Um livro essencial para entender a Europa depois da 2a Guerra, especialmente fenômenos como a prosperidade da Europa Ocidental versus o atraso e miséria da Europa Oriental, dominada pela URSS. Muito bem escrito
e gostoso de ler. Grande presente de natal:

amzn.to/36YPlzr
Sempre cauteloso e mantendo relações de trabalho com as potências ocidentais, Stalin adotou uma tática já empregada durante os anos da Frente Popular, na década de 1930, e durante a Guerra Civil espanhola:
o apoio à formação de governos de "Frente", coalizões de comunistas, socialistas e outros partidos "antifascistas", que excluiriam e puniriam os antigos regimes e seus defensores, mas que seriam prudentes e "democráticos", reformistas e não revolucionários.
Já no fim da guerra, ou pouco tempo depois, todos os países da Europa Oriental dispunham de um desses governos de coalizão.
Diante da contínua discórdia entre os estudiosos quanto à responsabilidade pela divisão da Europa, talvez valha a pena ressaltar que nem Stalin nem seus representantes locais tinham qualquer dúvida em relação ao objetivo a longo prazo.
Em regiões onde os partidos comunistas eram historicamente fracos, as coalizões constituíam o caminho para o poder; eram sempre o meio para se alcançar tal objetivo.
Como Walter Ulbricht, líder comunista da Alemanha Oriental, explicou, falando em particular a seus seguidores quando, em 1945, eles expressaram preocupação com a política do partido: “É muito claro: a coisa deve parecer democrática, mas precisamos ter tudo sob o nosso controle."
Controle, na realidade, era muito mais importante do que política.

Não por acaso, em todos os governos de coalizão -"Frente pela Pátria", "Governo de Unidade" ou "Bloco de Partidos Antifascistas" da Europa Oriental os comunistas buscavam o controle de ministérios essenciais:
o Ministério do Interior, que garantia ao partido autoridade sobre a polícia e as forças de segurança, bem como poderes para conceder ou sustar licenças para o funcionamento de jornais; o Ministério da Justiça, que controlava tribunais e juízes;
o Ministério da Agricultura, que administrava reformas agrárias e, portanto, podia oferecer favores e comprar a adesão de milhões de camponeses.

-Tony Judt, Pós-Guerra: Uma História da Europa Desde 1945, p.144

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Roberto Motta

Roberto Motta Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @rmotta2

11 Dec
Eu só queria entender uma coisa: vários cientistas e especialistas vieram a público explicar que, para se desenvolver uma vacina segura, são precisos ANOS de pesquisa.

Estão anunciando várias vacinas para o covid.

Fica a pergunta: o que mudou?
Ken Frazier, CEO da principal produtora de vacinas do mundo, a farmacêutica Merck, em entrevista à Professora Tsedal Neeley, da Harvard Business School, lembrou que a vacina mais rápida já trazida ao mercado foi o medicamento da Merck contra a caxumba. Levou cerca de 4 anos.
Frazier explicou que o processo de desenvolver uma vacina é demorado porque requer uma rigorosa avaliação científica. No caso da Covid, "nem sequer entendemos o vírus em si ou como o vírus afeta o sistema imunológico".
Read 8 tweets
11 Dec
Há duas condições fundamentais para reduzir a pobreza e dar uma vida melhor a todos, de forma sustentável, e independente de etnia, gênero e classe social.
A primeira é desenvolvimento econômico baseado em uma economia de mercado tão livre quanto possível. Isso gera oportunidades, negócios e empregos.
A segunda são instituições sólidas, que garantam os direitos do cidadão. Isso significa leis boas, parlamentos decentes e uma justiça eficiente e imparcial.
Read 6 tweets
10 Dec
Da mesma forma que terroristas do Oriente Médio usam a população como escudo humano, os narcoterroristas do Rio usam a população das favelas para proteger o seu negócio.
Os entrepostos de distribuição de drogas estão em favelas, mas não porque os traficantes são pobres coitados sem oportunidades. Eles estão lá porque a população local - inclusive mulheres, crianças e idosos - serve de escudo humano e sistema de alerta contra as forças policiais.
Toda a vez que você ler uma machete que diz “jovem trabalhador baleado em troca de tiros” lembre-se disso. Essas pessoas não são baleadas por acaso; seus ferimentos servem de proteção ao tráfico, e ainda trazem o benefício de demonizar a polícia e glorificar os narcoterroristas.
Read 15 tweets
10 Dec
O posicionamento da esquerda e, cada vez mais, da maioria da mídia, contra a polícia não é novidade. Falo disso nos meus 2 livros com muitos exemplos.

Essa turma não quer melhorar a polícia. Eles querem o FIM da polícia e das cadeias. Já disseram isso explicitamente várias vezes
O discurso de ódio contra a polícia ganhou novo impulso com os oportunistas do "antifa" e "black lives matter" nos EUA, que gritavam nas ruas pedindo não só o fim da polícia mas a morte de policiais.

Isso está fartamente documentado.
No Brasil o discurso de desprezo pela atividade policial vem sendo incorporado por instituições que deveriam zelar por nossa proteção e nossos direitos.

Mas, sem a polícia, quem vai nos proteger?
Read 9 tweets
10 Dec
Você conhece a Teoria Crítica de Raça? Ela é uma teoria marxista, criação da Escola de Frankfurt.

Essencialmente, ela diz 2 coisas:

Primeiro, TUDO tem a ver com “raça” (etnia, cor da pele).
Segundo, comportamentos socialmente produtivos como ser pontual, estudar e cumprir a lei são considerados atitudes “de brancos” (em inglês: “acting white”) e devem ser ignorados pelas outras “raças”.
Terceiro, essa turma pede O FIM DAS PRISÕES DE CRIMINOSOS. Prisão é apenas um instrumento opressor da guerra racial.

É sério.

Isso é ensinado em escolas americanas, e foi defendido pelo tal Joe Biden.

Esse lixo intelectual já está chegando nas escolas brasileiras.
Read 6 tweets
9 Dec
O número absurdamente alto de policiais mortos e feridos no Rio de Janeiro representa o resultado de décadas de descaso com a segurança pelos governantes e de um ataque ideológico permanente à polícia.

É um enorme desafio que só há poucos anos começou a ser realmente enfrentado.
Além da perda de vidas de policiais e do grande número de feridos, o resultado tem sido também alta incidência de problemas psicológicos nas famílias e nos policiais sobreviventes, que ficam tratumatizados para sempre.
A atividade das facções criminosas que atuam no Rio pode ser classificada como uma guerra irregular, de 4ª geração, assimétrica, psicológica e local.

Como resultado dessa guerra, entre 1998 e 2018 a Polícia Militar teve 2.844 mortos e 13.652 feridos, totalizando 16.496 baixas.
Read 6 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!

Follow Us on Twitter!