O último medicamento aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer foi a "memantina" lá em 2003. Os anos foram passando, e a comunidade acadêmica da área, apesar de ter evoluído muito no entendimento da doença, não conseguiu desenvolver um novo medicamento.
Em 2016, um artigo muito promissor foi capa da revista @nature . Nesse artigo, foram apresentados os dados da fase 1B de um estudo clínico com o “aducanumab” - um "anticorpo monoclonal" produzido pela @biogen.
Com uma infusão intravenosa mensal, os achados secundários do estudos mostravam que o "aducanumab" removia placas de beta-amiloide do cérebro dos pacientes e impedia o aparecimento dos sintomas da doença. Mas, muita cautela aqui. Isso foi em um estudo de fase 1B.
O que são placas de beta-amiloide? São grumos insolúveis encontrados tipicamente no cérebro de pacientes com Alzheimer. Esses “entrelaçados” de cor marrom aí 👇. Acredita-se que, se conseguirmos remover esses grumos, conseguiremos impedir o progresso da doença de Alzheimer.
A capa da @nature mostrou essa figura 👇. Um exame de imagem que indica a quantidade de placas de beta-amiloide no 🧠 (quanto mais vermelho, mais placas). Como vocês podem ver, o aducanumab vai deixando o 🧠 azulzinho (ou seja, removendo as placas de beta-amiloide).
Assim, o aducanumab seguiu para 2 estudos idênticos de fase III: o ENGAGE (1647 com participantes) e o EMERGE (1639 participantes), ambos iniciados em 2015. Entretanto, em Março de 2019, ambos estudos foram descontinuados por falta de efeito em uma análise inicial.
Mas, surpreendentemente, em outubro de 2019, os dados foram reavaliados e o aducanumab foi submetido para a aprovação no FDA. Essa história pode ser lida com detalhes nesse artigo da @TheLancetNeuro bit.ly/3k78Skm
Nesta semana, estamos vendo que o FDA e as agências europeias parecem estar inclinadas para aprovar o aducanumab. Hoje, acontece uma reunião chave. Pode ser, que depois de 17 anos, um novo medicamento seja aprovado (ou quase aprovado) para o tratamento da Doença de Alzheimer.
Uma parte substancial da comunidade científica segue apreensiva e sugerindo a necessidade de um novo ensaio clínico de fase III (vale a pena ler aqui 👉 bit.ly/3k39oQo). Entretanto, tudo indica que o aducanumab vai conseguir sua aprovação mesmo sem esse novo estudo.
Se o aducanumab for aprovado e provar que funciona mesmo, poderemos ter pela primeira vez na história um medicamento "neuroprotetor" para o tratamento da doença de Alzheimer, ou seja, um medicamento modificador do curso patológico da doença. @ufrgsnoticias@iserrapilheira