#RespostaAoMassacreDeCafunfo
Uma thread sobre o pós massacre, sobre a resposta institucional, sobre o tratamento da mídia, sobre a importância das redes sociais e sobre o descaso, o nosso descaso, o descaso de uma sociedade que não se revê em casos “de lá longe”. Segue! 👇🏾👇🏾👇🏾
Foi naquela manhã de domingo que vimos as redes sociais serem bombardeadas, por tudo quanto era canto, por imagens horripilantes, vindas da Lunda-Norte, que flagravam agendas da PN e das FAA num exercício macabro de “acabar de matar” angolanos, angolanos como cada um de nós.
Tratava-se de uma chacina que ocorreu em Cafunfo, Lunda-Norte, na noite anterior, dia 30/01, onde membros do Protectorado Lunda Tchokwe foram aniquilados até o último suspiro depois de uma tentativa de manifestação anunciada, como nos mostra o post abaixo publicado no dia 15/01👇🏾
Tão logo as imagens se tornaram virais, a @policia_angolan fez sair um comunicado (👇🏾) , talvez um dos seus maiores erros até ao momento. Why? Pq na tentativa de defender a sua dama a todo custo, esqueceu-se dos valores e princípios que regem uma instituição republicana...
No comunicado, a polícia fala num “acto de rebelião armada praticada por um grupo de aprox 300 elementos” e que agiu “em legítima defesa dos bens e valores do ESTADO democrático e de DIREITO”, tendo a sua actuação resultado na morte de “quatro cidadãos e cinco feridos”.
Só no vídeo abaixo já conseguimos ver mais de “4 cidadãos mortos”, o que já contraria e põe fortemente em causa a teoria e factos da comunicação institucional, o que seria evitado se a polícia só se pronunciasse depois um inquérito sério e transparente sobre as circunstâncias...
Até o momento, o número de mortos ainda não é certo. A @policia_angolan fala em somente 4 (o que não faz sentido, tendo em conta factos), algumas fontes falam em mais de 12 e a @amnistiapt fala em cerca de 10 mortes confirmadas (observador.pt/2021/02/02/ang…)
Tão logo o “bombo molhou”, muito por consequência da pressão social, Paulo de Almeida, Cmte Geral da PN, foi para Canfunfo dizer que “tudo está tranquilo, tudo está controlado”, num exercício claro de tomar a versão dos seus como a mais pura e única verdade.
E foi a partir desta “santa e inquestionável” versão dos factos da @policia_angolan que se passou a tratar, a nível de todo o país, um massacre/chacina como um “acto de rebelião armada”. Os chefes disseram, a mídia pública só seguiu a boleia...
Este foi o 1° artigo do @jornaldeangola sobre o assunto em causa, publicado no dia 31/01. Num exercício caricato até, o JdA, talvez no cumprimento das “Ordens Superiores” lança uma “notícia” que mais coisa menos coisa é simplesmente uma reprodução fiel ao comunicado da PN.
A @portalangop, como uma boa mana que é, seguiu os mesmos passos do Jornal de Angola, com a publicão deste artigo abaixo em que, sem o contrário, da “razão” a versão da Polícia Nacional sobre os factos, sem qualquer tipo de recurso ao contrário (angop.ao/noticias/polit…)
E a @TPAngola, e como sempre, passa neste prova com distinção e mérito acrescido. Num exercício vergonhoso, triste e nojento. E quando pensávamos que já nada podia piorar, surgem eles e nos surpreendem:
Mas para a mídia pública, não basta só dizer que acreditam na versão da polícia. É preciso tornar o “único ângulo válido da estória” o mais confiável e verdadeiro possível. Então precisamos de ir buscar outras pessoas que possam back up as nossas ideias. E lá vai 🤡:
Acho que nem vale a pena dizer que até ao momento, passados 3 dias dos factos, ninguém mas absolutamente ninguém do “outro lado do argumento” foi ouvido pela nossa comunicação social pública, nem só já o comunicado do PLT, publicado no FB há 2 dias, mereceu atenção. Triste!
Redes sociais? Têm um papel crucial para a preservação da verdade neste tipo de casos onde os poderosos pensam que podem criar estórias e reproduzi-las até que se tornem em factos. Não fossem as redes sociais, não teríamos dados para contrapor a “verdade institucional”.
O nosso descaso? Hoje não faz mais sentido o nosso descaso por alegada “falta de conhecimento”, hoje não faz sentido o silêncio, hoje nada faz mais sentido... para não me alongar deixo-vos com a excelente colocação do meu amigo Scuman via Facebook.
Continuamos a cometer os mesmos erros do passado. Continuamos a legitimar e a promover a violência institucional. Continuamos a fazer um caminho de retrocessos que nos deixa mais pobres a cada dia que passa..
Para quem tenha mais interesse no assunto, deixei ontem um vídeo no meu IGTV que talvez possa ser útil, abaixo o link. The end. (instagram.com/tv/CKzzgeTDKEl…)
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A injustiça social baseada na classe social (1) e muitas vezes no tom de pele (2) é um problema sério em Angola. Os agentes da Polícia Nacional, por exemplo, usam dois pesos e duas medidas, dependendo de quem é o visado. Segue a thread 👇🏾:
Há um vídeo a circular - que não partilho aqui por questões éticas - em que uma senhora, algures em Luanda,confronta agentes da Polícia Nacional após os mesmos, segundo se consegue perceber, terem apreendido a chave da sua viatura pelo cometimento de uma suposta infração.
Num vídeo de aproximadamente 10 minutos, é possível ver uma senhora - talvez fora do seu juízo perfeito - a desafiar os agentes da ordem de todas as formas e feitios, exigindo que os mesmos fizessem a devolução da chave do seu carro de modo imediato.
Conheça, abaixo, alguns dos rostos mais jovens da lista dos recém nomeados à cargos de alta responsabilidade no Governo Angolano 🇦🇴🇦🇴🇦🇴 pelo presidente da República @jlprdeangola. Segue 👇🏾👇🏾👇🏾
Adão de Almeida (@AdaodeAlmeidaAO), Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente de República.
Marcy Lopes (@MarcyLopesAO), Ministro da Administração do Território.