Como o @salimmattarBR está se dedicando a mostrar o suposto legado maldito de uma “social-democracia” que abrange de Collor e Temer a Dilma e Lula, que tal falar sobre o que a ditadura militar – idolatrada pelo seu ex-chefe – nos deixou? Vamos lá:
1. Em primeiro lugar, a Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final, reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos. Não é só isso. Um documento da CIA de 1974, por exemplo, mostra que se reconhecia 103 mortes só em 1973. Geisel orientou que a política continuasse.
2. A orientação foi dada após o fim dos Anos de Chumbo. É um demonstrativo de que o número real de execuções é maior, assim como a questão das mortes não contabilizadas de indígenas, ignoradas frequentemente. A democracia, com a garantia de direitos fundamentais, preserva a vida.
3. Já a tortura era instrumentalizada pelo regime. Ao menos 6 mil pessoas passaram pela experiência mais degradante que um ser humano pode passar. Pau-de-arara, estupro, empalamento... O crime de Persio Arida foi pendurar um cartaz; de Miriam Leitão, distribuir panfletos.
4. A inflação média no Brasil foi de 64,5% ao ano entre 1964 e 1985. Além disso, a adoção da indexação econômica, o ajuste automático de preços com base na inflação passada, contribuiu para o período de hiperinflação que a democracia teve de enfrentar nos seus primeiros anos.
5. A população, sem liberdade de expressão e política, teve que aceitar calada o arrocho salarial. Entre 1964 e 1985, o salário mínimo caiu 50% em valores reais. O poder de compra foi reduzido drasticamente. Foram precisos 30 anos para recuperar o poder salarial dos mais pobres.
6. A desigualdade disparou no período ditatorial e Pedro Henrique Souza diz que os acontecimentos de 1964 não podem ser menosprezados como fator de inflexão para o fenômeno. O 1% mais rico concentrava entre 15 e 20% de toda a renda nacional em 1964. Em 1985, o número era de 30%.
7. Embora tenha havido crescimento do PIB, a posição relativa do Brasil no ranking de PIB per capita mundial mudou muito pouco. En 1963, o Brasil era o 61° dentre 92 países. Em 1985, por sua vez, o país ocupava a 103ª posição dentre 149. Na média para 92, algo como a 66ª posição.
8. Entre 1964 e 1985, 168 deputados tiveram mandatos cassados. Só o Ato Institucional nº 1, editado dez dias após o golpe, ceifou os mandatos de 40 parlamentares. O Congresso foi fechado 3 vezes. Havia censura, de modo que não havia liberdade de imprensa nem de expressão.
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Ele minimiza tudo dizendo que, se os dispositivos estão na Constituição, não é golpe.
Enfatiza que a PGR fala em “estado de defesa ou sítio”, cujo primeiro passo seria a convocação do Conselho da República e da Defesa. Não ter convocado seria a prova que não passou da cogitação.
Pois bem, o estado de sítio (ou de defesa) que o Bolsonaro pôs na mesa era tudo menos constitucional.
As Constituições preveem esses mecanismos pra situações gravíssimas, como colapsos na segurança e desastres naturais, ou para responder a tentativa de golpe armada, uma guerra…
Ao dizer que “a criminalidade é um problema desligado do problema social”, Demétrio mostra que podia ter mais contato com a literatura atual sobre segurança pública.
No Brasil, por exemplo, temos uma boa evidência que ficar desempregado aumenta a chance da pessoa cometer crimes.
Ao analisar trabalhadores sujeitos à demissões em massa e compará-los a quem não perdeu o emprego, Breno Sampaio, Paolo Pinotti e Diogo Britto mostram que a probabilidade de ser processado criminalmente aumenta, em média, 23% para quem deixou de trabalhar. onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.39…
Um aspecto interessante é que o efeito ocorre tanto para crimes econômicos (roubo e tráfico, por exemplo) quanto violentos (como homicídios), sugerindo que a perda de emprego não só gera crimes por conta do choque de renda, mas também pelo estresse psicológico e mais tempo livre.
Eis o que acho a parte mais forte da denúncia da PGR:
06/12/2022 – Mauro Cid conta que Bolsonaro recebeu de Filipe Martins texto de decreto que prenderia Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco. Bolsonaro ajustou a minuta: prenderia somente Moraes; novas eleições.
07/12/2022: Decreto é apresentado no Palácio da Alvorada a chefes das Forças Armadas. Bolsonaro introduziu a minuta, com auxílio de Filipe Martins, para os comandantes do Exército (Freire Gomes) e da Marinha (Almir Garnier) e para o ministro da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira).
– O relato é corroborado pelos registros de entrada e saída do portão principal do Palácio da Alvorada;
– A reunião foi confirmada por Freire Gomes em depoimento à PF. Ele contou que foi convocado por Bolsonaro, corroborou os presentes, e disse Filipe Martins leu a minuta.
Andréia Sadi e Julia Duailibi apuraram que um grupo de ministros fez uma reunião com o Lula sem o Haddad para culpá-lo pela impopularidade do Governo. Estavam presentes todos os puxa-sacos do presidente: Padilha, Rui Costa, Sidônio Palmeira, Gleisi Hoffmann e Alexandre Silveira.
É incrível para mim, e um pouco assustador, como uma leitura tão errada pode ser tão comum. Se medidas para aumentar a arrecadação foram desgastantes, elas eram necessárias justamente porque o ministro estava de mãos atadas por esse grupo e por Lula. O ideal seria cortar gastos.
Um cenário alternativo em que Haddad e Tebet ganham a disputa de braço contra o incompetente Rui Costa, que não gere nada; o articulador que não articula, Padilha; e o puxa-saco Silveira; é um ano de 2025 com menos inflação e dólar mais barato, já que cortes teriam sido adotados.
O PSDB tem data de óbito marcada pro mês que vem, quando deve ser absorvido pelo PSD ou pelo MDB.
A morte do partido tradicional da centro-direita (esse lugar que ocupava) é um sintoma de como nossa democracia degringolou.
A direita se radicalizou e os tucanos ficaram perdidos.
Tucanos históricos apoiaram Lula em 2022, começando pelo próprio Alckmin. FHC, Serra, Tasso Jereissati, Aloysio Nunes, José Aníbal, José Gregori, Pimenta da Veiga, Teotônio Vilela Filho etc.
O PSDB decidiu pela neutralidade. Acho que tem um bom retrato do que aconteceu nisso aí.
Enquanto a direita se radicalizava, o PSDB tentou acompanhar. E isso vem desde a oposição à Dilma no período posterior à eleição de 2014. O papel que assumiu, os questionamentos que fez, o impeachment que apoiou. Mas falhou em surfar a onda. Bolsonaro era o extremismo de verdade.
Vamos começar com um dos líderes da AfD, Björn Höcke, que chefia a sigla na Turíngia. Ele já foi condenado duas vezes por usar o slogan “Alles für Deutschland” (“Tudo pela Alemanha”), associado às SA. Em dezembro de 2023, fez uma multidão completar o lema. politico.eu/article/bjorn-…
Höcke também causou enorme controvérsia em 2017, quando criticou o Memorial do Holocausto, em Berlim, chamando-o de um “monumento da vergonha". Na ocasião, pediu uma "virada de 180°" na memória histórica alemã. Quem concordaria seria o debaixo.👇🏼