Uma parte da esquerda brasileira não marxista se comporta segundo o bordão de Margaret Thatcher: "não há alternativa". Não pensam em como mudar a correção de forças, abrir novas possibilidades de ação, transformações estruturais, reformas profundas (para não falar de revolução).
Atuam com base em um terrorismo psicológico tacanho. A ideia é sempre baixar as bandeiras, rebaixar o programa, suavizar o discursos, ampliar a direita as alianças, assumir cada vez mais elementos das políticas de direita e tudo isso justificado na ideia de evitar mal maior.
Não tem problema nenhum, em DETERMINADOS MOMENTOS, atuar na perspectiva de reduzir danos. Recuo tático faz parte da arte da guerra e da política. O problema é que para essas pessoas, isso não é recuo tático, mas a forma estratégica de fazer política. Rebaixar e recuar sempre!
Como não tem alternativa de futuro, esperança, mudança real, sua tática é reforçar sempre o terrorismo psicológico e criminalizar a esquerda radical. Então a culpa de toda e qualquer desgraça é sempre dos radicais, os marxistas, os que não dialogam, o que não são pragmáticos etc.
Esquecem reforma agrária e dizem que um programa ultra focalizado de renda no campo já basta. Esquecem pleno emprego e fala que 600 reais por mês tá suave. Esquecem nacionalizar os setores estratégicos da economia e querem representatividade nas empresas privadas etc.
Repito, são, na prática, a ala "esquerda" do "não há alternativa", ou como diria Mark Fisher, operam com base no "realismo capitalista".
Vá para o inferno com isso para meu lado. Não aceito. Pode chamar de utópico, arrogante, chato etc. Sem conciliação com liberalismo. Nunca!
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Ninguém tá cobrando se assumir comunista ou ler Marx. Mas dizer que países como China e Vietnã tiveram o sucesso no combate ao covid por causa de "autoritarismo" é legitimar o neoliberalismo e o liberalismo econômico, ajudando, inclusive, a fortalecer opiniões anti-SUS.
Acompanha! Ao invés de pensarmos os impactos de mais de 30 anos de neoliberalismo no mundo e toda destruição da saúde, condições sanitárias, moradia, senso de coletividade e responsabilidade social, planejamento público e afins, falamos que não deu certo porque somos democráticos
É como falar: a política econômica das últimas décadas não é determinante na hora de reagir ao covid. Determinante é o suposto nível de "liberdade individual" e "controle autoritário" do estado.
Percebeu como isso deixa na sombra o fato de que, por exemplo, enquanto a China +
É um FALSO DEBATE esse negócio de se Biden é igual a Trump. O debate real é: como foram criadas as condições para o fortalecimento global da extrema direita.
Aqui vai uma dica importante: onda de ações neocoloniais no Norte da África e Oriente Médio (vide Líbia, 2011);
apoio aos grupos de extrema direita no Leste Europeu. Vide o caso da Ucrânia, em 2014; onda global de austeridade e destruição das condições de vida da classe trabalhadora; onda de golpes e cartada militar na América Latina (vide Lugo, no Paraguai, 2012);
aposta na política externa de "estados falidos" criando brechas de poder e espaço para surgimento de coisas o Daesh.
Nada disso foi com Trump, mas com Obama e Biden vice do Partido Democrata (PD). Agora, é lógico, que o PD vai tentar até certo ponto colocar o gênio na garrafa.
Nos anos 60 e 70, várias comunidades chamadas genericamente de "latinas" se organizaram e tinham um programa antirracista radical e socialista. O que aconteceu com elas? Foram, basicamente, paradas na base da bala e cadeia.
É preciso ter cuidado com falas sobre "latinos" sem+
consciência de classe e que votam em Trump. Caso contrário, estamos, querendo ou não, legitimando todo o processo de brutal repressão política dos anos 60 e 70 e que foi continuado na forma de "guerra às drogas" e a ideologia da "tolerância zero" com o "crime".
É fundamental lembrar também que a MAIORIA das lideranças "latinas" e negras nos EUA foi assassinada ou presa em processos totalmente ilegais - e outros tiveram que fugir dos EUA e até hoje não podem voltar para o país. E isso não é passado. É profundamente atual!
Sobre a matéria do El País e a necessidade de honestidade.
Como sabem, no último sábado, o El País soltou uma matéria de ataque contra mim assinado por Felipe Betim e Flávia Marreiro. O professor Safatle já informou em suas redes que foi consultado para uma matéria sobre+
radicalização da esquerda, não sendo informando que seria um material destinado a me atacar e repudiou a atitude dos jornalistas.
Mas não é só isso. O Felipe Betim me mandou essas perguntas. Como podem ver, as perguntas são todas enviesadas, preconceituosas +
anticomunistas com leves toques reacionários e cheias de cascas de banana.
Respondi educadamente perguntando se minhas respostas seriam publicadas na íntegra. Betim respondeu que as respostas não seriam publicadas na íntegra +
Foram atrás de um vídeo de Boulos de 2014. No vídeo, Boulos explica o que entende por poder popular e cita como exemplo o processo de auto organização nas ocupações do MTST. Boulos descreve como em caso de conflitos, como violência doméstica, a ocupação+
cria mecanismos de resolução de conflitos, combate ao machismo, defesa da mulher etc. Cita que evitam chamar a PM nesses casos. Boulos estava falando da situação específica de um OCUPAÇÃO que é brutalmente criminalizada pelo poder público e a polícia.
Eu já visitei várias ocupações do MTST e ajudei o movimento a ocupar um terreno em Recife. Vi com meus olhos a PM intimidar os trabalhadores, fazer baculejo por nada contra jovens, fazer batida atrás de drogas - querendo plantar drogas - para criminalizar toda ocupação.
Dirijo uma coleção junto com Gabriel Landi, a quebrando as correntes. A Coleção já é, mesmo com apenas dois títulos, uma das mais vendidas na cultura de esquerda no Brasil. Eu e o Landi somos os autores mais vendidos da história da Autonomia Literária na pré-venda de um livro +
A coleção visa publicar autores marxistas da periferia do sistema capitalista. Somos os responsáveis por colocar a disposição da militância escritos de Thomas Sankara, que simplesmente não tinha tradução. Agora vamos publicar PELA PRIMEIRA VEZ no Brasil, escritos dos +
das organizações de indígenas, porto-riquenhas, asiáticas e mexicanas marxistas dos Estados Unidos. Ano que vem, no 3° volume do quebrando as correntes, pela PRIMEIRA VEZ no Brasil, teremos uma coleção com escritos de marxistas árabes, 90% dos autores nunca publicados no Brasil.