1/Nos anos 1960, o então professor de Harvard Henry Kissinger veio ao Brasil tentar entender a crise que se avizinhava. Conversou com Carlos Lacerda e Samuel Wainer, que se odiavam. Ele lhes perguntou em que lugar do espectro político se colocavam. “Centro”, responderam+
2/Kissinger perguntou a Wainer como pessoas tão opostas podiam estar na mesma faixa política: “Estamos no centro. Só que um de costas para o outro”, respondeu. A anedota ajuda a entender os percalços dos candidatos que pretendem trafegar fora do bolsonarismo e do petismo+
3/Huck se encontrou com Moro, que conversa com Doria, que fala com Madetta, que troca zap com Amoêdo. Maia odeia Moro, mas gosta de Huck e aceita Doria. Dino também odeia Moro, mas quer apoio de Huck no 2.o turno.+
4/Pode-se perceber com a profusão de políticos citados que o problema da formação de uma “aliança nem bolsonarista, nem petista” não é a falta de nomes. É a falta de votos+
5/Em 2018, a direita, centro-direita e centro ofereceram ao eleitor cinco alternativas: Geraldo Alckmin, João Amoêdo, Henrique Meirelles, Marina Silva e Álvaro Dias. Somados eles tiveram menos de 11% dos votos, um terço dos votos de Fernando Haddad, do PT+
6/Ao contrário do que ocorreu com Biden, achar um nome que congregue da centro-direita até a centro-esquerda no Brasil é missão impossível. O partido Democrata conseguiu porque o sistema é, na prática, bipartidário, e inclu primárias onde todas as correntes disputam+
7/As lições do fracasso do centro em 2018 e do sucesso de Biden 2020 devem ser aprendidas. Eleições são sobre ideias, sobre o espírito do tempo. Em 2018, o eleitor brasileiro queria jogar o sistema político na lata de lixo. Em 2020, os americanos estavam exaustos de Trump+
8/Fim Apostar qual será o clima de 2022 é especulação, mas se a oposição nem-Bolsonaro, nem-PT quer entrar no jogo com chances vai precisar discutir além de nomes, o que os eleitores querem. Afinal, são eles os donos dos votos. Meu artigo no @Poder360poder360.com.br/opiniao/brasil…
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A derrota de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe várias lições para a política brasileira. Em termos muito genéricos: 1. Um presidente populista de extrema-direita pode ser derrotado nas urnas.
Bolsonaro: aumentou participação nas campanhas de SP, Rio, Recife, Manaus, BH...+
2. O estilo intenso de um presidente que passa o dia produzindo fatos, brigas e mentiras faz sucesso entre os apoiadores, mas gera uma exaustão no cidadão médio.
Bolsonaro: politizou ainda mais a vacina, minimizou suicídio...+
3.A melhor chance da oposição se livrar de um populista no poder é formando frente ampla.
Bolsonaro: apoiou recusa de Trump em reconhecer derrota, aumentando as suspeitas de que ele também não irá deixar o poder facilmente caso perca em 2022 +
Para além dos ultrajes, o discurso de Bolsonaro no Planalto revela um político atormentado com o peso do cargo. “Minha vida aqui é uma desgraça. É problema o tempo todo, não tenho paz para absolutamente nada. Não posso mais tomar um caldo de cana na rua, comer um pastel"+
2/“A minha cadeira (de presidente) está à disposição. Não sou super-homem. Naquela pipoca lá tem kriptonita ou um formigueiro”.
“Alguém acha que eu tenho um tesão em estar naquela cadeira? Está completamente equivocado”. +
3/ “Desculpem algum exagero, alguma coisa. É um desabafo, porque passei 28 anos dentro da Câmara e pedi a Deus para ter uma oportunidade um dia de mudar o Brasil. Eu posso até não mudar, mas vou tentar. Não estou preocupado com a minha biografia, se é que eu tenho biografia” +
2/Todos já sabem que meio ambiente e a diplomacia olavista serão pontos de conflito do governo Bolsonaro com Biden. Mas é no front interno que a ausência de Trump será mais sentida+
3/ Trump era o exemplo a quem Bolsonaro recorria p/ boicotar as diretrizes de quarentena na pandemia, usar a milícia digital p/ atacar adversários e iniciar uma campanha para desacreditar o uso de vacinas contra Covid19. Em 2 anos, Bolsonaro foi mais aos EUA do que ao Ceará+
1/Corre uma piada em Brasília que ao tomar posse no Ministério da Economia/Fazenda, o novo ministro encontra uma caixa com 3 cartas para ler em hora de crises. A primeira diz: “culpe o antecessor”. Guedes já fez isso nos últimos 22 meses+
2/É hora de Guedes ler a 2.a carta. Ela diz: “diga que o mundo vai acabar”. O Brasil vai mal. Estamos há 7 anos seguidos com déficits fiscais e a dívida pública vai fechar o ano perto dos 100% do PIB. O real é a moeda que mais se desvalorizou no mundo neste ano+
3/O Brasil está sob o risco de repetir a desancoragem fiscal de 2015/16 porque as suas autoridades não param para debater a prioridade do momento, encontrar as condições para manter o Auxílio Emergencial sem estourar as contas públicas+
1/Se Bolsonaro estivesse sério na sua desconfiança sobre as vacinas chinesas, ele ordenaria o cancelamento do acordo de compra do Ministério da Saúde com os antivirais da AstraZeneca e a Universidade de Oxford, a serem encapsulados e distribuídos no Brasil através da Fiocruz.
2/Com assinatura de Bolsonaro, o governo já gastou R$1,2 bilhão para ajudar no desenvolvimento da vacina AstraZeneca/Oxford, cuja matéria-prima é chinesa. Chi-ne-sa, da China, o mesmo país das vacinas da Sinovac, que tem parceria com o Instituto Butatan e o governo de São Paulo+
3/Só que Bolsonaro não está falando sério. Ele não se importa se a vacina é da China ou da Namíbia, o que ele fez foi (1) atacar o Doria e (2) gerar uma cortina de fumaça para reduzir a atenção à aprovação pelo Senado de Kássio Nunes Marques para o STF. Ele conseguiu+
1/Guedes x Marinho: Um pouco de história: A última vez que um comandante da economia foi desafiado desta forma por um colega ocorreu em 1999, no governo FHC +
2/Em seminário promovido pelo PSDB, o então ministro do Desenvolvimento Econômico, Clovis Carvalho, discursou que “apressar o passo da retomada do crescimento não trará o apocalipse. E excesso de cautela será outro nome para a covardia”+
3/Terminado o seminário, ministro da Fazenda, Pedro Malan, que estava na mesa, foi a FHC e colocou o cargo à disposição. Era um ou o outro. +