Contra gente protestando pelo direito não ser assassinado pela polícia, tem um exército. Contra uma gangue incitada por um bilionário fascistoide que nunca fez nada vida só tem segurança de shopping center.
"Opressão" para o conservador é o ato de pagar pelo que ele fez.
E nem estou falando da lei, do Estado, de quando os aparatos de repressão se voltam contra ele. Os caras esperneiam quando sofrem ostracismo, escrutínio ou simplesmente se deparam com um ponto de vista contrário.
Todos os políticos e "ativistas" dessa nova direita sempre tiveram tapete vermelho para fazer o serviço que fazem. Quantos perfis amigáveis e sem contestação dessas figuras foram publicados com esmero em grandes jornais?
Todo o meme do "nazismo de esquerda" só serve para obscurecer o fato de que a retórica de Hitler é praticamente indistinguível do que a nova direita contemporânea prega.
Como vivo repetindo, as bases intelectuais do 3o Reich vêm de um movimento alemão intitulado "revolução conservadora". "Revolução conservadora? Não seria uma contradição?" Não mesmo. O conservadorismo real é um movimento anti-iluminista que busca uma restauração violenta...
... da ordem absolutista, seja ela monárquica ou para-monárquica. A tradição anglo-saxã do conservadorismo é diferente sob muitos aspectos, mas as tradições francesa e alemã (e outras adjacentes) queriam restaurar velhas ordens e acabar com qualquer respiro democrático.
Bolsonaro começou a endossar os boatos mais bizarros sobre as vacinas contra a COVID. Prevendo que não vai conseguir vacinar a população antes dos seus rivais políticos, ele agora prefere destruir todo o esforço de imunização do país.
"Mas assim ele vai prolongar a pandemia!" Pensem comigo: o presidente tem hoje uma aprovação maior do que a tinha ano passado. Tem problemas maiores também mas, a rigor, a pandemia não foi nada ruim para o governo dele.
Quanto mais o Brasil depende do Governo, mais ele pode usar o país como refém. 180 mil mortos não bastam, e por isso os bolsonaristas vão apostar em modos para inflamar o país e promover (mais) destruição e morte. A crise permanente é perfeita para esconder o descaso criminoso.
"O presidente Jair Bolsonaro tem usado o órgão para fortalecer a espionagem sobre áreas críticas do governo, contra adversários, organizações não-governamentais críticas às políticas ambiental, indigenista e de direitos humanos." cartacapital.com.br/politica/gover…
"Dois ex-diretores da Abin, ouvidos pela Pública, mas que pediram para não ter os nomes divulgados, avaliam que há uma mudança brusca no foco adotado pelo sistema de inteligência no governo Bolsonaro" apublica.org/2020/12/govern…
"Também ganharam relevo temas como o monitoramento de ações voltadas para o avanço do Covid-19 e os conflitos entre governo federal e estados, que agora entram num novo patamar com o acirramento do confronto entre Bolsonaro e o governador paulista João Dória."
Toda essa mobilização desde fevereiro contra TODAS as medidas que poderiam conter a pandemia foi feita com o único e exclusivo motivo de que o presidente não quer fazer o mínimo e tem medo de quem faz.
O Ministro da Saúde que decidiu arregaçar as mangas e trabalhar - novamente, fazendo O MÍNIMO - virou inimigo número do bolsonarismo. Governador que decidiu investir em vacina? Inimigo. Prefeito que adotou políticas de isolamento para evitar o caos? Inimigo.
Como um imbecil que gastou os últimos quatro anos observando o que essa nova direita divulga, cheguei a uma conclusão interessante: é uma politização baseada no segredo, no mistério, em uma verdade oculta (ou ocultada) por "eles".
"Eles" no caso podem ser desde o anedótico "professor de história comunista", o "deep state", a ONU, o Paulo Freire, os Illuminati, os judeus, a esquerda, o George Soros, tanto faz. Isso permite que a direita possa privilegiar o oculto em detrimento do que é evidente, óbvio.
É um pouco parecido com a ufologia e outras teorias conspiratórias (terra oca, terra plana). O oculto é produzido a partir de pedaços materiais de algo, frequentemente embalsamados numa rede de falsidades, de confusão deliberada entre correlação e causalidade.