Essa semana me deparei com um tweet sobre um animal, era uma pergunta simples, uma pessoa perguntando se esse era ou não o bicho em questão? Simples! Nos comentarios outra pessoa disse que achava ter esse mesmo animal aparecendo em seu quintal.
Só que esse ser pode ser muito perigoso! E desenrolamos varias linhas de uma discussão sobre esse problema.
Isso me fez rever varios artigos e ler outros tantos.
Então vamos a Thread!
É importante saber quem são os Caramujos-gigantes-africano!
Achatina fulica é seu nome e Leste da África seu local de origem.
Mas hoje é considerado uma das 100 piores pragas no mundo. Problema que no momento afeta muitos países, Nigéria, Madagascar, Quênia, Polinésia Francesa, Taiwan, China, Siri-lanka, Japão, Índia, Austrália, Estados Unidos. E, claro, o Brasil.
Por aqui sua primeira aparição foi em 1988 no Estado do Paraná. E em 1990, na VI Feira Agropecuária de Curitiba, foram comercializados 100
lotes, que foi denominada de escargot chinês, erroneamente. Escargots são duas espécies de origem europeia, Helix aspersa e H. pomatia.
E quando a coisa não deu o retorno que prometia e a empresa que ia comprar toda a produção faliu, adivinha o que fizeram? Soltaram todos os carcaramujos (exóticos) no mato!
A resistência ao calor, alta taxa reprodutiva, crescimento e ganho de peso foram às características biológicas utilizadas para reforçar sua
entrada no mercado nacional e soltos, foi o começo de um grande problema!
Hoje, ele já está presente em 24 dos 26 Estados mais Distrito Federal, no Brasil. Dados de 2010, isso é, em 30 anos ele ocupou 92,3% dos Estados do País.
Voraz, arruína plantações e compete com as espécies nativas. Não possuindo predador natural, se multiplica desenfreadamente.
Muito tolerante a áreas degradadas, ambiente urbano e terrenos com falta de saneamento e entulhos. Esse fato o faz entrar em contato com um outro coadjuvante da vida humana, o Ratus norvegicus. E isso transforma um animal exótico em uma praga de importância médica!
Alguns ratos que foram trazidos da Ásia vieram com parasitas nematoides. Um deles o Angiostrongylus cantonensis causadores da angiostrongilíase humana.
Esse nematoide é comum em países do sudeste asiático e ilhas do Pacífico. No Brasil, foi detectado em 2007 em Cariacica/ES.
Os hospedeiros definitivos desse parasito são Rattus
norvegicus, mas recentemente detectado também em Rattus rattus em Belém/PA. Nesses hospedeiros, os nematoides adultos vivem nas artérias pulmonares, eliminam larvas de primeiro estágio.+
Essas larvas migram para a árvore brônquica e traqueia até chegarem ao trato digestivo e serem eliminadas juntamente com as fezes. No ambiente, as larvas penetram no tegumento ou são ingeridas pelos moluscos hospedeiros intermediários. +
Após duas mudas a larva é eliminado por meio do muco do molusco, e podem ser ingeridas pelos humanos junto com moluscos mal cozidos, alimentos ingeridos crus ou levar a mão (que não foi lavada) a boca, após tocar o muco infectado.+
As larvas perfuram a parede do intestino a caem na corrente
sanguínea, e, normalmente alojam-se nas meninges do sistema nervoso central, onde sofrem mais duas mudas e morrem.
Nesse caso a doença é conhecida como Angiostrongylus meningoencefálica, que causa dor de cabeça constante, rigidez na nuca, e distúrbios no sistema nervoso. Ou Angiostrongylus abdominal que causa perfuração intestinal e, pode chegar a gerar hemorragia abdominal.
Caramujos africanos com esses parasitados tem sido reportado no Espírito Santo, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Achados em portos de Ilhéus/BA, Angra dos Reis/RJ, Paranaguá/PR e Navegantes/SC.
No município de São
Gonçalo/RJ. A prevalência encontrada foi superior a 50%.
Tendo isso em mente é muito importante ter cuidado com esse animal! Importante manter locais baldios limpos para evitar presença de ratos.
Lavar bem alimentos que seriam ingeridos crus e lavar sempre as mãos! A eliminação deste caramujo é fundamental para o saneamento básico, infelizmente (já que a cagada quem fez foi o homem).
Mas não saia matando todo caramujo que aparecer pela frente. Sempre que localizar um suspeito procure a ajuda de um especialista.
Vamos mostrar o básico para diferenciar o A. fulica do Megalobulimus nativo.
O africano tem concha sem borda, que no Aruá é bem aparente e rosada. A concha do africano é mais pontuda e a do Megalobulimus arredondada. O africano tem a concha estriada.
Africano
Megalobulimus (Aruá)
Ovos do africano são pequenos e numerosos. Os de Megalobulimus são poucos e grandes.
Identificado uma infestação os órgãos de saude pública e controles de zoonoses de sua cidade devem ser acionados!
O método mais eficiente de controle das populações de caramujos africanos é a catação manual dos moluscos e ovos.
Todos os procedimentos de manipulação dos animais devem ser feito com as mãos protegidas por luvas plásticas ou sacolas plásticas de supermercados.
Devem ser postos em um pote ou lata e mortos. Esmagar é o mais prático ou incinerar.
Após isso as conchas devem ser quebradas e enterradas. Não deixe conchas inteiras expostas, elas podem ser depósitos de larvas de Aeades aegypti!
Tinha dito que ele não tem predador natural. Só que isso parece que está mudando.
Foi observado Chondrohierax uncinatus predando esses caramujo. Só que, infelizmente esse gavião é muito raro!
Não é legal falar de matar bichos, mas se faz importante no caso de um desequilíbrio somado a um vetor de uma doença.
Cuidem-se e consultem sempre a #trupenaturalista ou um especialista antes de fazer qualquer coisa.
Como esse é um assunto delicado, peço encarecidamente que tenham cuidado, mas não saiam matando qualquer caramujo por ai! Sinalizem os órgãos competentes para ser feito o controle. E cuiden-se sempre!
Por mais variados que sejam os grandes moluscos terrestres nativos, aqui alguns, sempre apresentaram borda grossa na concha. E as especies que tem estrias, estas seram linhas continuas e não em formato de raios.
Já o Achatina fulica tem a concha mais fina e sem borda. E as estrias são mais irregulares.
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Você já ouviu falar na Jussara (Euterpe edulis) palmeira da Família Aracaceae. Nativa da Mata Atlântica e ameaçada.
A exploração de palmito vem devastando grande parte da população nativa! Mas porquê?
O palmito nada mais é que o meristema apical da planta, isso é, o miolo das folhas, ou melhor dizendo, as folhas e caules em formação.
É um talo muito tenro e que se conserva em salmoura, para consumo em saladas frias e pratos quentes. O Jussara é conhecido por Palmito-doce, e esse é a sua desgraça. Diferente de outros palmitos ele é menos fibroso e de sabor neutro, muito agradável.