjunto e, por outro, este privilégio de que ele é o único que tem a presença do Ser. O homem é uma criatura enormemente elástica: por um lado ele não é nada e por outro, ele é o único que pode falar a palavra “tudo”. Ele é o único para o qual existe “tudo”, e de certo modo ele é a única testemunha do tamanho do universo. Isso não quer dizer, como no princípio entrópico, que o universo precise que a gente saiba algo dele. O universo lamentavelmente não precisa, nós é que precisamos.
Mas essa tensão que aparece no Salmo, e está maravilhosamente explicada nele (“O que é o homem, para que Deus preste atenção nele?”), dá a medida real do tamanho do homem, e esse tamanho tem de ser medido em duas direções: no da sua pequenez física, e na sua consciência da presença do Ser. Essas duas coisas são elementos permanentes do ser humano. Só que são elementos permanentes do ser humano enquanto espécie. O indivíduo pode se afastar disso completamente.
Isso significa que a maior parte dos indivíduos hoje está abaixo do potencial da espécie, e isso não acontece com nenhuma outra espécie animal. Se você pegar o cavalo mais capenga do mundo, ele ainda é capaz de carregar um homem nas costas; se ele não for mais capaz, cinco minutos depois ele morre. Um leão, se não for capaz de caçar, não continua vivendo indefinidamente abaixo do potencial da espécie. Ou ele está no potencial da espécie ou ele morre. O único bicho que vive e sobrevive por longo tempo muito abaixo do potencial da espécie é o ser humano, que cria essa espécie de sub-humanidade que tem que viver sendo carregada pelos outros. São um bando de irresponsáveis, um bando de moleques, que deviam é levar umas boas palmadas na bunda. Ou seja, eles não arcam com a responsabilidade humana, mas querem ter todos os privilégios da humanidade. Por que nós temos de aceitar isso? Não temos de aceitar, nós nunca podemos aceitar que alguém faça isso. Se você está buscando a consciência do Ser, e viver alerta para a realidade, onde você está ao mesmo tempo sabendo a proporção física entre você e o universo, e ao mesmo tempo está sabendo o outro lado da tensão, você tem de exigir que os outros saibam da mesma coisa. Agora, por que elas não fazem isso?
Porque o aprendizado da cultura e da linguagem é muito complicado, e os problemas de adaptação social também são muito complicados, e elas acabam concentrando tudo nisso. Isso, para elas, se torna o tudo. E pior, elas chamam isso de realidade, quando é apenas um delírio coletivo. Nesse delírio coletivo, é possível que as pessoas se afastem tanto da tensão central da existência, que elas tenham de construir personalidades inteiramente artificiais e, feliz ou infelizmente, não faltam fábricas de personalidades artificiais. Um partido político, por exemplo, que cria um conjunto de valores, de sentimentos, de reações padronizadas, e todo mundo veste a camiseta, sente as mesmas coisas, e se sente integrado naquela comunidade, e isso dá a eles uma ilusão de existência. Claro que essas pessoas estão vivendo uma vida sub-humana, elas estão abaixo do potencial humano. Elas, comparadas a um ser humano que está consciente da tensão, são como uma sombra comparada a um corpo; e é por isso que essas pessoas são tão insignificantes.
3. "Eu reparei, por exemplo, na minha experiência de jornalista, pessoal de partidos políticos inteiros, gente com milhares de aliados, com dinheiro, com poder etc., eu chegava e falava alguma coisa e eles ficavam com medo de mim! Você quer alguma coisa mais desproporcional do que isso? Eu, que sou um João Ninguém, um nada, chego lá e digo como as coisas são, e todos eles ficam com medo e decidem se reunir para fazer alguma coisa comigo, se juntam, fazem assembléias, reuniões, etc., e começam a delirar a meu respeito e a inventar por trás de mim um poder descomunal que eu não tenho. Acham que deve ser a CIA, o Mossad, ou alguma coisa dessas por trás de mim. Isso tudo é sub-gente, são sombras comparadas a mim. Eu não sou nada, mas eu existo. Eu sou um ser humano inteiro. Eles não, são sombras, vivem só na imaginação, só na fantasia."
Olavo de Carvalho
Na poderosa aula do Seminário de Filosofia (COF), de 12 de setembro de 2009, o filósofo Olavo de Carvalho (1947-2022) aborda o crucial problema da consciência do ser, da autoconsciência em primeira conta, uma exclusividade "sui generis" humana e que nos torna especialíssimo dentre todos demais animais, mas que massas e massas, incluindo nas elites, se abnegaram inconscientemente desta dádiva, vivendo como bichos que falam, andam e se assemelham morfologicamente como homens, mas que intelectual, moral, espiritual e ontologicamente estão muito abaixo do mínimo que se espera da Humanidade. É fundamental compreender isto como a raiz de um mundo com tantos homúnculos, tantos "NPC's" perambulando por aí, e, grande parte dele, com vasto poder em suas patas.
1. Dentre as obrigações de hoje, inclui esta aqui: ler este ensaio do Olavo para entender a raiz de uma das grandes mazelas deste país impregnada em nosso "ethos". Isto aqui vai no núcleo.
🤠💀🚬.
"Repetidamente um fenômeno tem chamado a atenção de professores estrangeiros que vêem lecionar no Brasil: por que nossas crianças estão entre as mais inteligentes do mundo e nossos universitários entre os mais burros? Como é possível que um ser humano dotado se transforme, decorridos quinze anos, num oligofrênico incapaz de montar uma frase com sujeito e verbo? É fácil lançar a culpa no governo e armar em torno do assunto mais um falatório destinado a terminar, como todos, em uma nova extorsão de verbas oficiais.
Difícil é admitir que um problema tão geral deve ter causas também gerais, isto é, que não pertence àquela classe de obstáculos que podem ser removidos pela ação oficial, mas àquela outra que só nós mesmos, o povo, a “sociedade civil”, estamos à altura de enfrentar, não mediante mobilizações públicas de entusiasmo epidérmico, e sim mediante a convergência lenta e teimosa de milhões de ações anônimas, longe dos olhos turvos da nossa vã sociologia.
Ora, a condição mais óbvia para o desenvolvimento da inteligência é a organização do saber. Nossas energias intelectuais mobilizam-se mais facilmente em torno de uns poucos núcleos de interesse fortemente hierarquizados do que numa dispersão de focos de atenção espalhados no ar como mosquitos. Discernir o importante do irrelevante é o ato inicial da inteligência, sem o qual o raciocínio nada pode senão patinar em falso em cima de equívocos. Se, porém, cada homem tivesse de realizar por suas forças essa operação, reduzindo a um esquema quintessencial de sua própria invenção a totalidade dos dados disponíveis no ambiente físico, milhões de vidas não bastariam para que ele chegasse a obter um começo de orientação no mundo. A cultura, impregnada na sociedade em torno e resultado de sucessivas filtragens da experiência acumulada, dá pronto a cada ser humano um quadro dos ângulos de interesse essencial, de modo que não resta ao indivíduo senão operar nesse mostruário um segundo recorte, em conformidade com os seus interesses pessoais.
Quando digo que a cultura está impregnada na sociedade em torno, isto significa que a seleção dos pontos importantes transparece na organização das cidades, nos monumentos públicos, no estilo arquitetônico, nos museus, nos cartazes dos teatros, na imprensa, nos debates entre as pessoas letradas, nos giros da linguagem corrente, nas estantes das livrarias e, "last not least", nos programas de ensino.
Quem quer que desembarque num país qualquer da Europa ou em alguns da Ásia já obtém, por um primeiro exame desse mostruário, uma visão bem clara dos pontos de interesse mais permanente, que constituem uma espécie de fundo de referência cultural, bem distinto dos focos de atenção mais atual e momentânea que se recortam sobre esse fundo sem encobri-lo.
Só de andar pelas ruas, o cidadão aí pode enxergar os marcos que o situam num lugar preciso do mapa histórico, desde o qual ele pode medir quanto tempo as coisas duraram e qual a sua importância maior ou menor para a vida humana.
Se ele olha para os cartazes dos teatros, nota que certas peças estão sendo reencenadas este ano porque são reencenadas todos os anos, ao passo que outras, que fizeram algum sucesso no ano passado, desapareceram do repertório. Basta isto para que ele adquira um senso da diferença entre o que importa e o que não importa.
Ao entrar em qualquer livraria, o contraste entre as estantes onde estão sempre expostos os mesmos títulos essenciais e aquelas onde os lançamentos mais recentes se revezam mostra-lhe a diferença entre o patrimônio escrito de valor permanente e o comércio livreiro de alta rotatividade.
2. "Na escola, ele sabe que vai aprender certas coisas que seus pais, avós e bisavós também aprenderam, e outras que são novidade e que talvez terão desaparecido do currículo na geração seguinte.
Tudo, em suma, no ambiente plástico e verbal contribui para que o indivíduo adquira, sem esforço consciente, um senso de hierarquia e de orientação no tempo histórico, na cultura, na humanidade.
No Brasil isso não existe. O ambiente visual urbano é caótico e disforme, a divulgação cultural parece calculada para tornar o essencial indiscernível do irrelevante, o que surgiu ontem para desaparecer amanhã assume o peso das realidades milenares, os programas educacionais oferecem como verdade definitiva opiniões que vieram com a moda e desaparecerão com ela. Tudo é uma agitação superficial infinitamente confusa onde o efêmero parece eterno e o irrelevante ocupa o centro do mundo. Nenhum ser humano, mesmo genial, pode atravessar essa "selva selvaggia" e sair intelectualmente ileso do outro lado. Largado no meio de um caos de valores e contravalores indiscerníveis, ele se perde numa densa malha de dúvidas ociosas e equívocos elementares, forçado a reinventar a roda e a redescobrir a pólvora mil vezes antes de poder passar ao item seguinte, que não chega nunca.
Nesse ambiente, a difusão das novidades intelectuais, em vez de fomentar discussões inteligentes, só pode atuar como força entrópica e dispersante. Não há nada mais consternador do que uma inteligência sem cultura, despreparada, nua e selvagem que se nutre do último "vient-de-paraîte" e arrota uma sucessão de perguntas cretinas onde a sofisticação pedante do raciocínio se apóia na mais grosseira ignorância dos fundamentos do assunto. Acrescente-se a esses ingredientes a arrogância juvenil estimulada pelas lisonjas demagógicas da mídia, e tem-se a fórmula média do estudante universitário brasileiro. É impossível discutir com ele. Quando a mente assim deformada entra a produzir objeções numa discussão, seu interlocutor culto e bem intencionado, se não é muito enérgico no emprego da vara-de-marmelo, leva desvantagem necessariamente: quem pode vencer um debatedor tenaz que, confiante na aparente correção formal do seu raciocínio, está protegido pela própria ignorância contra a percepção da falsidade das premissas? Com um sujeito assim não cabe a gente argumentar. Cabe apenas transmitir-lhe as informações faltantes — educá-lo, em suma. Mas, precisamente, ele não vai deixar você educá-lo, porque a ideologia de rebelde posudo que lhe incutiram desde pequeno o faz pensar que é mais bonito humilhar um professor do que aprender com ele. Eis como o menino inteligente se transforma num debatedor idiota, vacinado para todo o sempre contra qualquer conhecimento do assunto em debate.
As objeções cretinas nascem, decerto, de um impulso saudável. Não há mais notório sinal de inteligência filosófica do que a capacidade de perceber contradições, a sensibilidade para a presença de problemas. O brasileiro tem isso até demais. Contrariando o lugar-comum que afirma a nossa falta de vocação para a filosofia, eu diria que somos o povo mais filosófico do planeta. A prova disso é o nosso senso de humor. O engraçado nasce, como as perguntas filosóficas, da percepção de incongruências lógicas ou existenciais.
Mas que destino terá o jovem pensador que, a braços com o debate filosófico, se veja privado de uma perspectiva histórica, de uma visão da evolução das discussões, de um conhecimento enfim, do status quaestionis? Mesmo na doce hipótese de que por natural instinto de comedimento ele se recuse ao bate-boca estéril e prefira trancar-se em casa para raciocinar a sós, ele não passará nunca de um especulador maluco, de um novo Brás Cubas a rebuscar em vão soluções já mil vezes encontradas, a polemizar com as sombras de seus próprios enganos, a esgotar-se em perguntas estéreis e em tentativas de provar o impossível.
3. "Enfim, cansado e amedrontado de um mergulho solitário que não arrisca levá-lo senão ao hospício, ele aderirá, por mero instinto autoterapêutico, ao discurso padronizado mais à mão. Uma carteirinha do PC do B lhe dará um sentimento de retorno à condição humana. E não há nada mais perigoso no mundo do que um idiota persuadido da sua própria normalidade.
Tal é o destino da maior parte da nossa jovem inteligência.
Quem esteja consciente dessas coisas não poderá deixar de admitir que elas são a conseqüência inapelável da nossa incapacidade, ou recusa, de absorver o legado histórico da Europa e do mundo. Quanto mais nos “libertamos” de um passado que daria sentido de historicidade à nossa inteligência, mais nos tornamos escravos de uma atualidade invasiva que a desorienta e debilita.
Nesse sentido, os movimentos de “libertação” e de “independência”, que cortaram nossas ligações com as raízes européias, não nos libertaram senão da base mesma da nossa autodefesa, para nos deixar, inermes e sonsos, à mercê das perturbadoras casualidades da mídia e da moda. Roubaram-nos o mapa do mundo, para nos deixar perdidos no meio de um deserto onde é preciso recomeçar sempre o caminho, de novo e de novo, para não chegar a parte alguma. Destituíram-nos do senso da hierarquia e das proporções, para nos tornar escravos de debates viciados e conjeturações ociosas que não nos deixam pensar nem agir.
Oferecer a um povo esse tipo de falsa libertação é algo que está, para mim, na escala dos grandes crimes, na escala do genocídio cultural. E não é de espantar que, no meio de tantas hesitações e equívocos, ninguém seja capaz de perceber a ligação óbvia entre esse tipo de iniciativas “modernizantes” e o estado catastrófico de uma cultura que se entrega sem reação, por mínima que seja, ao estupro midiático internacional. Não é de espantar que ninguém note o elo de cumplicidade — secreta mas indissolúvel — entre o fetichismo da independência estereotipada e a realidade da dependência crescente.
Não me perguntem portanto o que acho de Mários, Oswalds, Menottis, Bopps e "tutti quanti", bem como de seus cultores e discípulos atuais que, desmantelando o idioma sob pretextos morbidamente artificiosos e pedantes, o entregam inerme nas mãos de quem faz dele a lixeira dos detritos do inglês midiático. Nem me peçam, em público, para opinar sobre quaisquer outros importadores de novidades culturais que de tempos em tempos refazem o Brasil no molde do último figurino.
Esse tipo de reformador cultural deslumbrado, que, sem uma autêntica visão universal das coisas e movido somente pela comichão de atualismo, quando não pela ânsia de "épater le bourgeois", se mete a destruir valores que não compreende, é a praga mais nefasta que pode se abater sobre uma cultura em formação, induzindo-a a destruir as bases em que começava a se erguer e não pondo em seu lugar senão pseudo-valores efêmeros cuja rápida substituição abrirá cada vez mais, sob os pés dela, o abismo sem fim das duvidas ociosas e das perguntas cretinas.
Se queremos preservar e desenvolver a inteligência do nosso povo, em vez de a esfarelar em tagarelice estéril, o que temos de importar não é a novidade: é toda a História, é todo o passado humano. Temos de espalhar pelas ruas, pelos cartazes, pelos monumentos, pelas livrarias e pelas escolas as lições de Lao-Tsé e Pitágoras, Vitrúvio e Pacioli, Aristóteles e Platão, Homero e Dante, Virgílio e Shânkara, Rûmi e Ibn ‘Arabi, Tomás e Boaventura.
Quem, antes de fortalecer a inteligência juvenil com esse tipo de alimento, a perturba e debilita com novidades indigeríveis, é nada menos que um molestador de menores, um estuprador espiritual. E, se o faz com intuito político ou comercial, o crime tem ainda o agravante do motivo torpe."
"No livro esplêndido que publicou sob o título “Roads to Modernity: The British, French and American Enlightenments” (New York, Vintage Books, 2005), Gertrude Himmelfarb mostrou que o iluminismo inglês, tão influente sobre a Revolução Americana, não foi um movimento simples e unilinear, mas um conflito insanável entre duas correntes de pensamento, uma nascida com John Locke (1632-1704), Bernard Mandeville (1670-1733) e Jeremy Bentham (1748-1832), a outra com Anthony Ashley Cooper, conde de Shaftesbury (1671-1713), Joseph Butler, bispo de Durham (1692-1752), Francis Hutcheson (1694-1746), Thomas Reid (1710-1796), George Berkeley (1685-1753), Adam Smith (1723-1790) e Edmund Burke (1729-1797). O filósofo David Hume (1711-1776) e o historiador Edward Gibbon (1737-1794) ficaram em cima do muro. A primeira das duas correntes teve repercussão mais espetacular no mundo em geral, mas a segunda foi mais determinante na prática política anglo-americana. A primeira, através do materialismo do século XIX, desembocaria em Ayn Rand; a segunda nos pais intelectuais do atual movimento conservador americano, Russel Kirk e Irving Kristol, este casado com a própria Himmelfarb.
A diferença entre as duas filosofias começa numa questão de teoria do conhecimento e desemboca em concepções opostas e irredutíveis da sociedade política. Vale a pena estudar o caso, pois essa divergência — e não a mera oposição entre intervencionismo estatal e livre mercado — marca hoje algumas das mais decisivas fronteiras entre as forças que disputam o poder nos EUA e no mundo.
Segundo Locke, a mente humana, ao nascer, é uma folha em branco. Todos os conteúdos lhe vêm de fora, através das impressões sensíveis. Sendo assim, as idéias morais não podem aparecer nela senão como resultado da acumulação de estímulos sensoriais positivos e negativos que se condensam em preferências e repulsas através das sensações de prazer e dor.
Para Shaftesbury, Hutcheson, Reid e sua prole intelectual, as sensações de prazer e dor, por si, não têm nenhum significado moral. Por mais que se somassem, não ensinariam ninguém a distinguir entre o bem e o mal, só entre o interesse próprio e o alheio. O introjeção das regras da moralidade seria impossível se o ser humano não tivesse um órgão específico para apreendê-las. Há um instinto do bem e do mal, que pode ser aperfeiçoado (ou pervertido) pelo ensino e prática mas é natural e inato em todo ser humano. Os filósofos dessa escola variam muito ao conceituar esse instinto, mas são unânimes em proclamar que ele está por trás da universal tendência humana para a vida em sociedade, a qual seria impossível se baseada só no interesse próprio e sem a presença de sentimentos básicos como a benevolência, a caridade e o amor ao próximo. O ser humano, em suma, não pode ser reduzido a um bichinho colecionador de impressões: a capacidade para um tipo de conhecimento que transcende a mera natureza corporal tem de estar presente nele desde o início, ou o salto da sensorialidade para a moralidade é inviável.
Um ponto que Himmelfarb não menciona, mas que é importante para a compreensão do assunto, é o seguinte: embora nenhuma influência escolástica seja visível nas obras desses filósofos, e embora eles não fossem religiosos de maneira alguma (com exceção de Butler e Berkeley), não é possível deixar de perceber a perfeita concordância entre a sua noção do instinto moral e o conceito escolástico da sindérese, a capacidade inata do ser humano para apreender os princípios da moralidade.
(...)
A liberdade é um mero preceito formal, sem conteúdo identificável a não ser mediante a enumeração dos seus limites. As virtudes, ao contrário, são princípios substantivos, que contêm na sua própria definição o desenho explícito dos limites de cada qual, bem como o perfil de suas relações com as demais virtudes.
2. "A liberdade baseada nas virtudes e emoldurada por elas não necessita de uma definição precisa para tornar-se numa prática concreta de todos os dias. Erigida ela própria em princípio, como aconteceu na França, o resultado é a tirania nos “amigos da liberdade” contra seus supostos “inimigos”. A diferença entre uma filosofia política fundada no conhecimento substantivo da natureza humana e uma baseada em preceitos formais imantados de atrativos retóricos já se mostra aí com toda imensidão das suas conseqüências práticas. Quando o conde de Shaftesbury disse pela primeira vez que o amável e moderado John Locke era ainda mais perigoso do que o cínico “linha dura” Thomas Hobbes, todos acharam que era um exagero. Quase um século depois, os acontecimentos na França mostraram que a liberdade abstrata podia mesmo ser ainda mais tirânica do que a monarquia absoluta.
Pouco importa, é claro, que cada participante do debate público se nomeie a si próprio como “liberal” ou “conservador”; o que interessa é saber a posição de cada um no confronto entre o substantivismo tradicional e o formalismo moderno. Do ponto de vista da economia, a diferença é mínima, pois ambos defendem a economia de mercado. A diferença aparece é em tudo o mais. Ora, desde que a influência de Lukács, da Escola de Franckfurt e de Antônio Gramsci adquiriu predomínio na formulação estratégica do movimento esquerdista internacional, foi justamente esse “tudo o mais” que veio para o centro da luta política, enquanto a socialização dos meios de produção era deixada para o dia de são nunca. Isso aconteceu, porque, de um lado, o fracasso econômico do socialismo se tornou demasiado evidente para que mesmo os esquerdistas mais fanáticos pudessem negá-lo; e, de outro lado, o sucesso cultural do esquerdismo era garantido pela própria expansão capitalista, que, abrindo a mais e mais pessoas a oportunidade de acesso ao ensino superior e à participação na política, fazia crescer ilimitadamente a classe revolucionária por excelência, isto é, a “intelectualidade”, no sentido elástico e não-qualitativo que Antônio Gramsci dá ao termo. É justamente essa imensa transformação da esquerda mundial que, hoje, obriga os seus opositores a tomar posição antes em função da guerra cultural do que das questões econômicas. E aí o formalismo liberal, por mais que se proclame inimigo do comunismo, se torna um instrumento da estratégia esquerdista através do apoio que presta a slogans e bandeiras que lhe pareçam “ampliar a democracia” por meio do aumento das liberdades e direitos concedidos a cada novo grupo militante e reivindicante. Como essa expansão dos direitos se faz através de novas legislações, e a aplicação delas exige a criação de novos órgãos jurídico-administrativos especializados, o resultado é a intervenção cada vez maior do Estado na vida dos cidadãos. Uma vez mais, a liberdade vazia é a parteira da ditadura.
Esse processo, coexistindo às vezes com a retração do intervencionismo estatal em economia, pode levar a algumas situações aparentemente paradoxais. A administração Reagan, por exemplo, restaurou o sentido dos valores tradicionais na política e acertou um golpe mortal no coração do movimento comunista. Para fazê-lo, no entanto, aumentou barbaramente o orçamento estatal, que sua plataforma “classic liberal” prometia diminuir. Já o governo Clinton, que foi recordista de privatizações, campeão do “enxugamento do Estado”, impôs ao mesmo tempo, no campo jurídico, moral e cultural, inúmeras novidades “politicamente corretas” que ampliaram formidavelmente a margem de intervenção do Estado na vida privada (escrevi sobre isso em “O Jardim das Aflições” no instante mesmo em que a coisa estava acontecendo). Incentivando o comércio com a China, sob o pretexto de que a liberalização da economia traria automaticamente a da política (típico raciocínio liberal-formalista),
3. "Clinton ajudou ainda a consolidar a ditadura dos generais de Pequim, aos quais fornecia, ao mesmo tempo, tecnologia atômica suficiente para varrer da face da terra a população americana.
O pensamento formalista, não podendo afirmar valores substantivos, apega-se ao ícone da “liberdade”, mas, sem o amparo nas virtudes, é a liberdade de mercado que se torna o modelo de todas as demais liberdades. Daí a tendência a sacrificar em prol do mercado os próprios valores que o possibilitam, na esperança louca de que ele volte a criá-los por mágica. Deste ponto de vista, Clinton estava muito mais próximo dos ideais liberais do que Reagan.
Há também um segundo aspecto que torna ainda mais inconciliável a divergência entre aqueles que chamei “conservadores” e “liberais” (reconhecendo a ampla margem de malentendidos que essa terminologia pode evocar). Ao abordá-lo, vou parar longe das análises de Himmelfarb.
Embora os iluministas da linhagem de Shaftesbury não fossem nada religiosos, todos eles reconheciam a importância da religião para a preservação dos sentimentos morais básicos. Isso já nos dá um indício de que a divergência acima mencionada não diz respeito à “religião” no sentido dogmático-institucional (como desejariam fazer crer os materialistas, seja liberais, seja de esquerda), mas a algo de bem mais vital e profundo.
A crença num mundo transcendente à experiência usual humana e num princípio de justiça divina imperando sobre o cosmos é um dos dados mais universais da história das culturas e sociedades. Do homem de Neandertal até hoje, não encontramos um único exemplo de “sociedade laica”, isto é, construída inteiramente à margem dessa crença. Um fenômeno tão generalizado não pode ser explicado em função de estereótipos pejorativos como “a necessidade de crer”, “os interesses da classe sacerdotal”, etc. Sem algum fundamento na própria experiência, a confiança no que está para além da experiência seria um elemento tão despropositado e psicótico que todas as sociedades inspiradas nela — isto é, todas as sociedades "tout court" —, estariam condenadas ao caos e ao fracasso em prazo brevíssimo.
Descontando experiências espirituais mais sutis e complexas, existe uma que se repete em todas as épocas e culturas e que basta, por si, para mostrar a razoabilidade da crença no regulamento transcendente da existência. São as narrativas apresentadas por pessoas que estiveram clinicamente mortas durante horas ou dias, e que retornam ao mundo dos vivos trazendo relatos notavelmente similares entre si: todos esses retornados do além tiveram um confronto com algum tipo de instância julgadora, na qual suas vidas eram pesadas e medidas, absolvidas ou condenadas. Um exemplo clássico é o mito de Er, narrado na “República” por Platão, que o obteve, parece, de um círculo pitagórico. Diante da pira mortuária, o pai de Er chora a perda do filho morto em batalha, quando de repente o soldado se ergue das chamas e narra o seu encontro, no além, com a justiça cósmica.
Em todas as culturas aparecem histórias similares, e elas são naturalmente um poderoso suporte racional à crença na justiça transcendente. Mesmo em época recente, livros como o de Morris Rawlings, “Beyond Death’s Door” (New York, Thomas Nelson, 1978) e o de Raymond Moody, “Life After Life” (New York, Bantam, 1979). deram o que pensar a todos os que aí notaram a concordância das centenas de relatos de pacientes clinicamente mortos que voltaram à vida. O segundo desses livros chegou a vender treze milhões de exemplares, mostrando que o interesse pelo conhecimento da “vida além da vida” é uma constante do espírito humano. Não há nada de irracional em dar fé a esses relatos, porque os moribundos não têm interesses a defender e entre as testemunhas ouvidas por esses e outros autores não havia um só reconhecidamente desequilibrado. A objeção que os materialistas fazem é que os fatos aí narrados não são experiências repetíveis à vontade em laboratório.
1. Sobre o poder expansionista do Islã e a reação mínima e tardia (quase meio milênio apos) das Cruzadas, descrevi neste ensaio antigo (a quem quiser lê-lo inteiro, deixo aqui abaixo). Abaixo extraio deste ensaio tudo o que o Islã fez até a 1ª Cruzada. arierbos.medium.com/a-jihad-que-an…
2. Eia a cronologia de eventos dos muçulmanos e suas invasões e dominações até vir a Primeira Cruzada (esta organizada pelo Papa).
"Século VII (d.C.)
632: Maomé morre em 8 de junho em Medina.
633: Mesopotâmia cai face à invasão muçulmana. Segue-se a queda de todo o Império Persa para as tribos árabes maometanas, começando pela derrota na Batalha de Cadésia (ou Batalha de al-Qadisiyya), em 636, até a fuga do Imperador Yazdegerd III, para os confins do Império Sassânida, em Sogdiana, no atual Uzbequistão, onde foi assassinado em 651.
635: Damasco cai.
638: Jerusalém é capitulada pelos muçulmanos do Califa Omar ibn al-Khattab.
643: Alexandria cai, decretando assim a morte de mais de mil anos de civilização helênica que enriqueceu todo o Oriente Próximo com suas bolsas de estudos e cultura.
648: Chipre é atacado.
649: Chipre cai.
653: Rodes cai.
673: Constantinopla é atacada.
698: Todo o Norte da África é tomado pelos muçulmanos. São apagados os vestígios de cultura romana e a Hispânia (atual Espanha) é a próxima nos planos da Jihad.
Século VIII (d.C.)
711: Hispânia (dentro do Império Visigodo) é atacada por muçulmanos de Tânger que navegaram pelos 13 km de largura do Estreito de Gibraltar até Celta (sul da Espanha). O Reino Visigodo (Portugal central e meridional, quase toda a Espanha e parte ocidental da França) colapsa.
717: Os muçulmanos do Califa Solimão ibne Abdal Malique atacam Constantinopla de novo e são repelidos pelo Imperador bizantino, Leão III.
720: Narbona (sudoeste da França) cai.
721: Saragoça cai (nordeste da Espanha). Avistamentos de muçulmanos na França.
732: Bordéus (Bordeaux no sudoeste da França) é atacada e as suas igrejas são queimadas por Abdul Rahman Al Ghafiqi. Uma basílica fora das muralhas de Poitiers foi destruída e Abdul al-Rahman dirigiu-se para Tours que encerrava o corpo de São Martinho de Tours (316-397), apóstolo e santo padroeiro dos francos. Carlos Martel e o seu exército detêm os muçulmanos (destaque para Batalha de Poitiers contra o exército do Califado de Córdova, na Espanha que já tinha sido tomada pelos muçulmanos) e mata Abdul Rahman Al Ghafiqi, em outubro de 732. Os ataques na França continuam.
734: Avignon (França austral) capturada por uma expedição muçulmana.
743: Lyon (centro-leste da França) é saqueada.
759: Os árabes são expulsos de Narbona (depois de 39 anos sob o domínio islâmico). A Itália (região meridional) será a próxima nas guerras, saques e invasões muçulmanas do século seguinte.
Século IX (d.C.)
800: Começam as incursões muçulmanas na península itálica. As ilhas de Ponza e Ísquia (oeste de Nápoles da Itália) são saqueadas.
813: Civitavecchia, o porto de Roma construído pelo Imperador Trajano (53-117), é saqueado.
826: Creta (a maior ilha grega, ao sul da Grécia) cai perante as forças muçulmanas (que serviu de base para os muçulmanos até 961; quase 150 anos de controle).
827: Os muçulmanos começam a atacar a Sicília (sul da península itálica).
837: Nápoles (oeste da Itália) repele um ataque muçulmano.
838: Marselha (França meridional) saqueada e conquistada.
840: Bari (sudoeste da Itália e banhado pelo mar Adriático e lar das relíquias de São Nicolau de Mira (meados do século III-350), o original "Papai Noel"), caiu para o chefe dos piratas berberes, Khalfun, que depois saqueou o Santuário do Monte de São Miguel Arcanjo.
842: Messina (no sudoeste da Itália) capturada e o estreito de Messina (entre a ilha da Sicília e o continente italiano) controlado pelos muçulmanos.
3. 846: Em 23 de agosto, os esquadrões muçulmanos chegam a Ostia (oeste italiano pertencente à comuna romana), na foz do Tiber, com 73 embarcações, 11 mil guerreiros e cerca de 500 cavaleiros. Eles saqueiam Roma e a Basílica de São Pedro (Vaticano), profanando os túmulos de São Pedro e São Paulo, saqueando também a Basílica de Latrão, juntamente com numerosas outras igrejas e edifícios públicos. O altar sobre o corpo de São Pedro foi destruído em pedaços, e a grande porta da Basílica de São Pedro foi despojada de suas placas de prata. Os habitantes romanos ficaram horrorizados e a cristandade ficou chocada com o desrespeito e barbarismo das forças muçulmanas. Tarento, em Apúlia (sul da Itália), é conquistado pelas forças muçulmanas (ficando dominadas até 880).
849: O exército do Papa Leão IV repele uma frota muçulmana na foz do Tiber. Os sobreviventes foram trazidos para Roma, cuidados e se puseram a trabalhar ajudando a construir o muro Leonino em torno do Vaticano. Quatro metros de espessura, quase treze metros de altura e defendidos por quarenta e quatro torres. A maior parte dessa muralha e as torres redondas, podem ser vistas ainda pelos visitantes do Vaticano. Essas paredes defensivas foram finalizadas e abençoadas pelo Papa Leão IV, em 852.
853-871: A costa italiana desde Bari até Régio da Calábria (Reggio Calabria, toda Itália austral) é controlada pelos sarracenos. Os muçulmanos semeiam o terror no Sul de Itália.
859: Os muçulmanos tomam controle de toda a Messina (leste da Sicília).
870: Malta (ilha no Mediterrâneo central ao sul da Sicília) capturada pelos muçulmanos. Bari foi reconquistada dos muçulmanos pelo Imperador Luís II.
872: O Imperador Luís II (de França) derrota uma frota sarracena em Cápua (oeste italiano).
[Já cansastes? Calma... Ainda faltam 223 anos para a Primeira Cruzada, mas, segundo praticamente toda a mídia, academia e mundo artístico universal, que vem dominando o discurso com estas narrativas anticristãs e anti-ocidentais há séculos, acham que reagir a isso, é o “crime maior”. Continuai acompanhando a cronologia...]
873: As forças muçulmanas devastam Calábria (região do sudoeste da Itália), até o ponto de ser reduzida (conforme citado pelo escritor e educador, Horace Mann, na sua obra “The Lives of the Popes in the Early Middle Ages”) a um estado como o deixado pelo “Grande Dilúvio” e os sarracenos expressaram sua intenção de destruir Roma, a cidade do "Petrulus senex", o “Velho ineficaz, Pedro”.
876-877: Desde o fim de 876, o Papa João VIII enviou cartas em todas as direções para obter ajuda contra as hostes árabes que estavam devastando o sul da Itália e até ameaçando a própria Roma. Procurou a ajuda para Milão, para a cavalaria de Afonso III das Astúrias (Rei da Galícia na Espanha), para os chefes das armadas bizantinas, e para o Imperador Franco, implorando-lhe para ajudar os católicos na Itália.
878: Siracusa (na Sicília) cai após um cerco de 9 meses.
879: O Papa João VIII é obrigado a pagar aos muçulmanos um tributo anual de 25.000 mancusi (cerca de 625.000 dólares americanos modernos), por quase dois anos.
880: Os comandantes bizantinos conseguem uma vitória em Nápoles.
881-921: Os muçulmanos capturam uma fortaleza no rio Garigliano, em Anzio (oeste de Roma) e saqueiam as terras circundantes sem retaliações durante 40 anos.
887: Os exércitos muçulmanos tomam Hysela e Amásia (Turquia), na Asia Menor.
889: Toulon (sul da França) capturada.
Século X (d.C.)
901-902: As frotas muçulmanas saqueiam e destroem Demétrias (Vólos), na Tessália, Grécia central.
903: O Papa Bento IV, atende ao pedido de ajuda contra os sarracenos do bispo de Amásia, e o recebe gentilmente dando-lhe uma carta encíclica dirigida a todos os bispos, abades, condes e juízes e a todos os professores ortodoxos da fé cristã pedindo-lhes que recebam-no, lhe prestando consideração e ajuda, garantindo a segurança dele de uma cidade para outra.
904: Tessalônica (Grécia) cai perante as forças muçulmanas.
1. A capacidade de síntese e de expressão da realidade que o Olavo tinha é absurda. Aqui ele sintetiza quase três séculos de Socialismo — e explicando o que é isto em essência — em um punhado de parágrafos.
🤠💀🚬
"O socialismo matou mais de 100 milhões de dissidentes e espalhou
2. "o terror, a miséria e a fome por um quarto da superfície da Terra. Todos os terremotos, furacões, epidemias, tiranias e guerras dos últimos quatro séculos, somados, não produziram resultados tão devastadores. Isto é um fato puro e simples, ao alcance de qualquer pessoa
3. "capaz de consultar "O Livro Negro do Comunismo" e fazer um cálculo elementar.
Como, porém, o que determina as nossas crenças não são os fatos e sim as interpretações, resta sempre ao socialista devoto o subterfúgio de explicar essa formidável sucessão de calamidades