A operação Lava-Jato e o caso da Transparência Internacional é tema da TV GGN 20 horas desta quarta-feira (09/12). Veja mais a respeito no fio a seguir - Image
Nassif comenta as questões relacionadas a vacina da covid-19 que foram destaque do dia: "ele (Pazuello) está sendo engolido, triturado, e com ele a imagem das Forças Armadas. É até um negócio cruel o que ele está passando, mas cada pessoa tem seu nível de dignidade para defender"
Sobre os dados da covid-19 no Brasil, o país registrou 53.453 novos casos e 836 novos óbitos nesta quarta-feira (09/12).
Segundo Nassif, o mais importante a se acompanhar é a média diária semanal, que está em 41.686 novos casos (contra 38.578 casos sete dias antes) e 640 novos óbitos (535 sete dias antes)
Na análise por estados, 15 estados apresentaram alto crescimento no registro de novos casos, quatro estados mostram crescimento moderado, seis estados estão em patamar estável e dois estados mostram queda drástica.
Quanto aos dados de óbitos, 13 estados mostram alto crescimento no registro de vítimas fatais, oito estados mostram crescimento moderado, um estado apresenta patamar estável e cinco estados mostram queda drástica.
Segundo Nassif, o general Pazuello está "totalmente perdido". "Teve aquela reunião com os governadores e secretários de Saúde e o Doria, com aquela agressividade dele, quase fiquei solidário ao general Pazuello".
"Pressionado, ele vai hoje de manhã na CNN e apresenta o plano de vacinação. E leva cacete de todo o lado", diz Nassif, citando as críticas de especialistas, do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
"A única coisa que ele fez de novidade foi uma crueldade, típica do pensamento bolsonarista que os militares representam (...) em que tiram a população carcerária das prioridades. É uma matança"
"Se o cara está preso, o Estado é responsável pela segurança dele. É o mínimo. E o que fazem: tiram os presidiários da prioridade, o Sergio Moro tinha cortado verbas para atendimento de presídios (...) Deve estar um morticínio nos presídios"
Sobre a autorização para uso da vacina da Pfizer, Nassif lembra: "se a vacina já foi aprovada pelo serviço de saúde dos EUA, da China (...) faz a consulta à Anvisa, que tem 72 horas para responder. Se não responder, tá liberado. Ele (Pazuello) não sabia que tem isso"
"Ele (Pazuello) está efetivamente angustiado que a pressão que caiu sobre ele, o irresponsável que colocou ele lá - e ele foi irresponsável de aceitar também. Ele não tem autonomia e ele obedece (...)"
"Estamos falando em posições do Bolsonaro que são contra a Pátria, que significa você levar morte a cidadãos brasileiros"
"Estão conduzindo o Brasil para uma matança, e não se obedece um comandante - se obedece a um desatinado. Esse é um quadro efetivamente enrolado"
Nassif comenta sobre a posição do governador do Maranhão, Flávio Dino, que deve ir ao Supremo pedir autorização para os Estados comprarem vacina - segundo Nassif, "tem que ter a ordem mandatória para o Governo Federal ressarcir os Estados"
"Esse negócio das injeções: nós temos aqui dois ou três fabricantes. Se tivesse o mínimo de competência desse governo, tanto do Ministério da Economia como do Ministério do Desenvolvimento, mas também do Ministério da Saúde, você teria feito todo um planejamento"
"Nós tivemos montadoras se oferecendo para fazer respiradores, toda uma movimentação de solidariedade, e foram incapazes de articular. Não articularam nem com a Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos)"
"Poderiam ter feito as encomendas lá trás - e exportado até, montado um plano de exportação -, poderiam ter conseguido ampliar a oferta de agulhas e seringas, comprado por um preço baixo. Agora você tem esse angu, e cada Estado comprando por um lado"
"O ministro Barroso colocou para o ano que vem o julgamento da eleição do Bolsonaro com essa campanha de fake news (...) Poderia ter colocado agora, mas se colocar ano que vem você não tem novas eleições, mas uma substituição do Bolsonaro"
"E o Bolsonaro fica quieto um pouco, coloca uma renda emergencial, recupera um pouco a popularidade, é saudado como um gênio - embora a renda básica tivesse sido do Congresso. Ele para de falar e faz uma destruição ampla"
"O que ele está fazendo com a política científica e tecnológica é um crime contra o Brasil. Um professor da UFRS me mandou um levantamento dizendo que as bolsas da CNPq não serão mais enviadas ao Plano de Desenvolvimento à Pós-Graduação. Agora, haverá editais"
"Esse semestre houve uma série de cancelamento de bolsas que não foram renovadas nem após as defesas de teses pelos estudantes, que seriam parcialmente compensadas por um edital específico e não foram"
"Então, o atendimento da demanda do edital foi próximo a 30% - uma redução enorme no número de bolsas ofertadas pelo CNPq, o que está acontecendo são cérebros brasileiros sendo exportados para fora. Nenhuma estratégia, nenhuma visão. É um horror"
Dentro da série Brasil Milênio, Nassif entrevistou Carlos Frederico Rocha, vice-reitor da UFRJ, para falar sobre a questão das novas tecnologias. A íntegra da entrevista pode ser vista aqui -
"Estamos em um campo das novas tecnologias que são fundamentalmente desempregadoras de pessoas", diz Nassif
"Antes, se desempregavam pessoas da base da pirâmide que faziam trabalhos repetitivos. Agora, estão desempregando a média gerência com essas questões de inteligência artificial. Você tem setores que viram que tem que estabelecer algum tipo de proteção"
"O que está acontecendo com o Brasil? Falamos muito de ecossistema - se acaba com um tipo de bicho, por exemplo, você desequilibra o resto - e a economia é isso, o país é isso"
"Lá trás, quando a Lava-Jato e o Supremo resolveram liquidar a esquerda, você desmanchou o ecossistema. Independentemente dos erros que ocorriam, o fato de ter uma centro-esquerda articulada permitia resistência para manter políticas relevantes"
"Quando o Barroso, em nome de trazer o iluminismo para cá, desmontou o ecossistema político - primeiro com o PT, depois com o autossuicídio do PSDB - você deixou tudo em aberto. E o que você tem hoje? Desmanche total das estatais para negócio"
"Essa história de que 'precisamos de investimento do setor privado para melhorar o setor elétrico': é mentira"
"O que eles vão fazer com a Eletrobras é vender por 50 bilhões, no dia seguinte a Eletrobras sai do sistema de energia contratada (mais barata), joga na energia livre e o preço vai decuplicar", diz Nassif
"Você tem algumas privatizações que são essenciais - ferrovias, você pode pensar nisso. Ferrovias, portos. Quando entra energia, petróleo, gás, que são sistemas de oferta para o Brasil inteiro, isso faz parte de uma racionalidade de país, mas são negócios, negócios e negócios"
Sobre a questão da Transparência Internacional, Nassif explica: "o site ConJur publicou uma matéria sobre a tentativa da operação Lava-Jato de Brasília de montar a mesma fundação que a Lava-Jato Curitiba naquele caso de R$ 2,5 bi. Fizeram a mesma coisa com a Odebrecht e a JBS"
"Agora, eles estão processando o ConJur falando que o ConJur mentiu, que eles não receberam dinheiro - ninguém falou que receberam dinheiro. Não deu tempo. O Augusto Aras brecou".
Nassif apresenta documentos onde o MPF e a Transparência Internacional acertam com a JBS a assessoria sobre o direcionamento do dinheiro.
"A Legislação diz que tem um fundo de direitos difusos que onde todo esse dinheiro deveria ir para esse fundo, que tem um conselho que define onde vai colocar o dinheiro"
"Aqui, quem ia definir ia ser a Transparência Internacional com os procuradores regionais. Uma coisa inadmissível. A JBS pagaria todas as despesas e eles definiriam quais os setores sociais que receberiam. O poder político, econômico e financeiro desse pessoal"
"Digamos que eu sou um procurador, estou ligado a esse pessoal. Eu peço aposentadoria, saio do Ministério Público e tenho 2,5 bilhões de verba para montar projetos cuja aplicação de recursos vai ser definida pelo pessoal que eu coloquei lá".
E entra o ponto central: Nassif mostra uma lista com os 20 maiores doadores, por montante de contribuição, à Transparência Internacional em 2018. "O Departamento de Estado dos EUA doou US$ 602.765. Você tem um conjunto de pessoas que financia"
Nassif lembra o caso da Transparência Internacional com a Siemens. "O Departamento de Estado dos EUA - esse mesmo que colocou US$ 602 mil na Transparência - resolve retaliar a Siemens por causa de negócios com Irã, ou algo assim.
"Você tem a denúncia, e a Transparência Internacional é o grande agente de denúncias que espalha o escândalo da Siemens por todo o mundo"
"Passa um tempo, e essas empresas que tem ações como a Petrobras e outras, tem um período que é chamado de redenção - essas empresas contratarem escritórios de advocacia de compliance por altos valores, e contratarem empresas que montem esses planos de compliance"
"Quem a Siemens contrata um tempo depois, por US$ 3 milhões? A Transparência Internacional alemã"
"No Brasil, em 2014 você tem o acordo da Lava-Jato com a Transparência Internacional - a mesma Lava-Jato que estava em contato com o Departamento de Justiça e tudo"
"É tudo armado, é tudo aquilo que a gente colocava lá trás: toda essa estrutura da indústria anticorrupção, escritórios de advocacia para compliance respondendo ao Departamento de Justiça pagos pelas empresas, interventores, multas enormes em cima dessas empresas"
"E a Transparência Internacional como o grande veículo de disseminação das informações"
"Em 2014 você tem esse acordo do Brasil, da Lava-Jato, com a Transparência Internacional, na sede. Em 2017, quando estava prestes a fechar o acordo de leniência com a Odebrecht e com a JBS, além da Petrobras, é montada a Transparência Internacional Brasil. O CNPJ dela é de 2017"
"Pouco tempo depois, ela se torna parceira da Lava-Jato Brasília, Lava-Jato Curitiba, Lava-Jato da Carne Fraca, para administrar verbas bilionárias"
"Ela (Transparência Internacional) está processando o ConJur pois disse que nunca recebeu dinheiro. A reportagem não disse que recebeu dinheiro. Disse que estava tudo preparado para receber dinheiro"
"Quando você vai olhar as empresas que ela divulgava corrupção, ela entra como gestora dos recursos bilionários - esse negócio da JBS é mais 2,5 bilhões que seriam geridos pela Transparência Internacional"
"Em um determinado momento, o Cristiano Zanin (advogado do ex-presidente Lula) pediu informações sobre o acordo fechado com os EUA. Relutaram e o STF autorizou. O juiz que substituiu o Moro não quis dar, o Supremo reiterou, e aparece a história da Transparência Internacional"
"Eles pedem para abrir as contas. Entra um conjunto de pedidos de informação para o juiz que substituiu o Sergio Moro para saber o que aconteceu com essa assessoria dela. Ela recebe dinheiro? Tem pagamento? Quais as empresas que financiam ela?"
Nassif mostra que a conta relacionada a Parceiros Institucionais da Transparência Inernacional não é revelada - "Associação Transparência e Integridade. Receitas com restrições - parceiros institucionais: R$ 3,388 milhões em 2018 e R$ 2,721 milhões e não revelam quem é"
"O juiz que substituiu o Moro não quis dar nenhuma informação. O (Ricardo) Lewandowski insistiu, reiterou essa obrigatoriedade, mas tem que investigar"
A íntegra do programa, que apresenta outras informações a respeito do caso Transparência Internacional, pode ser vista aqui -

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