Hoje a reitora da Fuderj afirmou que trabalhadoras sexuais sofrem menos violência sexual do que mulheres com outras profissões. Ela usa dados do R7, uma reportagem focada em abuso de cranças e adolescentes. Depois, apresenta uma pesquisa de 2010 que supostamente corrobora isso.
E em na maioria dos artigos ainda surge a ressalva: as trabalhadoras sexuais denunciam muito pouco as violências sofridas. As demais mulheres tb denunciam pouco, por medo, vergonha... No caso das trabalhadoras sexuais soma-se a isso tb a certeza de que não serão ouvidas.
As mulheres que buscam denunciar sempre ouvem perguntas como "o que vc estava vestindo? vc tinha bebido? por que vc foi à casa dele?" e similares. Agora imagine uma prostituta, que é paga pra fazer sexo, dizendo que um cliente a violentou ou agrediu. O que essa mulher vai ouvir?
Acredito que boa parte dos policiais e outros profissionais que deveriam atender à essa denúncia irão dizer que não acreditam, uma vez que a prostituta estava mesmo ali pra fazer sexo. A investigação e punição desses crimes deve ser baixíssima, menor ainda que os demais estupros.
Tenho o maior respeito pelas trabalhadoras sexuais, e acho que parte disso é entender que essas mulheres estão em uma situação muito maior de vulnerabilidade. Mais expostas, menos atendidas, menos socorridas. Diversos estudos apontam isso. Essas mulheres precisam ser ouvidas.
E justamente isso que me preocupa na fala da Naluh. Como ela mesma diz nunca ter sofrido violência, parece ter dificuldade em entender que a experiência dela é diferente das outras. Com a audiência que ela tem, poderia falar desse problema com foco em denunciar e ajudar.
No entanto, o tom é de tentar dizer que as trabalhadoras sexuais não são violentadas, ou que são menos que as demais mulheres. Agora imaginem o peso disso pra uma prostituta que foi violentada, por exemplo. Depois disso, será que ela vai denunciar e procurar ajuda?
Muitas mulheres têm dificuldade em entender que sofreram estupro. "ah, mas ele é meu marido, é direito dele"; "Eu bebi demais, eu tava pedindo, né?"; "Eu não queria mas ele insistiu e eu acabei deixando". Imagine uma mulher cuja profissão já é marginlizada por ser ligada ao sexo.
Entendo que a Naluh sinta raiva das pessoas que a atacam; já vi muita gente sendo grosseira ou verbalmente violenta com ela. Deve ser difícil manter a cabeça no lugar sendo vítima de tanto ataque. Mas hj ela está sendo violenta até com quem chega ali de maneira mais respeitosa.
E a partir do momento que ela passa a atacar falando coisas como "vc foi estuprada em casa?" pra quem responde a ela, infelizmente perde completamente a razão. Passa a ser também agressora e não só vítima. Isso é bem comum; a maior parte das pessoas violentas tb sofreu violência.
E toda a busca por reconhecimento, desmarginalização e respeito que ela diz estar fazendo aqui cai por terra. Se pudesse dar um conselho a ela, seria pra ler mais pesquisas, falar com mais trabalhadoras do sexo, começar a entender que a experiência dela não é a verdade absoluta.
E se eu pudesse dar um conselho a vocês, seria que não respondam, não sejam agressivos com ela, não entrem nesse conflito. Não vai adiantar. Enquanto ela não conseguir ter empatia com outras mulheres vítimas de violência, trabalhadoras do sexo ou não, é inútil conversar.
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Amigos, claro que é triste perder. Claro que a gente queria o Boulos chegando de celtinha na prefeitura. Mas lembrem: tem 1,7 milhão de paulistanos pensando parecido com a gente. Não estamos sós. Tem muita gente querendo uma mudança positiva por aí.
Bruno Covas não foi um mau prefeito; conseguir 40% de votos em uma eleição assim é MUITO significativo. Eu espero que Bruno continue fazendo as coisas boas que fez e que aprenda com os erros que cometeu. E que tenha saúde pra completar seu mandato.
Em Porto Alegre, quase metade dos eleitores votou na esquerda. Em Recife, idem. No Rio, arrancaram Crivela da prefeitura. Em muitas cidades, a esquerda voltou a aparecer com mais força. Não estamos sós. Não estamos numa bolha. Vamos em frente.
Aqui perto de casa tá tendo uma feirinha de rua, a faixa diz que é FESTIVAL DO EGITO.
Não espero nada menos que uma pirâmide, meia dúzia de múmias, alguns sarcófagos e uma família de escaravelhos.
Vou botar a máscara e o protetor solar e dar uma sapeada.
Falei Egito claro que lembrei da @naotafacilprang que vai rir que nem uma tonta agora
Dei meu rolezinho, não tinha múmia nem pirâmide mas eu comprei doce árabe, mel produzido por descendentes de árabe, arroz com grão de bico lentilha e mil temperos, e ainda fui abordada por um TERAPEUTA MÍSTICO
O que aconteceu no dia que o @GuilhermeBoulos foi preso tava tacando fogo em pneu? Segue o fio pra saber mais sobre esse dia (que foi foda)
Isso aconteceu em 2017, em um atipicamente frio 17 de Janeiro. Um terreno em São Mateus, ZL de São Paulo, era ocupado por 700 famílias. Gente normal, que trabalha e tenta pagar as contas - mas não consegue e se vê forçado a morar em uma invasão pq não pode pagar aluguel.
Pra quem não conhece a cidade, esse terreno fica aqui, a cerca de uma hora de viagem da Praça de Sé ou duas horas da Berrini. É bem afastado do Centro e é uma região bem simples, com poucas opções de lazer, educação, saúde, etc.
Fiz uma listinha pra votar em vereador aqui em SP. Todo mundo na lista é mulher, preta, LGBTQ+, periférica, mãe, quilombola, indígena, defensora das minorias ou várias dessas coisas juntas. Segue, em ordem alfabética. Por mim podem votar em qualquer um desses que acho bom.
(vou colocar o nome, número e site da pessoa pra vcs conhecerem mais)
eu fico vendo os vídeo de produção tradicional de comida e depois tudo que desejo em meu coração é morar no mato plantar tomate colher tomate fazer molho sabe
quando eu ficar muito rica vou viajar pra Puglia comer burrata, depois ir pra Islândia comer pão de lava, depois ir pro Japão comer Shojin Ryori depois pra França comer queijo feito no monastério depois encher a cara de batata na Bélgica depois doce de leite no Uruguay depois
Chocolates na Suíça, tomates na Espanha, hommus no Líbano, muhammara e shakshuka na Turquia, guacamole lotado de pimenta ate chorar no México, patacones fritinhos na Colômbia, bolo de rolo em Recife, pizza em São Paulo, manga na Bahia. Vou viajar o mundo comendo coisa boa demais