Precisamos conversar sobre nossos homens negros, sobre as masculinidades negras. Na nossa sociedade, a masculinidade é construção social sustentada por uma noção de força, virilidade, independência, autonomia e sobretudo relações de dominação.
A masculinidade foi constituída sobre as bases do homem branco europeu das classes altas, um modelo falido que precisa ser desconstruído para pensarmos novas masculinidades.
As reflexões feministas tem apontado a necessidade de repensar as relações de gênero e consequentemente desconstruir a masculinidade toxica.
Mas afinal, como nosso homens negros estão neste mundo? Como os nossos pais, primos, irmãos, amigos negros experimentam esse mundo extremamente violento?
De um lado, homens negros nunca serão homens brancos, nunca irão experimentar esse modelo de masculinidade por completo; Do outro lado, são responsáveis por diversas outras formas de dominação sobre as mulheres, principalmente as mulheres negras.
Esse modelo hegemônico não serve para nosso projeto sociedade, e é urgente pensar uma nova masculinidade e refletir como os homens negros se colocam neste mundo extremamente violento. São os homens negros as principais vítimas da violência urbana e policial no Brasil!
O homem negro é socializado desde sua infância enquanto um sujeito perigoso, um criminoso em potencial, o inimigo a ser combatido. Homens negros experimentam o mundo de maneira violenta e perversa, sempre na mira das armas e dos olhos racistas nos espaços da cidade.
A experiências dos homens negros com o racismo e a violência cotidiana nas cidades do Brasil, precisam ser levadas em consideração para pensarmos novas formas de masculinidade: uma masculinidade centrada no cuidado e no compartilhamento dele.
Precisamos ir além de uma perspectiva de nova masculinidade do homem que chora ou usas roupas supostamente de mulheres. É urgente educarmos nossos meninos e homens negros para uma nova postura frente ao mundo e na relação das mulheres e outros homens negros.

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10 Nov
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O fortalecimento da rede de apoio às mulheres é um compromisso meu! Vamos juntas!⁣ ⁣⁣🧶👇🏿
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9 Nov
A raiva e a indignação não passam, pois o patriarcado não permite que nós, mulheres, Marinas, tenhamos um minuto sequer de descanso. Recebi a notícia de mais uma mulher assassinada.
Marina Kohler Harkot, além de jovem pesquisadora dedica à mobilidade ativa e aos marcadores do gênero na cidade, tinha o cicloativismo como prática cotidiana. Por seu comprometimento com a mobilidade urbana consciente e sustentável, nos encontramos em algumas oportunidades.
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8 Nov
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7 Nov
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4 Oct
Na madrugada de sexta pra sábado troquei um pouco com o @felipeneto sobre frente ampla e acho que precisamos aprofundar nesse tema. E o principal motivo é que sonho em construir uma frente ampla no Brasil, que tenha capacidade de não só governar mas ser maioria no congresso!🧶👇🏿
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3 Oct
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