Nunca me esqueço de uma chilena que conheci em um ato que fizemos na embaixada do Brasil no dia em que @LulaOficial foi preso. Ao perguntar porque ela estava ali, ela me disse que trabalhava há muitos anos na FAO - a organização da ONU para a alimentação e a agricultura. +
E que por isso havia acompanhado de perto as suas políticas - não só de combate à fome, mas especialmente de segurança alimentar. E que estas políticas haviam transformado a forma como se combatia a fome e a pobreza não apenas no Brasil, mas em todo o Sul Global. +
Disse ainda sobre como Lula (em conjunto com outros atores) nos fez perceber aqui na América Latina que poderíamos construir uma agenda própria e alternativa às propostas pelos EUA e pela Europa (e suas agências) no combate à fome. +
E que com Lula nos aproximamos um pouco da tão sonhada autonomia e soberania em relação ao Norte Global. Isso me marcou profundamente. Na época estava lendo Carolina de Jesus: "O Brasil precisa ser governado por quem já passou fome. A fome também é professora". +
Hoje a fome varre novamente o país. Impossível não lembrar de Milton Santos - "a fome é um fenômeno político" ou do romance "Homens e Caranguejos" - uma obra prima de Josué de Castro. De Betinho e de Zilda Arns. De Carolina de Jesus. +
Mas é também preciso lembrar deste homem que, talvez por já ter passado fome, fez de tudo para que nenhum brasileiro vivesse o mesmo que ele viveu - como preconizou Carolina de Jesus. E isto também precisa ser cobrado daqueles que perseguem Lula dia e noite há mais de 40 anos. +
Dizia Betinho que "a alma da fome é política". O Brasil precisa ser novamente governado - se não por quem já passou fome - por quem politiza a fome e tem o seu combate no centro de suas políticas. Não podemos permitir que essas pessoas continuem ou retornem ao poder. Não podemos.
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