Em 2021, gostaria de respostas para assuntos que cobri este ano.
Além da origem dos 89 mil de Queiroz para a Michelle Bolsonaro, pq o presidente e Ana Cristina pagaram 5 imóveis em espécie? Como montaram juntos um patrimônio de mais de R$ 5,3 milhões em menos de 10 anos? 👇
- Pq Rogéria e Bolsonaro pagaram 95 mil em dinheiro vivo por um apto?
- Pq Rogéria recebeu uma doação de 733 mil de Flávio?
- Qual a origem dos 150 mil pagos em espécie por Eduardo Bolsonaro?
Vamos de retrospectiva de 2020👇
Uma das últimas matérias exclusivas que fiz, junto com @BelaMegale e @Chicotavio, foi sobre o dep da Luiza Paes, ex-assessora de Flávio. Ela confessou a devolução de salários para Queiroz e se tornou a 1ª a admitir o esquema. O principal da denúncia. glo.bo/3mD0QRM
Mas passei horas, dias, tentando achar outras peças do quebra-cabeças dessa história. Depois que ajudei a mapear os funcionários da família Bolsonaro, iniciei 2020 focada em investigar o patrimônio do presidente e suas ex-mulheres e os desdobramentos da investigação sobre Carlos
Primeiro, descobri que Ana Cristina Valle era oficialmente investigada pelo MP-RJ no caso de Carlos Bolsonaro. Ela foi chefe de gabinete de 2001 a 2008 e era responsável por vários funcionários tidos como "fantasmas". Alguns, seus parentes.
Com @JoaoSaconi e @coutomarlen resgatamos a história de Rogéria, 1ª mulher de Jair, e sua vontade de voltar a ser vereadora. Não deu certo, ela perdeu a eleição. Mas mostramos como ela tbm empregava funcionários e parentes qdo era casada com Bolsonaro epoca.globo.com/brasil/a-volta…
Em fevereiro, publicamos imagens da Câmara de Vereadores mostrando que ex-assessores de Carlos, investigados pelo MP, foram no gabinete dias antes do depoimento. Alguns, há anos sequer pisavam ali. Os depoimentos, depois disso, eram todos muito parecidos
Depois da saída de Sergio Moro acusando Bolsonaro de interferir na PF, contei outros detalhes sobre como a PF arquivou um inquérito sobre o patrimônio de Flávio sem quebrar o sigilo, algo bastante importante para saber a origem (ou falta de) dos valores glo.bo/34Bok3d
Em junho, quando Queiroz foi preso na casa de Wassef, uma das primeiras informações que recebi no início da manhã foi que a operação tinha o nome de "Anjo" porque era assim que o advogado era chamado pela família Queiroz e pessoas próximas de Bolsonaro oglobo.globo.com/brasil/anjo-ap…
Depois, apontei a existência de um áudio de Márcia chamando Wassef de "Anjo" nos autos do MP. Ele dizia que não sabia onde estava Queiroz. Tbm falei como Queiroz usou o apto da ex-mulher de Wassef que possui uma empresa com contratos com o governo oglobo.globo.com/brasil/queiroz…
Em outubro do ano passado, revelei o áudio em que Queiroz falava sobre a negociação de 500 cargos no Congresso. A fala de Queiroz teve impacto na família e os comentários, além do áudio, apareceram na decisão que deferiu a prisão de Queiroz.
Em julho, conclui com @Chicotavio a investigação que fizemos sobre o patrimônio de Ana Cristina Valle, adquirido no casamento com Bolsonaro. No período da união, os dois compraram 14 imóveis, 5 foram pagos com dinheiro vivo. epoca.globo.com/rio/os-negocio…
E começou a saga do dinheiro vivo. Descobrimos também que Rogéria Bolsonaro havia comprado um apartamento na Vila Isabel, durante o casamento com o presidente, e o pagamento também foi em espécie. oglobo.globo.com/brasil/enquant…
Ainda achamos pagamentos de Eduardo Bolsonaro no total de R$ 150 mil em espécie feitos durante a compra de dois imóveis. A PGR agora investiga o caso. Com isso, Eduardo é o 3º filho investigado de Bolsonaro.
E surgiram vários detalhes sobre pagamentos em espécie de Flávio Bolsonaro que envolveram o próprio presidente Jair Bolsonaro. O próprio Flávio disse que pegou dinheiro vivo com o pai e Carlos para justificar pagamentos de salas comerciais. oglobo.globo.com/brasil/exclusi…
Além disso, contei com @aguirretalento como outros valores obtidos por Flávio, tbm em espécie, foram declarados no Imposto de Renda dele como empréstimos. Um total de R$ 250 mil de ex-assessores de Bolsonaro. oglobo.globo.com/brasil/flavio-…
Outro ponto importante da declaração de IR de Flávio foi uma doação de R$ 733 mil, em espécie, feita a sua mãe, Rogéria, em 2010. Nem o senador ou ela quiseram explicar essa transação.
A semana não acabou ainda mas acredito que a operação do MPRJ que prendeu Marcelo Crivella nesta terça seja o ato final da gestão do atual procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem. Antes dessa gestão, o MP foi muito criticado pela ausência nas investigações de Cabral👇
A gestão de Gussem foi marcada pela investigação da morte de Marielle Franco, o caso Queiroz e demais deputados estaduais investigados pela prática de rachadinha. Em todos os casos, as investigações possuem pontos importantes, mas viveram polêmicas também. +
Em um análise breve, noto que a coletiva hj mostrou o Gaocrim, grupo de promotores que atua nas investigações que Gussem possui atribuição. Ele não estava presente. O saldo do período deixa mais perguntas que respostas.
A PGR abriu apuração preliminar sobre o dep Eduardo Bolsonaro. Eu e @Chicotavio revelamos em setembro que o 3º filho de Jair Bolsonaro tbm tinha usado R$ 150 mil em dinheiro vivo durante a compra de 2 imóveis. Com isso, ele é o 3º filho investigado oglobo.globo.com/brasil/eduardo…
Flávio Bolsonaro, o irmão mais velho de Eduardo, já foi denunciado pelo MP do RJ por lavagem de dinheiro em imóveis adquiridos com dinheiro em espécie. Tbm foi acusado de peculato e apontado como líder de uma organização criminosa.
Carlos Bolsonaro, o irmão do meio do trio, também é investigado por ter nomeado pessoas que não trabalhavam e o MP-RJ apura a prática de rachadinha no gabinete. O caso de Eduardo, como ele é deputado federal, deve seguir no Ministério Público Federal, diferente dos irmãos.
A eleição americana está bombando, eu sei, mas quem quiser saber dos bastidores, descobertas e histórias da investigação sobre rachadinha envolvendo o senador Flávio e Queiroz pode reler esse fio de matérias aqui. Começo com a assessora que admitiu a devolução dos salários👇
Como adiantei + cedo, Luiza Paes contou que ficava com R$ 700 dos quase R$ 5 mil que ganhava. Tinha que devolver vale-alimentação, restituição do IR e essa devolução tbm ocorreu quando ela não trabalhava no gabinete, mas em outros setores da Alerj.
Em setembro, fizemos um resumo sobre tudo que foi apontado na investigação. Os promotores descobriram que que o senador usou R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo que teria origem no esquema.
Neste domingo, eu maratonei os últimos 3 episódios de Praia dos Ossos da @radionovelo. Um trabalho extremamente inspirador. Ouvir a @brancavianna entrevistar o Doca Street me fez lembrar das duras vezes em que entrevistei o coronel Paulo Malhães.
Uma das missões mais difíceis que se pode ter é ouvir um assassino. Confrontá-lo sobre as incoerências de suas versões do crime mantendo diálogo. Ao ouvir as perguntas da Branca, lembrei do que senti ouvindo o coronel falar do que fazia com os presos políticos na ditadura.
Manter o controle e ouvi-lo com atenção, ao mesmo tempo, e por mais de 5 horas, foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Ao ouvir a Branca, vi que ela também teve momentos de quase riso, nervoso, nas horas das perguntas mais cruciais.
Novidades 👇
Quebra de sigilo mostra que ex-assessor de Carlos sacou em espécie todo o salário. Márcio Gerbatim constou como assessor de 2008 a 2010. Tbm foi identificado um depósito de R$ 10 mil de Jair Bolsonaro para Gerbatim -- com @aguirretalento
Entre 05/2008 e 05/2010, Gerbatim recebeu R$ 89 mil da Câmara. A conta recebeu outros R$ 4 mil em depósitos de terceiros. No mesmo período, as retiradas em dinheiro vivo totalizaram R$ 90 mil. Os saques tinham valor próximo ao salário e, quase sempre, no mesmo dia do pagamento.
Gerbatim nunca teve crachá na Câmara de Vereadores. Ele é ex-companheiro de Marcia Aguiar e pai de Evelyn Mayara, outra ex-assessora investigada. Em 2018, Gerbatim contou que não sabia que a filha era assessora. Para ele, ela estudava Psicologia e trabalhava numa farmácia.
Sem procuração, advogado que acompanhou Flávio Bolsonaro na casa de Paulo Marinho foi identificado por Márcia, em agenda apreendida pelo MP, como do 'caso do Queiroz' oglobo.globo.com/brasil/sem-pro…
Victor Granado Alves esteve com Flávio Bolsonaro na casa de Paulo Marinho, quando o empresário disse que foi relatado o vazamento de informações da Furna da Onça. Ele, porém, nunca foi apresentado formalmente nesse caso como advogado do senador.
Granado Alves, inclusive, é um dos servidores investigados no procedimento que apura a "rachadinha" no gabinete de Flávio e era investigado no caso do vazamento. Mas obteve uma liminar no TRF-2 dias atrás que suspendeu a investigação dele no PIC do vazamento.